Situada em área de recomendação vacinal, a cidade de Tatuí terá 4.000 doses da vacina contra a febre amarela aplicadas ainda neste mês. A estimativa é da Secretaria Municipal de Saúde, com base no movimento registrado nos postos desde o início do ano. Até o dia 19, o município havia aplicado 2.935 doses.
As demais imunizações – para atingir a meta estimada – aconteceram entre os dias 22 e 26. “Nós achamos, pelo movimento que as unidades têm registrado, que alcançaremos em torno de 4.000 pessoas até a última sexta de janeiro”, disse a diretora de VS (Vigilância em Saúde), Maria Aparecida Marques de Oliveira.
De acordo com ela, a Prefeitura está disponibilizando, por meio da pasta, a chamada dose padrão. Maria Aparecida explicou que, dos municípios paulistas, apenas 54 passaram a aplicar as doses fracionadas, em campanha até o dia 17 de fevereiro. “Tatuí não entra nessa lista. Nossa dose é a padrão”, frisou.
Mesmo estando fora da área de risco, a diretora contou que a cidade tem registrado uma procura intensa da população pela vacina. Entretanto, Maria Aparecida ressaltou que a maior parte das pessoas que vão até as unidades não são moradoras de Tatuí. Esse tipo de situação tem sido verificado nas 33 cidades do entorno.
“Nós temos um grupo de municípios que compartilha dados e o que mais temos visto é que a maioria das pessoas não reside neles, mas está em férias”, citou.
Além de contribuírem para a formação de filas, os visitantes não costumam apresentar o cartão SUS (Sistema Único de Saúde), solicitado para a aplicação da dose. Maria Aparecida disse que a Prefeitura pede o documento para que a secretaria possa manter um cadastro e contabilizar a cobertura vacinal.
“Nós somente pedimos o cartão SUS para podermos registrar a vacinação”, sustentou. Quando a pessoa não dispõe do documento, a equipe aplica a dose, mas não consegue registrar a imunização, ocasionando em imprecisão na contagem.
Maria Aparecida ressaltou que Tatuí não está realizando campanha, o que dá à secretaria a possibilidade de registrar o total de doses e em quem elas foram aplicadas. Em 2009, data da primeira vacinação maciça, a pasta não registrou dados de quem recebeu a imunização, apenas contou o total de doses aplicadas.
“Quando estamos em campanha, não computamos dados, como nome, endereço. Mas como nós não estamos em uma ação, fazemos questão de ter os documentos, até para que a pessoa tenha um comprovante no caso de precisar”, disse.
Embora a população esteja procurando mais os postos para se proteger contra a febre amarela, a diretora comentou que a tendência é o movimento se manter estável. Em princípio por causa do total de imunizações registradas na cidade. Somente em 2009, a secretaria vacinou 70 mil pessoas. Até o ano passado, mais de 95 mil habitantes haviam recebido doses da vacina.
Além disso, Maria Aparecida destacou que, desde 2009, todas as crianças que nascem em Tatuí são vacinadas contra a febre amarela aos nove meses de idade. “Então, as mães desesperadas com crianças que apareceram nos nossos postos vieram de outros municípios. E isso está acontecendo na redondeza”, contou.
Como o percentual de cobertura vacinal é alto, a cidade tem recebido lotes da vacina em quantidades variadas. Na terça-feira, 23, a secretaria obteve 8.000 doses. As remessas são feitas pela Secretaria Estadual da Saúde e de acordo com os pedidos. “Nem sempre recebemos o volume que pedimos, mas o que posso garantir é que nós não tivemos falta de vacina aqui”, enfatizou.
De acordo com a diretora da Vigilância em Saúde, a maior fonte de preocupação da população tem sido a desinformação. “Acho que houve um excesso de divulgação, pela mídia televisiva, que deixou as pessoas apavoradas”, avaliou.
Maria Aparecida citou caso da cidade de Mairiporã, considerada o “epicentro” da febre amarela em São Paulo. No dia 17 deste mês, a Prefeitura local decretou estado de calamidade e decidiu imunizar somente moradores. “As pessoas saíram de São Paulo para serem vacinadas lá, uma área que todo mundo falava para não ir. Então, isso é o desconhecimento”, comentou.
No total, Mairiporã registrou 57 casos suspeitos de febre amarela, sendo 13 confirmados, e, desses, seis vieram a óbito. O pico ocorreu nos primeiros dias deste ano e não impediu a procura da população pela vacina, por conta da facilidade.
Para Maria Aparecida, moradores das cidades vizinhas procuraram Mairiporã por falta de informação ou por informação errada. A diretora disse que, para evitar esse tipo de situação, a secretaria tem orientado os usuários dos postos.
Na maioria dos casos, as informações contribuem para o esclarecimento de dúvidas. Quem não lembra que tomou a dose, por exemplo, é orientado a buscar com cautela o protocolo que é distribuído após a imunização. As equipes das unidades básicas também perguntam ao cidadão se ele vai viajar ou não.
“Muitas pessoas que foram orientadas até reviram a intenção de se vacinar, porque descobriram que não precisariam da vacina, até porque a dose é única”, contou.
Como Tatuí aplica a dose padrão, a imunização não precisa ser refeita de dez em dez anos. Maria Aparecida explicou que as doses têm validade para a vida toda.
Ela também destacou que toda a rede municipal está preparada para a vacinação. As doses são aplicadas em dias alternados, nas quatro unidades da zona rural e nas 13 da zona urbana, incluindo as chamadas EFS (Estratégia Saúde da Família). O horário de aplicação da vacina vai das 8h às 14h.
Sem pânico
A vacinação contra a febre amarela é ofertada durante todo o ano, motivo que faz com que a população não precise correr para um posto de saúde, conforme a diretora. Maria Aparecida mencionou que esse tipo de informação é repassado para todas as pessoas que buscam as unidades para tranquilizá-las.
A secretaria também orienta pessoas acima de 60 anos a apresentarem autorização médica. Conforme a diretora, os idosos precisam de uma avaliação. “Principalmente, porque o risco é maior que o benefício para esse público”, disse.
A vacina contra febre amarela é contraindicada para gestantes, mulheres que estão amamentando, crianças até seis meses e pessoas com mais de 60 anos. Pacientes oncológicos e portadores de doenças crônicas também não devem tomá-la.
Eugênio Marcos, morador do Jardim Gonzaga, não possui restrição para a aplicação. Ele procurou a unidade do bairro na quinta-feira, 25, depois de ter conversado com amigos.
“Não me lembro se tomei a vacina. Se já tomei, faz bastante tempo, mas estou aqui para tomar uma dose por precaução. Eu fiquei com receio, e vim aqui porque todo mundo está tomando. Dá medo de contrair a doença”, argumentou.