Cristiano Mota
Construído pelo Lions, prédio que está sob administração da Santa Casa precisa trocar equipamentos para não perder credenciamento
Depois de ter sido transferido de um ponto para outro por não atender às especificações dos órgãos de saúde estaduais, o Banco de Sangue “Fortunato Minghini” enfrenta nova dificuldade. A unidade, idealizada e fundada pelo Lions Clube, tem equipamentos obsoletos e precisa, urgentemente, trocá-los.
A informação é da provedora da Santa Casa, Nanete Walti de Lima. Conforme ela, o banco não parou em definitivo, mas não coleta mais sangue. “Ele não está fechado, passa por reformulações. Hoje mesmo (tarde de segunda-feira, 6), nós estamos contratando uma nova profissional”, confirmou.
Nanete disse que o hospital precisava repor o quadro de funcionários do serviço. A provedora explicou que alguns dos profissionais que atuavam no banco de sangue se aposentaram, entre eles, uma bioquímica.
Entretanto, as modificações necessárias para a retomada das coletas vão além de preencher cargos. “As adequações também estão relacionadas aos nossos equipamentos”, adicionou o diretor financeiro da Santa Casa, João Prior.
Conforme ele, os aparelhos do banco de sangue não apresentam mais condições de serem calibrados. “Eles são muito antigos, e precisa haver uma troca”, argumentou.
Como solução paliativa, a provedora informou que a Santa Casa realizou um “acerto” com o Banco de Sangue de Botucatu. Pelo acordo, a equipe botucatuense oferece cobertura ao município (fornecendo sangue) e coletando em Tatuí.
Em paralelo, uma equipe que trabalha na unidade de Tatuí vai até Botucatu para receber treinamento. “As nossas meninas estão indo lá para concluir um curso”, disse Nanete.
Pelos cálculos da provedora, a readequação do espaço vai exigir investimento da ordem de R$ 35 mil a R$ 60 mil. “Ocorre que o hospital não tem esse valor para aplicar. Estamos em situação muito difícil”, argumentou Nanete.
Como alternativa, a provedora informou que a diretoria está buscando obter o recurso por outros canais. Nanete disse que o vice-provedor, Máximo Machado Lourenço, está pleiteando o valor junto ao deputado José Afonso Lobato (PV).
“Ele fez um levantamento do valor e enviou um ofício ao deputado estadual. Ele ligou, conversou sobre o banco de sangue, explicou a situação e o deputado pediu para que enviasse o documento”, contou.
A diretoria deve encaminhar o documento ainda nesta semana porque tem urgência em resolver a questão. O motivo é o prazo que o banco de Botucatu deu para que a Santa Casa providencie a regularização da unidade.
“Nós temos um tempo para fazer a adequação. Não podemos ficar a vida inteira esperando”, disse a provedora. Conforme ela, Botucatu estabeleceu que a troca dos equipamentos, a reposição dos profissionais e o treinamento deles acontecessem em até 60 dias, após a interrupção da coleta, prazo que expirou neste mês.
A unidade local deixou de coletar sangue em maio. Entretanto, consegue continuar funcionando por causa do acordo de colaboração efetuado com Botucatu.
“Eles tinham nos dado esse tempo como uma garantia de que poderíamos manter o credenciamento. Só que vieram para cá, olharam o banco, ficaram de nos fazer uma proposta, mas que até agora não chegou”, comentou a provedora.
No momento, o banco de sangue funciona como uma “agência transfusional”, servindo apenas para armazenar sangue e seus derivados (plaquetas, plasma e granulócitos). Como não pode coletar o material, a unidade apenas recebe sangue de Botucatu, usado para transfusões em Tatuí.
“Nós perdemos essa qualificação de banco por falta de capacidade de coletar, embora Tatuí tenha uma cultura de doador de sangue muito boa”, disse Prior.
Tirando proveito disso, a Santa Casa mantém o acordo com Botucatu, que coleta sangue “O negativo” dos doadores tatuianos. O material é enviado para uso em Botucatu. Em troca, a unidade recebe sangue para uso nos pacientes locais. “Com isso, nós conseguimos prorrogar o nosso prazo de adequação”, disse Prior.
A próxima coleta a ser realizada pela equipe botucatuense acontecerá no dia 30, última quinta-feira do mês. De antemão, a provedora conseguiu estender o prazo até a data, mas disse que quer resolver a questão “o mais breve possível”.
“Além de contratarmos uma bioquímica, do curso para as meninas, temos que adequar a parte material, e essa é a mais difícil. Mas, vamos conseguir”, falou Nanete.
Entre os equipamentos exigidos para que o banco de sangue possa voltar a coletar, estão uma espécie de “agitador”, para evitar que o sangue não coagule, e uma seladora utilizada para fechar a bolsa, evitando, com isso, a contaminação.
“Eles são básicos, os que nós temos não têm mais como ser calibrados”, disse Prior. Conforme ele, as máquinas do “Fortunato Minghini” apresentam problemas na volumetria. “Uma hora, dão bolsa com muito volume; outra, com um volume inadequado, porque perdeu qualidade”, comentou.
Entregue à Santa Casa em 2 de setembro de 1956, o banco de sangue foi fundado em 1955, pelo primeiro presidente do Lions de Tatuí, Fortunato Minghini.
No ano de 2003, o clube de serviços decidiu construir um novo prédio para a unidade. O anterior tinha entrada e saída pela rua Capitão Lisboa, sendo substituído pelo atual, mais moderno, na rua Cônego Demétrio, sem número.
Com colaboração da população, da Prefeitura, verbas da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo e subsídios doados pela LCIF (Fundação Internacional dos Lions Clube), o novo espaço foi construído. Na época da inauguração, a entidade realizou a entrega do imóvel “totalmente equipado”.
Em 2005, o clube repassou as responsabilidades pelo custo operacional e manutenção para a Santa Casa. Entretanto, continuou colaborando com a unidade.