Dupla Companhia tem temporada de estreia em São Paulo com ‘Laudelina’

Montagem é protagonizada por Rafaele Breves (Foto: Juliana Nascimento)
Da redação

A SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, do estado de São Paulo, recebe o espetáculo “Laudelina”, “solo poético-documental que costura memória, política e ancestralidade a partir da trajetória de Laudelina de Campos Mello”, conforme a produção informa em nota à imprensa.

Laudelina, trabalhadora doméstica, militante, “é uma das figuras mais emblemáticas da luta por direitos trabalhistas no Brasil”, frisa a produção. O espetáculo cumpre temporada de duas semanas, de 18 a 27 de julho, na Sala Alberto Guzik, com apresentações gratuitas às sextas e sábados, às 20h30, e domingos, às 18h.

Com dramaturgia inédita assinada por Cristiane Sobral e Rafaele Breves e direção de Luiza Loroza, a montagem é protagonizada pela própria Rafaele, que “entrelaça a história de Laudelina com memórias íntimas de sua própria linhagem familiar”.

“É um corpo em cena que traz não só a força das lutas passadas, mas também o peso e a beleza do que herdei das mulheres da minha família, que, como Laudelina, foram cozinheiras, faxineiras, babás. E com esse solo, eu conto essa história como quem costura um tecido ancestral, ponto por ponto”, afirma Rafaele.

Realizado pela Dupla Companhia, grupo sediado em Tatuí, o projeto reúne uma equipe formada majoritariamente por mulheres negras de diferentes regiões do país, “conectando experiências” do Rio de Janeiro, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo e Pará.

Para Lucas Gonzaga, diretor artístico da companhia, o espetáculo dá continuidade a uma pesquisa que atravessa diversas montagens do grupo: “Temos como eixo a investigação entre território, memória e identidade. ‘Laudelina’ surge como um gesto de escuta e permanência. Não é uma biografia encenada, mas uma evocação poética das vozes que foram apagadas da história oficial”.

Entre relatos íntimos, registros históricos e imagens de resistência, a peça “convida o público a refletir sobre os impactos do trabalho doméstico na vida de milhares de mulheres negras brasileiras, muitas vezes invisibilizadas, exploradas e esquecidas”.

“Descolonizar, às vezes, é descansar. É interromper o ciclo da exaustão, da obediência forçada, da entrega sem retorno. Com esse trabalho, queremos propor imaginação, invenção e desordem como formas de resistência”, pontua Rafaele.

“Laudelina”, segundo a produção, “também destaca o esforço coletivo da Dupla Companhia em propor novas narrativas e estéticas para os palcos brasileiros”.

O grupo, que já encenou “As Três Marias” (2022) e “Nise em Nós” (2025), mantém seu compromisso com produções que promovem interseções entre arte, educação e memória”, segue a comunicação do grupo.

“Estamos falando de um teatro que parte do chão da vida real, mas que se permite sonhar — porque, como dizia Fanon, ‘não se pode construir o que não se pode imaginar’”, conclui Gonzaga.

O espetáculo tem realização da Dupla Companhia, em parceria com o Ministério da Cultura, do governo federal, e a Secretaria de Estado da Cultura, Economia e Indústria Criativas, do governo do estado de São Paulo.

Sinopse

“Laudelina” é um solo poético-documental que entrelaça a trajetória de Laudelina de Campos Melo — mulher negra, trabalhadora doméstica e referência histórica na luta por direitos trabalhistas no Brasil — com as memórias ancestrais da atriz Rafaele Breves.

Em cena, “o corpo da atriz costura tempos, vozes e silêncios, evocando histórias de sua mãe, avó e bisavó, todas mulheres negras marcadas pelo mesmo ofício que mobilizou a vida e a militância de Laudelina”.

“A peça não busca uma reconstrução biográfica, mas sim a criação de um espaço de escuta, atravessamento e permanência, onde história e intimidade se cruzam como fios de uma mesma trama”, segundo informado.

“A montagem propõe ao público um mergulho em experiências que atravessam os séculos e reverberam no presente, convocando uma reflexão coletiva sobre trabalho, gênero, raça e memória”, conclui.

Serviço

“Laudelina”
Temporada: 18 a 27 de julho

Às sextas e aos sábados, às 20h30, e aos domingos, às 18h

SP Escola de Teatro – Sala Alberto Guzik (R1) – Praça Franklin Roosevelt, 210, Consolação, SP
Ingressos: Gratuitos. Retiradas somente pela internet na Sympla SP Escola de Teatro – www.sympla.com.br/produtor/spescoladeteatro
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 80 minutos

Capacidade: 60 lugares

Acessibilidade: sala acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida, tradução simultânea para língua brasileira de sinais, audiodescrição, visita tátil para pessoas não videntes.

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