
Cristiano Mota
Da Reportagem
Desde que foi criado, em 1995, o Concurso Artístico e Literário de Natal, do jornal O Progresso de Tatuí, é encerrado com a premiação dos vencedores nas categorias de desenho e redação.
A ação, que acontece tradicionalmente na “casa” dos patrocinadores, é marcada pela presença de familiares, professores e, a depender da ocasião, até de diretores das unidades de ensino.
Neste ano, a cerimônia extrapolou a simples entrega de prêmios. Tornou-se um momento de revelações, com direito a surpresas, testemunhos de fé e dedicação, além da celebração do talento.
Durante a entrega dos certificados e do valor de R$ 400 a cada um dos selecionados pelo júri da edição especial dos 30 anos do concurso, meninos e meninas – todos de escolas públicas – e seus parentes compartilharam histórias de vida e superação.
Maria Inês Antunes, mãe da Manuela Pereira Antunes, primeiro lugar em redação no grupo 6º e 7º ano, foi a primeira a dividir um testemunho. Ela revelou que a família já tinha conhecimento de que a menina se destacaria, só não sabia como.
“A Manuela é meu presente, é um presente de Deus. Eu fui mãe dela com 39 anos de idade. Quando ela veio ao mundo, ela mudou a minha vida”, iniciou.
Aos seis anos, Manuela teve um problema de saúde “muito grave”. “Aqui, em Tatuí, eu não consegui descobrir o que ela tinha”, disse a mãe. Maria Inês conta que a menina precisou ser transferida para o Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina de Botucatu.
“Eu quase tive perda da Manuela, mas acredito em Deus. Tenho muita fé, que Deus é bondoso e misericordioso. E quando ela chegou lá, ficou 30 dias em isolamento”, relembrou.
A mãe conta que, à época, a chance de sobrevida da menina era de 2%. A família, então, aproximou-se ainda mais de Deus. “Nós somos evangélicos e, quando fomos a Botucatu, oramos muito. Deus falou, na oração, que tinha uma obra muito linda na mão dela”, afirma.
Com os tratamentos e a fé da família, Manuela – que tem o nome derivado do nome Immanuel, que em hebraico significa “Deus está conosco” – conseguiu se recuperar.
Na época, Maria Inês diz que um “irmão” de Igreja contou a ela que Deus havia revelado que a menina seria abençoada com um milagre, que se manifestaria por meio das mãos da pequena.
“Hoje, com a premiação, Deus está confirmando essa obra, porque já são duas redações que ela ganha: ano passado, ganhou uma; e neste ano, está ganhando outra. Então, só tenho a agradecer à minha filha, meu orgulho, meu tudo na vida”, disse a mãe, emocionada.
Maria Inês também lembra dos professores e dos responsáveis pelas escolas, pois, sem eles, Manuela não teria participado. “Atrás dela, teve alguém incentivando, dando todo o suporte”, citou.
A menina é aluna do 7º ano do PEI (Programa de Ensino Integral) da Escola Estadual “Professor Fernando Guedes de Moraes”. Manuela venceu com um texto que trata sobre o Natal em família. A estudante é considerada veterana em concursos, especialmente os de redação. Já participou de dois e, em 2024, chegou a viajar para Itapetininga, onde recebeu uma medalha.
“Gosto muito de escrever, também, de ler. Eu não esperava ganhar, mas queria. E ganhar é muito emocionante, sem falar que ficamos muito ansiosos também”, contou a estudante.
Para a professora de língua portuguesa Maria Caroline Paula, a vitória de Manuela já era esperada, dada a dedicação da aluna e o cuidado que os professores demonstram. “Já é o terceiro ou quarto anos consecutivos que nossos alunos estão vencendo o concurso de O Progresso”, acentuou.
Segundo ela, a iniciativa do jornal potencializa as ações desenvolvidas pelos professores em sala de aula. Maria Carolina conta que os alunos são sempre motivados a escrever e a desenhar.
“Nós já trabalhamos com isso no nosso dia a dia, no cotidiano, mas, quando recebemos o convite para participar, fazemos com grande carinho, com grande dedicação, e passamos isso também para os nossos alunos, que compram com a gente essa ideia”, explicou.
De acordo com a professora, o concurso artístico e literário é considerado um motivador. Os alunos ficam felizes e passam a dedicar-se com muito afinco, já que, em todos os anos, é definido um recorte específico do Natal, ligando-o a Tatuí, mirando a vitória.
“Tudo isso faz com que nossa escola ganhe sempre. É o resultado de uma soma, tanto da dedicação dos nossos alunos, que são a nossa principal razão, como dos professores que estão por trás, fazendo cada um a sua parte, sempre dedicados ao aprimoramento do ensino”, complementa.
Embora o concurso ainda não ofereça premiação em dinheiro aos professores, Maria Caroline diz que a vitória dos alunos representa, por si só, o reconhecimento do trabalho dos docentes.
“Nós, professores, ficamos muito orgulhosos, até porque, hoje em dia, é muito difícil manter o aluno motivado, e o concurso faz com que ele queira fazer a parte dele, se dedicar. Para nós e para a escola, é um privilégio tê-los como alunos”, citou.
Esse mesmo sentimento é compartilhado pelos patrocinadores. Patrícia Estanagel, coordenadora pedagógica do ensino fundamental 1 da unidade Tatuí do Colégio Objetivo, argumenta que estar entre os parceiros da iniciativa é motivo de satisfação. Segundo ela, o concurso realizado pelo jornal tem uma importância cultural muito grande para a cidade.
“Projetos como esse, do jornal, desenvolvem o interesse pela escrita, pela leitura, pela arte. E os jovens têm um potencial imenso, escondidos em cada lugarzinho. Então, buscar esses jovens e trazer a ideia deles para todo mundo poder apreciar é muito gratificante”, avalia.
Reconhecer novos talentos é uma das filosofias colocadas em prática pelo Objetivo, parceiro da iniciativa desde o início. O colégio trabalha com a educação infantil desde o maternal até o ensino médio.
“Atuamos em todos os segmentos e incentivamos todos eles à formação das nossas crianças, não só acadêmica, muito bem estruturada com o projeto pedagógico desenvolvido pela rede, como também nas áreas diversificadas”, resume a coordenadora.
Para estimular a criatividade, a partir do conhecimento, a unidade conta com o Planetário, anfiteatro e ambientes externos amplos, nos quais as crianças podem se desenvolver. O cuidado estende-se aos adolescentes, no ensino médio, preparados para as universidades.
Embora a vida acadêmica ainda esteja longe de seus planos, Luiz Guilherme Souza Ribeiro, de 13 anos, sabe bem o que quer. Vencedor na categoria redação entre alunos do 8º e 9º ano, ele também recebeu o prêmio das mãos de Patrícia. O adolescente, adjetivado pela mãe como “dedicado e exemplo para os irmãos mais novos”, quer ser programador.
Aluno da escola do Nebam (Núcleo de Educação Básico Municipal) “Ayrton Senna da Silva”, o jovem diz que o concurso possibilitou novos aprendizados. Para escrever o texto vencedor, por exemplo, Luiz Guilherme levou duas semanas e precisou consultar o dicionário várias vezes.
“Como o meu texto era um poema, tinha de rimar. Daí, eu ia buscar, no dicionário, palavras que combinassem”, explicou. Para “arredondar” ainda mais o texto, ele contou com a ajuda da professora Roseli Mariano. “Ela me ajudou a corrigir alguns erros de escrita”, afirma.
No trabalho, o aluno do 8º ano do ensino fundamental apresenta, na forma de prosa, suas impressões sobre o Natal. “Nasci em Tatuí e queria trazer como é o Natal na cidade, o que eu sinto e como eu passo esse período do ano com a minha família”, explicou.
Entre as atividades em sala de aula e as pesquisas em casa, a escrita demorou duas semanas. “Precisei desse tempo, porque pensava muito no que eu queria escrever”, revelou.
A premiação do jornal é a segunda conquistada pelo estudante. Em anos anteriores, Luiz Guilherme venceu outro certame, de desenho, promovido por um clube de serviços da cidade. “Sempre gostei de participar de eventos que desafiassem a criatividade”, comentou.
Conforme a mãe, Jucemara Silva Souza, a vontade de participar de atividades artísticas e culturais é uma vocação natural do adolescente. “Eu nem preciso incentivar, ele faz isso espontaneamente. Tem uma vontade genuína e uma vocação para a tecnologia”, enfatiza ela.
Mais velho de quatro irmãos, Luiz Guilherme gosta de ler e escrever. “Ele é um sonho de toda mãe. É maravilhoso, educado, está sempre indo certinho na escola, tem um comportamento exemplar. Sou uma mãe muito orgulhosa dele, de verdade”, diz Jucemara.
Com disciplina similar, Beatriz Caroline Nonato da Silva, vencedora da categoria desenho no grupo que soma trabalhos de estudantes do 7º, 8º e 9º anos do ensino fundamental, também desponta com vocação para além das expressões premiadas pelo concurso. Ela quer ser musicista.
Aluna do Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”, de Tatuí, a adolescente divide as tarefas da escola com o aprendizado do acordeão. Junto a isso, ainda encontrou tempo – e inspiração – para concorrer pela segunda vez no certame do jornal O Progresso.
“No fundo, eu esperava ganhar. Até tinha comentado que achava que ia ganhar, porque o trabalho estava bem-feito. Minha professora (Arlita de Fátima Franco Siqueira), quando viu, também falou que eu tinha chances”, conta ela.
A explicação para tanta certeza é que a jovem fez uso, para produzir o desenho vencedor, do pontilhismo. Essa é uma técnica na qual as imagens são definidas por pequenas manchas ou pontos.
No caso de Beatriz, que estuda na Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) “Professora Eunice Pereira de Camargo”, o desenho retrata o “Pinheirão”, da praça Martinho Guedes (Praça da Santa), decorado.
“Ele foi minha inspiração, porque é a maior atração de Tatuí no Natal. Além disso, as pessoas vão para lá, tirar foto, vê-lo aceso, apreciar as luzes, a estrela e os enfeites”, detalha.
Depois de vencer o concurso, Beatriz tornou-se referência dentro e fora da sala de aula. Na escola, foi parabenizada pelos colegas, que perguntaram como foi a experiência; em casa, passou a incentivar os irmãos, como contam a mãe, Maria Consuelo, e a avó, Cleusa Maria Coelho da Silva.
“Ela é uma ótima filha, exemplar, adora artes. E nós a estimulamos a desenhar, escrever e tocar”, dizem. Para a mãe, o concurso vai além do certificado e prêmio.
Maria Consuelo explica que, quando participa, a criança, de um modo geral, não pensa em ganhar, mas, sim, em fazer o melhor. “Então, é um incentivo para que, ao escrever ou pintar, aprenda e desenvolva novas habilidades”, observa.
Primeira neta de Cleusa, Beatriz manifestou interesse pelas artes aos cinco anos de idade. Aos 12, a menina alcançou, conforme a avó, uma de suas primeiras metas: ter o talento reconhecido.
“Ela é um orgulho para todos. Fiz questão de largar tudo e acompanhar a premiação”, contou.
A família mora no Rio das Pedras e deslocou-se por mais de oito quilômetros para vê-la receber o certificado, entregue em mãos pelo gerente-geral do Hotel Del Fiol, Fábio Rogério Vieira.
Há 42 anos no empreendimento, Vieira representa um dos parceiros mais longevos do concurso. O hotel, que completará 90 anos em 2026, é reconhecidamente palco de inúmeras conquistas tatuianas e um dos espaços que mais incentivam a cultura e os talentos do município.
“Sou um estudioso das tradições bíblicas e da história do mundo. E noto que todos os povos que, de certa forma, constroem sua vida sobre os pilares da história, da cultura e das tradições tendem a permanecer”, argumenta.
“Sofrem as variações do tempo, da economia, de todas as intempéries da vida, mas, quando se estruturam a partir desse tripé, se perpetuam”, acrescenta.
Por essa razão, conforme Veira, o Hotel Del Fiol faz questão de patrocinar a iniciativa há várias décadas. “Quando apoiamos o concurso, estamos ajudando essas crianças, esses adolescentes, a despertarem para um mundo novo, porque, para eles, isso é uma novidade”, acentua.
Vieira mencionou, ainda, que o valor entregue aos vencedores é simbólico, uma vez que tem o papel de despertar neles o interesse pelo futuro e não satisfazer um desejo material. Cada aluno recebe, além do diploma, um prêmio em dinheiro patrocinado por empresários da cidade.
“Nós (quando entregamos o prêmio) estamos plantando uma semente em cada criança, que elas e suas famílias vão colher lá no futuro, apenas porque alguém soube valorizá-las”, pontuou.
Lupércio de Almeida Neto, CEO (diretor executivo) do Grupo Comendador, está no mesmo time que Vieira. O empresário patrocinou e entregou, em 2025, o prêmio ao pequeno Davi Marques Santos, de oito anos.
Vencedor em redação entre o 1º, 2º e 3º ano, o menino é aluno do 3º ano da Emef “Professor Paulinho Ribeiro” e recebeu orientações da professora Karime Vieira S. Ventura.
“A Rede Comendador, presente em vários comércios aqui na cidade, procura ajudar sempre, por meio de patrocínios como esse, a incentivar as crianças a continuarem os estudos”, iniciou Neto.
Conforme ele, o objetivo é valorizar as iniciativas e auxiliar os estudantes a evoluírem nos estudos. “Tudo isso faz parte do nosso legado, e, por isso, fazemos questão de ajudar”, frisou.
Neto observa que o período de fim de ano, mais próximo ao Natal e escolhido para a premiação, representa um momento único e, portanto, especial.
“Para nós, que seguimos uma religião, o Natal é o início de um novo tempo, o nascimento de Jesus Cristo, e um momento em que estamos finalizando ciclos. É sempre um período muito bom, muito agradável”.
Estabelecida no estado de São Paulo, a Rede Comendador tem negócios também no Mato Grosso do Sul. Ao todo, o grupo conta com 36 unidades de postos, atuando, ainda, na venda de veículos (novos e seminovos), concessão de créditos e locação de imóveis. Foi no escritório central da unidade de Tatuí que Davi recebeu o prêmio, junto com o certificado.
O pai, Anderson de Moraes Santos, e a mãe, Ester Marques Santos, não sabiam da participação e ficaram surpresos. “Ele não contou nada. Para nós, foi uma alegria. Ele é um menino inteligente, muito esforçado, bagunceiro, como qualquer outra criança, mas muito dedicado”, disseram.
Os pais contam que priorizam os estudos na educação dos filhos e que, ao contrário do que ocorre costumeiramente, não disponibilizam acesso fácil a celulares e redes sociais.
“Acho que isso é um diferencial que, com a graça de Deus, nós conseguimos desenvolver neles: uma cultura de priorizar os estudos e até mesmo a prática das artes”, contam. Davi, assim como a jovem Beatriz, estuda música no Conservatório. O menino aprende violino.
Já no caso de Carina Miranda, a vitória de Sophia Soares Miranda, de sete anos, não surpreendeu. A mãe conta que a menina coleciona troféus. “Ela sempre foi muito criativa, sempre gostou de desenhar e ganha todos os prêmios da escola”, celebra.
Sophia é aluna da professora Lindaura Lourenço dos Santos e estuda na Emef “Professora Lígia Vieira de Camargo Del Fiol”, recebendo o prêmio de primeira colocada na categoria desenho no grupo 1º e 2º ano.
Desde muito pequena, conforme a mãe, a menina já manifestava interesse pelas artes. Como gosta de desenhar, Sophia tem o costume de ficar horas na frente de uma mesa, com papel e canetas de cor.
“Nós não conseguimos acompanhar tanto, e, por isso, não vi o desenho que ela fez. Mas ficamos muito contentes, e ela também está muito feliz”, comentou.
Em razão do prêmio, a mãe diz que vai matricular a filha em um curso de artes plásticas. “Nós vemos o desempenho dela e decidimos investir no futuro. Ainda mais porque, hoje, tivemos um ‘feedback’ muito positivo de um dos jurados, que acabou comentando como foi o processo de seleção. Ouvindo-o, agora ficou mais que decidido”, disse Carina.
O jurado é o artista plástico e arquiteto Rafael Sangrador. O profissional, que está baseado há 29 anos em Tatuí, fez questão de acompanhar a entrega do prêmio, em razão da “capacidade criativa e a habilidade de desenho” demonstradas pela aluna vencedora.
Sangrador diz ter sido fundamental que Sophia tenha focado no Natal em Tatuí e não em elementos comuns às crianças nesta época de ano, como o Papai Noel e a neve, por exemplo.
“Por qual razão? Porque não existe neve em Tatuí. Essas coisas foram criadas pelo comércio. Ela teve muita sensibilidade em focar o desenho em Tatuí, com cores muito bem usadas e proporções muito bem incluídas. É claro que há influências do Papai Noel, surgem vitrines enfeitadas e algo do tipo, mas ela demonstrou capacidade e talento”, enfatizou.
Outro diferencial, segundo o jurado, é o fato de que Sophia “retratou um passeio por Tatuí”. Embora tenha desenhado o Pinheirão, a menina trouxe elementos que só poderiam ter sido incluídos por quem “andou pela cidade”. “Ela fez essa parte da caminhada”, citou.
Para o artista, o desenho, assim como a escrita, precisa ser valorizado e compreendido como “um uso correto de linhas”. “Desenho é linguagem, uma forma de se comunicar. E desenho é linha. Quando se entende isso, o desenho e a escrita se tornam mais fáceis”, defende.
Como incentivo para que Sophia siga nas artes, Sangrador entregou a ela um kit de desenhos. A menina também recebeu prêmio em dinheiro das mãos do empresário Aristides Ferreira Filho.
O proprietário da Palácio dos Sorvetes é parceiro do jornal há 25 anos. “Em cada ano, nossa alegria se renova. Todo ano é como se fosse a primeira vez”, comentou.
Mesma sensação teve a auxiliar administrativa Paloma Souza, que representou, pela primeira vez, o Grupo Moreno na entrega de prêmio, a Pedro Henrique de Oliveira Martins, de dez anos.
“Esse projeto é muito importante e mais uma iniciativa que o grupo, Lucemi e Pets Memory, auxiliam na cidade para incentivar a cultura e revelar novos talentos”, declarou.
A avó do menino, Vanilza Lucas Costa Oliveira, também destacou o papel do concurso. Para ela, o evento representa uma oportunidade de valorizar as crianças que se dedicam aos estudos.
Vanilza conta que Pedro Henrique, além de ser um menino muito inteligente, é muito dedicado a tudo o que faz. E acrescenta que o concurso permite, aos vencedores e a quem vier a disputá-lo, novas oportunidades de expressão do pensamento e manifestação cultural.
“Fiquei surpreso quando soube que ganhei. Até tinha esquecido do concurso. Fiz desenho e fiz uma redação, então, não sabia qual tinha ganhado”, disse o menino.
Pedro Henrique venceu na categoria redação pelo grupo do 4º e 5º ano. Aluno do 4º ano do ensino fundamental da Emef “João Florêncio”, ele recebeu orientação para escrever o texto da professora Talita Floriano.
“Quando meu pai mandou uma mensagem falando que ganhei, eu fiquei muito feliz, e surpreso, porque pensei: ‘Ah, eu não ia ganhar, não tem chance, né?’”, emendou. O estudante disse que não se lembrava do concurso, porque havia participado de várias competições.
Pedro Henrique escreveu versos focando no nascimento de Jesus Cristo. A redação foi uma das poucas que mencionaram o sentido do Natal, voltado à solidariedade e sentimento de paz.
“Vou guardar esse dia (da premiação) para sempre na memória. Vou contar para os meus filhos, netos, parentes, todo mundo. Estou muito agradecido de ter ganhado”, comemorou.
Yasmin Vitória Domingues, de dez anos, também ficou radiante por ter vencido. A estudante teve o desenho escolhido em primeiro lugar entre os alunos do 3º e 4º ano do ensino fundamental.
“Com a premiação, meu Natal vai ser muito mais legal”, resumiu a menina. Aluna da Emef “João Florêncio”, Yasmin realizou o trabalho orientado pela professora Cibele.
A mãe dela, Priscila Maria Marins, disse ter sido pega de “supetão”, com a notícia da vitória. “Ela é muito educada, gosta de fazer artes. Quando nós recebemos a notícia, de primeira, eu assustei. Perguntei a ela sobre o que era, mas ela não se lembrou. Depois, quando se recordou do que se tratava, ela ficou feliz da vida. Todo mundo ficou muito contente”, contou.
Yasmin retratou o Natal com elementos que remetem à família. Apesar de os pais estarem separados, a menina sempre se aproxima deles. “Nesses momentos, nós nos unimos sempre. Nosso Natal é sempre especial, e, agora, mais ainda, poque ela venceu”, comentou a mãe.
É esse sentimento, de proximidade, solidariedade e bênçãos, que o concurso desperta nas pessoas, conforme o empresário Paulo Sérgio de Almeida Martins, proprietário da loja Paulinho Motos. O estabelecimento, fundado em 2010, patrocinou o prêmio entregue a Yasmin.
“Acho muito importante falarmos do sentido do Natal e podermos, também, abençoar uma criança. Na verdade, O Progresso abençoa várias crianças, através de várias empresas, e nós fizemos questão de estar juntos porque sabemos que é um concurso sério”, avaliou.
O rigor na promoção do certame, além da capacidade de revelar novos talentos, também foi citado como diferencial para que a Farmácia Avallone integrasse o grupo de patrocinadores.
“Nós nos unimos ao jornal para incentivar as crianças para que, cada vez mais, elas possam se expressar através de uma redação, de um desenho, porque isso vale a pena”, argumentou o farmacêutico e responsável pelo empreendimento, Afonso Henrique Avallone.
Formado em 2003, o profissional implantou, em 2005, um laboratório de manipulação e passou, daí em diante, a comandar os negócios da família.
“A farmácia existe há mais de cem anos. Vem passando de geração em geração. Tem muita tradição na cidade, e nós vamos contribuir sempre com ações que estimulem a expressividade, a cultura e a tradição”, sustentou.
Segundo o empresário, um diferencial do concurso é que ele, ao estimular atividades de grafomotricidade e coordenação motora fina, faz com que as crianças saiam do “mundo virtual”. Com isso, passam a compreender melhor o mundo e ganham “coragem de se expressar”.
“Acho muito legal que as crianças tenham disposição de escrever, desenhar, sem medo de errar. E, mesmo que errem, é muito importante porque elas evoluirão. Sem falar que, se hoje escrevem um texto, talvez mais simples por conta da idade, mais lá na frente, quem sabe, elas poderão se tornar jornalistas, ou alguém que viverá muito melhor neste mundo”, declarou.
De certo modo, esse é o caso de João Miguel Pereira Bessa, aluno do 6º ano do ensino fundamental, que venceu na categoria desenho entre estudantes do 5º e 6º ano.
Frequentador da Emef “Professora Maria Helena Machado”, João Miguel produziu o trabalho orientado pela professora Mariana Leme Domingos. Na premiação, o adolescente esteve representado pela prima de segundo grau Yasmin Caroline Santos e pela avó Dina de Souza Leal.
“Ele é meu companheiro de estudos. Às vezes, me ajuda em algumas coisas, algumas tarefas, principalmente em desenho. Eu também participei do concurso, mas não ganhei. Estar aqui e representá-lo, para mim, é como se também tivesse ganhado”, falou Yasmin.
O jovem não conseguiu participar da entrega por estar em viagem. João Miguel mora com a avó desde os três anos de idade. A mãe vive em Bauru, onde o adolescente está passando férias. Como retorna somente em janeiro, a organização resolveu proceder a premiação aos familiares.
Para vencer, segundo a avó, o garoto “virou duas noites seguidas”, sem descansar. “Ele passou duas noites em claro, desenhando. E, no último dia, foi para a escola, porque queria fazer esse desenho. Ele colocou a alma dele nesse trabalho e, merecidamente, ganhou”, revela.
A avó recebeu, ainda, pelo neto, o certificado. O documento foi entregue a todos os vencedores pela coordenadora do concurso, a gerente comercial do jornal, Livia Amara Rodrigues de Oliveira, entre os dias 4 e 19 de dezembro.
Neste ano, o concurso recebeu patrocínios do Colégio Objetivo, Hotel Del Fiol, Palácio dos Sorvetes, Rede Comendador, Farmácia Avallone, Grupo Moreno, Lucemi e Pets Memory e Paulinho Motos.
Ainda, pela primeira vez, o jornal O Progresso firmou parceria, para a divulgação do concurso, com a prefeitura, por meio das secretarias da Educação e a do Esporte, Cultura, Turismo e Lazer.
“Completamos três décadas desse concurso agora em 2025. Hoje, é possível afirmar que, senão agora, logo, algumas crianças já terão até alguns avós que participaram do certame. Isso é muito tocante”, comenta Ivan Camargo, editor de O Progresso de Tatuí e criador do concurso.
“Mas até, para mim, causa uma sensação muito motivadora e reconfortante, de estar deixando um legado positivo na cidade”, conclui o jornalista.









