Elenco avalia temporada e comenta sobre apresentação final de peça em Tatuí

Ator de “Até que a Morte nos Enlace” lembra começo de carreira no município

Ernando Tiago, Marta Volpiani, Vanessa Goulartt e Ricardo Monastero, em final de apresentação em Piraju (Foto: Paula Fernanda)
Da reportagem

O elenco de “Até que a Morte nos Enlace”, nesta semana, comentou sobre a apresentação da peça em Tatuí, a última desta segunda temporada, que teve a primeira em São Paulo, em 2024, e conclui agora a de circulação pelo interior, na cidade do autor, o tatuiano Ivan Camargo.

Produzida por meio do Ministério da Cultura, do governo federal, e do governo do estado de São Paulo, pela Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, no município, o espetáculo tem parceria com o Fundo Social de Solidariedade de Tatuí (Fusstat), da prefeitura.

A encenação acontece no Teatro “Pedro Couto”, da Apae, localizado na avenida Olavo Ribeiro de Souza (Jardim Lucila), às 20h deste sábado, 27. A entrada é “solidária”, com os ingressos trocados por fraldas plásticas infantis, a partir de 30 minutos antes da apresentação, na bilheteria do próprio teatro.

A montagem tem à frente Jacques Lagôa, um dos mais conceituados e premiados diretores de teatro e TV do Brasil, e, no elenco, Marta Volpiani, Vanessa Goulartt, Ernando Tiago e Ricardo Monastero.

Da equipe técnica, fazem parte: o produtor Francisco Pinto (da Kino School, realizadora do projeto), o diretor musical Sérvulo Augusto, o diretor de fotografia Marcelo Yamada, o cenógrafo Jaime Pinheiro e a visagista e figurinista Paula Fernanda (os dois últimos também tatuianos).

No município, além do Fundo Social de Solidariedade, a produção tem como apoiador cultural máster a One7 e as parcerias com a própria Apae, o Hotel Del Fiol e a pizzaria Ebo e Lima.

Aspecto histórico

Ernando Tiago – ator que, entre diversas produções teatrais, já integrou o elenco de “Chiquititas” e atualmente participa do canal “Embrulha pra Viagem” -acentua o aspecto histórico da peça.

“O texto tem uma importância histórica mesmo. Principalmente levando em conta o momento que estamos vivendo, quando, infelizmente, pessoas que passaram pela época da ditadura se esqueceram do que aquilo significou na vida de tantas e tantas pessoas, da mordaça que nos foi colocada, do silêncio, das torturas, dos estupros, de tudo que aconteceu de tão ruim num período tão obscuro da nossa história”, observa.

“Diante disso, Ivan Camargo foi quase premonitório, infelizmente, retratando coisas que foram tão caras e tão doídas à nossa população”, acrescenta Ernando, lembrando que a peça foi escrita em 2010, bem antes do movimento destes anos recentes pedindo pela volta de um regime de exceção.

Ernando também ressalta a importância histórica do texto para além da comédia. “Eu, como ator, cumpro uma função que eu me propus quando iniciei a carreira em teatro: levar cultura e informação, e não só divertimento para a população”.

Nesse sentido, o ator sustenta que a peça tem um aspecto surpreendente, “porque o Ivan escreveu um texto profundamente sério e, ao mesmo tempo, muito engraçado em algumas passagens”.

“A gente consegue levar informação para as pessoas sobre um período da nossa história e, ao mesmo tempo, divertir a plateia”, argumenta Ernando.

“A peça fala sobre a ditadura militar, mas também sobre o reencontro de pessoas e seus acertos de contas. Nesse lado, da ficção do texto, Ivan aborda um lado engraçado, em que as pessoas entram em confronto com as suas histórias e são induzidas a contar o que fizeram de bom e o que fizeram de ruim na trajetória das suas vidas”, avalia o ator.

“É uma peça historicamente importante. E aí faço uma analogia, sem pretensão nenhuma, que é óbvia ao filme ‘Ainda Estou Aqui’, porque também foi um momento muito importante do cinema, e acho que nós temos uma peça com uma importância muito grande também no teatro”, assegura Ernando Tiago.

“Então, me sinto extremamente feliz, honrado mesmo, de fazer parte desse trabalho, dessa trajetória, com a direção brilhante do Jacques Lagoa, com uma iluminação incrível do Marcelo Yamada, a trilha sonora especialmente desenvolvida pelo Sérvulo Augusto”, frisa o ator.

O diretor

Citando elogiosamente também todos os demais profissionais do elenco e ficha técnica, Ernando celebra a oportunidade de trabalhar novamente com Jacques Lagôa.

“Participar desse espetáculo também tem uma importância muito, muito grande, porque o Jacques Lagôa percorre toda a minha carreira, sempre como diretor em teatro e teledramaturgia”, acentua Ernando.

“Devo muito ao Jacques. E é uma emoção sempre muito grande, também, porque comecei com ele nos anos 90, em ‘A Bela e a Fera’, que ficou em cartaz no Teatro Imprensa, em São Paulo, uma peça infantil de muito, muito sucesso”, lembra o ator.

“A partir de lá, o Jacques me chamou para fazer muitas coisas, para trabalhar em produções da Angelina Muniz, para produções no SBT, na TV Record. Então, sinto também um privilégio muito particular, que é estar mais uma vez sendo dirigido pelo Jacques, esse gigante do teatro nacional”, assegura Ernando.

“Ainda me sinto muito honrado de fazer parte desse projeto e estar contracenando com Ricardo Monastero, Vanessa Goulartt e Marta Volpiani. Tenho o prazer de dividir a cena com essas pessoas e fazer parte de uma equipe técnica também incrível, com a produção do Francisco Pinto. Então, é só agradecer a todas as pessoas com quem tive o prazer e a honra de contracenar”, celebra Ernando.

Em Tatuí

Sobre a apresentação final da temporada no município, Ernando Tiago comenta estar muito feliz por mais de um motivo. “Primeiro, acho que é uma emoção para o Ivan, que é o autor e tem um jornal em Tatuí.

É importante para ele, e eu, já como amigo, como admirador do trabalho do Ivan, já ficaria emocionado só por isso”, confessa o ator.

O outro motivo é porque, coincidentemente, não será a primeira vez que Ernando sobe em um palco da Cidade Ternura. “Na minha história, Tatuí tem uma importância tão grande”, garante, contando ter participado, nos anos 1980, de algumas das edições do Festival Estudantil de Teatro do Estado de São Paulo (Fetesp), promovido pelo Conservatório.

“O início da minha carreira foi em Tatuí também. No período da faculdade, tinha um grupo de teatro com amigos incríveis, e a gente rodava pelos festivais de teatro amador, aprendendo com os outros grupos, com os jurados, com o público, iniciando uma carreira que me é tão, tão importante”, relembra o artista.

Ernando apenas lamenta o fato de a temporada estar no final, compartilhando o sentimento de que, para ele, “é como uma despedida, o encerramento de um ciclo que é muito feliz”.

Em Tatuí, comenta Ernando, a sensação é ainda mais forte. “Este encerramento, sem dúvida, tem para mim o significado de que foi onde eu iniciei a minha carreira”.

“Rogo a Deus que não seja onde eu termine, na esperança muito grande de que outros trabalhos surjam, e que eu possa ter a honra de continuar contracenando, trabalhando com vocês”, conclui o ator.

Vanessa Goulartt

A atriz – também com amplo histórico no teatro, TV e cinema e de família mais que reconhecida no meio artístico – comenta estar sendo muito estimulante a temporada de circulação.

“Em cada cidade que apresentamos a peça, sentimos a reação entusiasmada do público, que se envolve com a trama de maneira surpreendente”, observa Vanessa.

“A expectativa em relação a Tatuí é especial, pois é a cidade natal de nosso autor, Ivan Camargo. Espero que o público de Tatuí nos receba com carinho e que possam se divertir, se emocionar e refletir”, acrescenta a atriz.

Marta Volpiani

Também com extenso currículo na TV e teatro, a atriz – cuja voz perpassa gerações como a dubladora da personagem Dona Florinda, do seriado “Chaves” – conta ter sido um prazer retomar o trabalho com o diretor, além da identificação com o texto.

“Quando o diretor Jacques Lagôa me convidou para participar da peça ‘Até que a Morte nos Enlace’, não imaginava que fosse ser um presente pra mim. De cara, me apaixonei pelo texto incrível do Ivan Camargo”, afirma Marta.

“E a perspectiva de trabalhar ao lado de atores tão talentosos como Ernando Tiago, Ricardo Monastero e Vanessa Goulartt me encantou!”, acrescenta.

“O resultado desse trabalho, emoldurado pela produção impecável do Francisco Pinto, foi e é um presente que vou levar pela vida! A magia desse espetáculo que faz rir e chorar está sendo uma das grandes emoções da minha vida a cada dia que se abrem as cortinas”, comenta a atriz.

“A oportunidade de levar o teatro nas sessões da tarde dessa nossa turnê, para jovens e adolescentes que nunca tiveram a chance de assistir a uma peça de teatro, e vê-los encantados ao término do espetáculo, foi a grande emoção para mim nesta temporada”, frisa.

‘Espero encerrarmos nossa turnê em Tatuí, a terra do nosso autor Ivan Camargo, com muita emoção e a certeza de que proporcionamos cultura a centenas de jovens, que saíram do teatro com novas perspectivas e com a arte plantada dentro dos seus corações”, conclui Marta.

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