Crise nacional aquece procura pelo bazar do Lar São Vicente de Paulo





Gleicy Ellen de Almeida Domingos da Silva

Vendas incluem bazar e brechó com peças e preços populares; renda é revertida para instituição local

 

Enquanto a crise econômica afeta o movimento nos comércios e nas indústrias, por outro lado, tem ampliado a circulação de pessoas em bazares e brechós. Isso é o que afirma Célia Holtz, responsável pelo Bazar do Lar São Vicente de Paulo, que abre somente às quintas-feiras, das 13h30 às 17h.

“Quando cheguei aqui hoje (23 de julho), uns dez minutos antes de abrir, havia uma fila grande para entrar no bazar. Eu percebi, um aumento de pessoas, acredito que por causa do momento econômico”, pontua.

Elisabete Roseiro, uma das integrantes da equipe voluntária do bazar, conta que também notou a expansão do público no estabelecimento.

“Realmente, quando chegamos hoje, tinha uma fila enorme. Não sei falar se isso (a crise) teve alguma influência ou não, porque aqui, sempre, foi muito cheio de gente. Mas, claro que vemos um aumento. Há muita coisa bacana aqui que dá para comprar e não é tão caro como lá fora, isso pesa mais”, conta.

De acordo com a coordenadora, é no quesito doação que a crise tem prejudicado. “Tivemos uma entressafra de umas três semanas, que ficamos quase sem receber nada. O que acontece é que, como não está havendo um movimento maior agora no comércio, as pessoas estão comprando menos e, consequentemente, doando menos”, lamenta Célia.

Livros, CDs, DVDs, casacos e sapatos são algumas das variedades disponíveis no local, que oferece, também, utensílios para cozinha, eletrodomésticos, brinquedos e até móveis.

Todos os produtos disponíveis no bazar são doados pela população e vendidos a baixo preço. Os valores variam dependendo do estado em que se encontram as peças, indo de R$ 0,50 até R$ 80, por exemplo.

Elisabete conta que todas as peças têm boa saída, e, no momento, as mais vendidas são os itens de inverno, como casacos, blazers e botas. A voluntária disse que calças, tanto masculinas quanto femininas, blusas e tênis são sempre procurados, independentemente da época.

Conforme a organização do bazar, de cem a 120 pessoas circulam semanalmente pelo local. Para atender à demanda, uma equipe com mais de 18 voluntárias trabalha na seleção das peças em condições para a venda, mais conhecidas como “bazarentas”, apelido dado pela coordenadora do bazar.

“Antes, elas eram chamadas de bazareiras, mas eu brinquei com elas, e o pessoal da rádio popularizou ainda mais o nome. Umas concordam; outras, não. Mas, agora, já pegou. Tínhamos até um quadrinho aqui com o título”, brinca Célia.

Rosângela de Fátima Oliveira, dona de casa, diz-se cliente assídua do estabelecimento. Para ela, a ida ao bazar às quintas-feiras tornou-se hábito.

“Às vezes, você encontra coisas diferentes, aí você gosta e leva. Desde quando começou, toda a semana eu venho, e pegamos uma amizade tão grande que, quando eu não venho, faz falta”, contou Rosângela.

Para a dona de casa, a procura pelo brechó se dá pela variedade de produtos e preços acessíveis. Porém, ela ressalta a importância das doações.

“O pessoal recebe bastante ajuda, mas vale frisar que quem estiver doando contribui tanto para as pessoas que compram quanto para a instituição. Por isso, é importante doar e ajudar o próximo”.

Os interessados em fazer doações podem levar os produtos diretamente no local, sediado à rua Professor Francisco Pereira de Almeida, 451.

Em caso de doação de muitos itens ou objetos grandes, como móveis, por exemplo, a equipe fornece transporte para a retirada das mercadorias. É só ligar para o 3251- 4286 e agendar o melhor dia e horário para a coleta.

A ação é a segunda fonte de renda para o Lar, que também é mantido com os salários dos 85 internos, além da tradicional Festa da Caridade.

Célia explica que, antes de os objetos serem disponibilizados à venda, eles passam para checagem no Lar São Vicente, a fim de atenderem, primordialmente, às necessidades dos assistidos da entidade.

“O que servir para os internos, para a cozinha, para a farmácia ou para a horta, já fica lá. Eu, juntamente com a irmã Maria (Maria Santos Silveira, diretora do Lar), fazemos uma triagem. Separadas as peças, ela define o que será destinado para cada pavilhão (masculino ou feminino)”, esclarece.

A coordenadora conta, ainda, que algumas peças também são repassadas a outras associações. De acordo com ela, as instituições interessadas podem registrar suas necessidades junto à equipe do bazar.