
A assinatura do termo que autoriza o início das obras dos novos acessos a Tatuí, na SP127, ocorrido neste dia 4, quinta-feira, representa um real marco para o município: simboliza um pouco comum alinhamento entre necessidades históricas, vontade política e empenho técnico.
Em um país onde intervenções estruturantes habitualmente se arrastam por décadas, o fato de um projeto aguardado por mais de 30 anos finalmente sair do papel merece ser observado com atenção — e, sobretudo, valorizado pelos impactos positivos que tende a produzir.
A remodelação dos trevos nos quilômetros 110, 113 e 115 da SP-127 não é apenas um empreendimento de mobilidade. Trata-se de uma intervenção que reorganiza fluxos, corrige gargalos antigos e projeta a cidade para um patamar superior de integração regional.
A iniciativa ganha ainda mais relevo porque não impõe custos diretos ao município, sendo inteiramente financiada pela concessionária responsável pela via, mediante extensão do prazo de concessão.
Esse tipo de solução, quando bem fiscalizado e acompanhado, representa um uso inteligente das ferramentas de parceria entre setor público e privado.
É compreensível que parte da população receba anúncios de obras com reservas, após sucessivas promessas e adiamentos que fazem parte do imaginário nacional quando o assunto é política, mas, no caso dos novos acessos, há um conjunto de fatores que sustenta uma expectativa positiva realista.
Entre estas, estão a autorização formal da Artesp, o cronograma definido, o orçamento já estabelecido e a convergência de autoridades estaduais, municipais e técnicas em torno de um mesmo objetivo. Não se trata, portanto, de um anúncio em tese, mas de uma ação respaldada por instrumentos concretos.
Os benefícios esperados também são palpáveis. Melhorias na fluidez e segurança viária tendem a impactar diretamente o cotidiano de moradores que dependem dos deslocamentos diários entre bairros e regiões vizinhas.
A reorganização dos trevos deve reduzir acidentes, agilizar trajetos e facilitar o acesso a serviços essenciais. Mas há um ganho “silencioso”, talvez menos percebido à primeira vista: a ampliação da capacidade de escoamento da produção, elemento essencial para que Tatuí continue atraindo empresas e consolidando seu papel de relevância na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS).
Em termos econômicos, obras desse porte frequentemente funcionam como catalisadores. A simples perspectiva de intervenção já vinha estimulando movimentações no entorno do anel viário, como apontam autoridades municipais.
Com a confirmação definitiva, é razoável projetar um novo ciclo de investimentos, geração de empregos e valorização urbana. Não é exagero dizer que, para uma cidade com vocação para crescer de modo sustentável, a infraestrutura adequada funciona como alicerce — e, em certos momentos, como gatilho.
Outro aspecto que merece ser registrado é a persistência administrativa. Mesmo que um editorial não tenha o papel de elogiar indivíduos, é justo reconhecer a importância de gestões que se dedicam a negociar, insistir e apresentar dados capazes de sensibilizar instâncias superiores.
Essa articulação, relatada no processo, demonstra que resultados complexos raramente decorrem de um único fator: são fruto de alinhamento técnico, político e institucional.
Ainda assim, é necessário temperar o entusiasmo com responsabilidade. Obras viárias dessa escala exigem fiscalização rigorosa, comunicação clara com a população, mitigação de transtornos temporários e respeito absoluto ao cronograma. Também demandam planejamento de longo prazo: novos acessos resolvem problemas existentes, mas devem estar integrados a políticas mais amplas de mobilidade, ordenamento territorial e desenvolvimento regional. A infraestrutura, por si só, não garante prosperidade; ela apenas abre caminho para que a cidade a alcance.
Porém, dentro desse equilíbrio necessário, é legítimo reconhecer o caráter histórico do momento. Poucas cidades conseguem, em um mesmo pacote, resolver antigas deficiências logísticas, qualificar sua malha urbana e projetar-se para as próximas décadas. Tatuí, formalizando esses novos trevos, aproxima-se dessa rara condição.
A obra não é apenas grande em porte financeiro: é grande em significado., pois permite vislumbrar uma visão de futuro ainda mais próspero.
O município se encontra, portanto, diante de uma oportunidade singular: transformar uma intervenção viária em motor de desenvolvimento amplo, capaz de reverberar na economia, na qualidade de vida e na organização do território.
Cabe agora ao poder público acompanhar de perto, à concessionária executar com rigor e à sociedade participar, fiscalizar e reconhecer os avanços.
Se tudo caminhar como previsto, os novos acessos não serão apenas melhoramentos na SP127: serão símbolos de uma cidade que decidiu enfrentar seus gargalos históricos e, com disciplina e realismo, construir uma nova etapa de sua trajetória.







