Casos clínicos

Aqui, Ali, Acolá

José Ortiz de Camargo Neto *

Pensamento do dia: Na Novilingua, não é mais Desfile de Modas, mas Desfile de Modess.

O que se passa no consultório de um psicanalista? Que problemas as pessoas expõem? Como é feita a terapia pelo diálogo? Para os leitores terem uma ideia, reuni aqui casos clínicos, relatados na obra do psicanalista Norberto Keppe. Só posso dizer que os problemas de todos são em maior ou menor grau, os mesmos que os nossos.

– Sonhei que Sócrates falava sobre minhas atitudes erradas.
– A que associa o que Sócrates dizia no sonho?

– Ele estava me advertindo sobre os perigos que eu corria, agindo como estava.

– E o que o sr. associa Sócrates?

– Sabedoria e equilíbrio.

– Nesse caso, Sócrates era a manifestação de seu aspecto são que apareceu no sonho para levá-lo à sanidade.

Veja o leitor que no sonho aparece a sanidade do ser humano, através de sua consciência menos censurada, para restabelecer o equilíbrio que ele perdeu, durante sua existência patológica – assim como o sono, o sonho é o momento de elucidação do caminho da normalidade.

– Sonhei que estava no inferno em companhia daquelas figuras terríveis que o pintor Brügel colocou em seus quadros.
– O que o sr. sentia?

– Enorme angústia e terror, e como se estivesse paralisado, até que Nossa Senhora apareceu, pôs a mão em minha testa, e saí imediatamente daquele estado.

Veja o leitor a manifestação do que esse cliente havia escolhido, que era uma existência terrível de acordo com os maus espíritos, e de repente seu lado são entrou em contato com Maria Santíssima (a quem ele sempre teve devoção) libertando-o do pesadelo.

– Realizei alguns estudos sobre os sonhos, e notei que existem duas espécies de comportamentos oníricos: um de grande alívio, quando aparecem elementos bons, e outro terrível com os ruins, em forma de pesadelos.
– O sr. pode dar exemplos?

– Uma vez sonhei que estava na infância, na companhia de meus pais, e me sentia muito bem, mas em alguns eu me via no meio de facínoras, sentindo-me mal, com a vida em perigo.

– A que associa o primeiro e o segundo?

– O primeiro, em companhia do bom tratamento dos pais, que eu gostava sobremaneira, e o segundo, rodeado pela maldade humana que não queria ver.

– Note o sr. que seus pais bondosos no sonho eram sua conduta boa consigo mesmo, com a vida, e os bandidos simbolizavam sua atitude ruim, com seus pensamentos, palavras e ações.

Tudo que aparece nos sonhos se trata de um reflexo do que o ser humano esconde em seu interior, e que necessita perceber, para se equilibrar e melhorar a saúde.

(Do livro: “Trilogia Analítica (Ciência, Filosofia e Teologia Trilógicas)”. São Paulo: Proton Editora, 2013, pp. 18 e 19).

Até breve.