
Da reportagem
Sérgio Augusto Marciliano Queiroz, ex-morador de Tatuí e conhecido como “Visconde de Sabugosa do interior paulista”, foi convidado por Cleo Monteiro Lobato, bisneta de Monteiro Lobato, para participar de uma nova adaptação de um livro do autor reconhecido nacionalmente.
Nascido em Angatuba, Queiroz morou boa parte da vida em Tatuí, onde mantinha o projeto “Chácara Queto”, no qual realizava filmagens com um grupo de jovens inspirado no “Sítio do Picapau Amarelo”. “Em 2013, eu morava em um bairro carente chamado Novo Horizonte e comecei uma mobilização para tirar as crianças da rua”, contou.
Ainda segundo ele, atualmente, é considerado “um dos maiores colecionadores do ‘Sítio do Picapau Amarelo’”, e Cleo estava procurando pessoas que desenvolviam trabalhos relacionados ao bisavô e acabou o encontrando.
“Eu já tinha amizade com o empresário da família desde 2017, o Álvaro Gomes, pois uso a marca do Sítio da TV Globo atualmente com a autorização dele. A Cleo mora nos Estados Unidos, vem ao Brasil duas vezes por ano, e agora lançou a nova adaptação do oitavo volume do livro ‘Pena de Papagaio’”, explicou.
De acordo com Queiroz, a autora o convidou, junto com a irmã, Julia Queiroz (que atua no teatro há quatro anos e foi escolhida para interpretar a Emília) para serem os representantes oficiais da divulgação da nova versão do livro.
Os dois foram escolhidos para participar de uma espécie de “live-action” como forma de divulgação. A ideia inicial do empresário de Cleo era realizar uma seletiva para a escolha dos intérpretes, mas, por já conhecer o trabalho dos irmãos, decidiu convidá-los diretamente. Estão previstas outras seletivas para os demais personagens.
O ator também comentou que a autora avalia a possibilidade de adaptar a obra para o audiovisual, envolvendo mais personagens, mas isso dependerá da repercussão.
O lançamento da nova versão do livro foi realizado em Taubaté, no Museu Histórico, Folclórico e Pedagógico “Monteiro Lobato”, cidade onde o autor nasceu.
Segundo Queiroz, a nova versão traz algumas mudanças. Entre elas, a personagem Tia Nastácia deixa de ser retratada como empregada da família e passa a ser “uma amiga de infância de Dona Benta que ajuda nos afazeres da casa”.
“A ideia da Cleo é aplicar mais igualdade na nova versão, por conta das antigas acusações infundadas de racismo contra seu bisavô, Monteiro Lobato. Ele escreveu os livros na época dele. Se estivesse vivo hoje, certamente escreveria conforme os tempos atuais”, defendeu.
Ainda segundo o ator, em breve, ele virá a Tatuí, uma das cidades que indicou à bisneta de Monteiro Lobato para a realização de vendas da obra. “Não posso esquecer minhas origens. Nasci em Angatuba, mas meus sonhos nasceram aí. Foi onde me criei”, afirmou.
Sua relação com o “Sítio do Picapau Amarelo” começou aos quatro anos de idade, em 2001, quando assistiu à versão exibida pela TV Globo. “Comecei a colecionar tudo o que encontrava sobre o ‘Sítio’. Ia ao mercado e comprava miojo que, até hoje, está fechado”, disse.
“Colecionava tudo o que saía da adaptação: perfume, creme, boneca, entre outros itens. Ganhei até uma boneca da Emília de 1951, doada pela família. Tenho roteiro de televisão, figurinos da Globo. Acredito ter mais de 5.000 itens do ‘Sítio’, sendo considerado um dos maiores colecionadores da adaptação no Brasil”, relatou.
Falando mais sobre o projeto realizado em Tatuí com as crianças, ele relembra quando, em 2014, foi notado pela vereadora Rosana Nochele Pontes Pereira (PSD). “Ela foi uma das pessoas que me incentivaram a ser quem sou hoje, me notando quando ninguém me apoiava”, declarou.
“Eu estava gravando um vídeo no Novo Horizonte e ela parou, me observou e elogiou minha atitude de tirar as crianças da rua para fazer algo positivo. Contei que meu sonho era ser ator e trabalhar com o ‘Sítio’, e ela me deu uma câmera. Foi o maior incentivo da minha vida. Ela acreditou em mim”, completou.
Queiroz também relembrou quando, em 2015, foi ao jornal O Progresso de Tatuí contar sobre os vídeos que gravava: “Contei minha história e achava que era megaprofissional, mas era apenas um menino sonhador. Mesmo assim, minhas matérias eram publicadas com destaque, o que me motivou ainda mais”, disse.
“’O Progresso de Tatuí’ fez parte do meu crescimento também. Quando eu via um jornal tão importante da região falando sobre mim, sobre meu amor pelo ‘Sítio’ e pelo meu projeto, era gratificante. Isso só aumentava minha vontade de crescer”, concluiu.
O projeto de Queiroz, mesmo após os anos, continua, mas onde ele reside (Angatuba) e com outro nome, “Turma do Sítio”. Mas, conta, ele estuda retorná-lo para Tatuí.