AC Prefeitura / Evandro Ananias
Prefeito oficializou mudança iniciada no dia 1º em coletiva; frei Bento apresentou resultados de gestão
Em entrevista coletiva na manhã de sexta-feira, 2, a Prefeitura oficializou a transferência da gestão do Pronto-Socorro Municipal “Erasmo Peixoto”. O evento aconteceu um dia depois de a São Bento Saúde, empresa que está gerindo a Santa Casa desde julho, passar a administrar os recursos enviados pela Prefeitura para o funcionamento do ambulatório.
Na sala de reuniões do paço municipal, o prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, detalhou para a imprensa, funcionários municipais e outros convidados como se deu a decisão. Inicialmente, ele descartou prejuízos no atendimento.
Manu disse que as crianças continuarão a receber cuidados de pediatras. Entretanto, citou que não há mais presença desse tipo de especialista no ambulatório.
O atendimento de pediatria fica restrito à retaguarda da Santa Casa (médicos contratados para atender aos pacientes SUS – Sistema Único de Saúde).
Uma das principais críticas a essa medida é o fato de a equipe de pediatria do hospital ter como obrigações recepcionar os bebês nas salas de parto, dar assistência ao berçário e às crianças internadas na pediatria. Dessa forma, não dão atendimento de consulta para as crianças no ambulatório.
No sistema de retaguarda, a criança será avaliada por um pediatra somente quando estiver em estado grave. Ainda assim, depois que o plantonista fizer a solicitação.
Prevista para as 11h, a coletiva começou com meia hora de atraso devido a um acidente automobilístico sofrido pelo frei Eurico Aguiar e Silva (Frei Bento). O religioso é quem comanda a empresa de gestão hospitalar. Ele não teve ferimentos.
Frei Bento compôs a mesa dos trabalhos ao lado da diretora do Departamento de Recursos Humanos, Fabiana Freitas, do vice-prefeito Vicente Aparecido Menezes, Vicentão, e da provedora da Santa Casa, Nanete Walti de Lima.
Antes de oficializar a troca da gestão do PS, o prefeito comunicou a redução da jornada de trabalho para os funcionários do paço municipal. A partir desta segunda-feira, 5, eles trabalharão seis horas por dia, com atendimento ao público das 12h às 18h (reportagem nesta edição).
O novo modelo anunciado pelo Executivo é considerado “de extrema importância”. Conforme o prefeito, a administração planejava transferir a gestão do ambulatório ao hospital desde o início de 2013, por entender que a medida seria necessária para o trabalho de “salvamento da Santa Casa”. O hospital tem dívida de R$ 18 milhões e atrasos no pagamento de fornecedores.
Para o prefeito, a implementação neste mês representou avanço no modelo de gestão compartilhada adotada pelo hospital. Ao comentar sobre a medida, Manu afirmou que o Executivo tem verificado “melhorias com esse sistema”.
“Estamos avançando, e muito. Ainda não atingimos 100% das cirurgias eletivas, do atendimento qualificado e melhorado que queremos dar, mas estamos muito próximos disso. A situação, hoje, está modificada para melhor”.
Descrita como solução alternativa, a transferência da gestão é anunciada com a expectativa de permitir ao hospital a chance de recuperar parte da perda de arrecadação gerada pelo fim do convênio com a Unimed.
Isso porque a Santa Casa terá condições de oferecer o ambulatório como “porta de entrada” para empresas que não dispõem de pronto atendimento.
O plano é fazer com que o hospital consiga repor o déficit mensal de aproximadamente R$ 300 mil. Esse era, até então, o valor repassado pela Unimed à Santa Casa. A proposta está vinculada ao contrato de administração firmado pela São Bento Saúde com a Santa Casa a avalizado pela Prefeitura.
Antes de colocá-la em prática, o prefeito disse que o Executivo realizou um “estudo profundo”. A principal preocupação era evitar o questionamento jurídico, uma vez que o ambulatório, atualmente, é de responsabilidade da Prefeitura.
Outra questão diz respeito aos investimentos feitos pela administração no PS. Desde 2013, o Executivo realiza obras no ambulatório, visando melhoria da infraestrutura, do prédio.
Neste ano, implantou a triagem por cores e a distribuição de pulseiras para definir os atendimentos prioritários e não prioritários. “Enfim, nós refizemos toda a gestão do ambulatório”, declarou o prefeito.
Concluída essa etapa, houve uma análise do serviço, promovida por meio da Secretaria Municipal de Fazenda, Finanças e Planejamento. O prefeito ressaltou que houve sinalização positiva por parte do titular da pasta, Carlos Cesar Pinheiro da Silva. “Nós estamos resguardados, e vamos ir além”, falou.
Na prática, o Executivo continua a custear o ambulatório, com recursos da ordem de R$ 650 mil por mês, para manutenção e pagamento de funcionários. A Frei Bento Saúde faz a gestão dos médicos e administra o dinheiro.
O novo modelo é apontado pelo prefeito como ideal para “atender toda a demanda médica”. A razão seria que os profissionais da Santa Casa darão retaguarda para os pacientes que derem entrada no pronto-socorro em urgência.
Além dos plantonistas, os pacientes poderão ser atendidos por ortopedistas, neurologistas e demais especialistas. Além da retaguarda, a Santa Casa estuda oferecer atendimento de convênio, por meio do Grupo Life Empresarial Saúde.
O plano de intenção de investimentos foi apresentado a representantes de cinco empresas do município, também na sexta-feira. O evento aconteceu na sede do Sindmetal (Sindicato dos Metalúrgicos de Tatuí e Região), a pedido de Ronaldo José da Mota.
