Da reportagem
O jovem tatuiano Vinicius Cardoso Theodoro Aires, de 23 anos, nascido e criado em Tatuí, está vivendo uma experiência acadêmica internacional desde o início deste mês.
Depois de ter passado por escolas públicas e pelo Colégio Ideal no município, além de concluir a graduação em engenharia agronômica na Universidade de São Paulo (USP), ele conquistou uma bolsa de estudos integral para cursar mestrado na China Agricultural University, em Pequim, uma das cinco melhores universidades do mundo na área de ciências agrárias.
De acordo com Aires, o principal motivo da escolha pela China foi a “malha ferroviária altamente desenvolvida do país”. Atualmente, o Brasil possui cerca de 30 mil quilômetros de linhas, enquanto a China já ultrapassa 130 mil quilômetros, sendo 45 mil apenas de trens de alta velocidade (200 a 350 km/h).
“O transporte ferroviário emite cerca de 85% menos carbono do que o rodoviário, além de ser mais barato e eficiente. No Brasil, especialmente no setor agropecuário, ainda dependemos muito das rodovias. Quero estudar como a China conseguiu avançar tanto nessa área e tentar trazer esse modelo para a realidade brasileira”, explica.
Aires fez o fundamental um na escola “Eugênio Santos”, o dois no Colégio Ideal e finalizou o ensino médio na Etec “Sales Gomes”. O engenheiro agrônomo relata que sempre teve “muito orgulho de falar que é de Tatuí”.
“Na USP, eu sempre fazia questão de contar aos meus amigos que era de Tatuí. Até hoje, quando veem alguma notícia relacionada à cidade, eles me mandam mensagens lembrando disso”, conta.
A oportunidade de estudar na China surgiu a partir da divulgação feita por alunos da própria USP que já haviam participado do intercâmbio. Hoje, Aires cursa o mestrado em International Development Policy and Governance, que tem como objetivo formar profissionais capazes de impulsionar governos de diferentes países a desenvolver políticas públicas voltadas ao crescimento econômico e social.
“Decidi seguir esse caminho porque acredito que, com boas políticas públicas, o Brasil pode se tornar um país desenvolvido e oferecer uma vida com muito mais qualidade para sua população”, afirma.
O programa é totalmente custeado pelo governo chinês, que fornece a ele não apenas a bolsa de estudos, mas a moradia no campus universitário. O programa dura dois anos.
“A cidade é maravilhosa, extremamente limpa, com transporte público eficiente e totalmente digitalizada. Hoje, saio de casa apenas com meu celular, não preciso levar mais nada”, relata.
A oportunidade foi facilitada pela parceria entre a USP e a universidade chinesa. Antes de ingressar no mestrado, Vinícius já havia participado de um curso de verão na China, em 2024, para estudar mandarim.
O certificado da língua, somado a um pré-projeto consistente, cartas de recomendação e currículo acadêmico, foram determinantes para a aprovação dele.
