
Aqui, Ali, Acolá
José Ortiz de Camargo Neto *
Frase do dia: “A bola foi indo, foi indo e iu!”, frase de um jogador para descrever o gol que fez sem querer.
Caros amigos:
O recente campeonato mundial de clubes foi para mim uma verdadeira decepção.
Os times europeus, desprovidos da arte futebolística, jogam agora não futebol, mas luta livre.
Segurar, dar gravata, cotovelada, passar rasteira virou regra, nada acontece ao faltoso, que raramente é punido.
É só um atacante pegar a bola e esboçar um contra-ataque, logo vem o adversário, pendura-se em seu pescoço, agarra-o pela camisa, empurra-o, num espetáculo deprimente não de futebol, mas de grande deslealdade e falta de espírito esportivo.
Penso até que deviam mudar o nome desse esporte extinto para futecanela, ou futeagarra. Para quem assistiu no passado a um Pelé, um Gerson, um Garrincha, o futebol de hoje são deplorável.
Tão obstruído se tornou, que a técnica hoje é não ficar mais do que um segundo com a bola no pé. Assim que a recebe, passa de primeira para o companheiro, que faz o mesmo com o colega do time, e assim vai. Tudo para evitar o contato, ou melhor, a trombada, sempre faltosos e raramente punidos.
Também, se o juiz fosse marcar todas as faltas – elas são tantas e ocorrem tão amiúde – que o jogo se tornaria impossível. Aliás, é isso: o futebol se tornou um espetáculo de faltas!
Como teríamos hoje os dribles estonteantes de Garrincha, as arrancadas fulminantes de Pelé se, assim que pegassem na bola um jogador se dependurasse em seus pescoços?
Sou a favor de um enrijecimento nas leis esportivas. Se agarrar o adversário, cartão amarelo, na segunda vez, expulsão. Só assim o jogo poderia ser jogado como deve ser.
Caso contrário, é preferível mudar de divertimento esportivo, assistindo ao vôlei, basquete ou natação. Pelo menos são mais éticos.
Obs.: na partida PSG x Real Madri não houve tantos coices, empurrões e outras coisas, porque parece que os times europeus estão mais treinados para fugir rapidamente dos combates de luta livre, ou boxe sem luvas… Mas contra os brasileiros do Fluminense e Palmeiras, menos avisados sobre o estilo pé de guerra europeu os agarrões, rasteiras e cotoveladas dominaram escandalosamente o cenário das partidas, sob os olhos benevolentes dos juízes… Uma pena para um esporte tão bonito, como o futebol…
Até breve.
* Jornalista e escritor tatuiano.