30 professores encerram greve em Tatuí­ com aprovação de suspensão





Divulgação

Professores realizaram último protesto em São Paulo no dia 12, data em que suspenderam o movimento

 

Trinta professores de Tatuí que aderiram à greve da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) retomaram as aulas na segunda-feira, 15. Os educadores encerraram participação no movimento no final da tarde de sexta-feira da semana passada, 12, por conta de votação em assembleia no Vão Livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo).

Conforme dados do sindicato, o encontro reuniu 8.000 educadores. Em consenso, eles decidiram pela suspensão da greve considerada “a maior da história”. Em São Paulo, o movimento durou 92 dias. Em Tatuí, os professores permaneceram fora das salas de aula por um prazo total de 80 dias.

Além de votar pela suspensão do movimento, os professores aprovaram a ideia do sindicato de organizar ações de mobilização social e defesa da escola pública.

O próximo passo será a construção de um “calendário de lutas, juntamente com outros segmentos sociais”. Para tanto, a Apeoesp divulgou nota, na qual anunciou que vai envolver “outras entidades do país”. Serão juntados à iniciativa, estudantes e integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) e MTST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Teto).

As entidades estudam realizar novas manifestações. Num primeiro momento, o sindicato informou que elas serão realizadas na Avenida Paulista, onde professores promoveram assembleias semanalmente desde o início da greve. As reuniões da Apeoesp aconteciam todas as sextas-feiras, a partir das 14h.

Os novos encontros acontecerão também no mesmo dia, a partir das 17h, em datas a serem definidas. De acordo com o sindicato, os eixos das mobilizações abrangem “salários, condições de trabalho para os professores e de aprendizagem para os estudantes, gestão democrática, verbas para as escolas, jornada de trabalho, redução do número de estudantes por classe, entre outros”.

Nos próximos dias, a Apeoesp deverá decidir com a Secretaria da Educação do Estado, a situação da reposição de aulas. A entidade pretende discutir, ainda, demissões de docentes, incluindo os dispensados de escolas de período integral.

Em três meses de greve, o sindicato contabilizou mobilização de mais de 60 mil pessoas. Ele também organizou caminhadas por avenidas, promoveu o fechamento de rodovias e avenidas (assunto que virou alvo de discussão na Justiça).

Nesse período, a entidade também organizou acampamento em frente à sede da Secretaria da Educação do Estado, promoveu ocupação da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) e protestos. Por ocasião deles, professores se acorrentaram na frente da sede da pasta estadual da Educação.

A pauta do encontro do sindicato com o governo envolve discussão contra reforma do ensino médio. Neste mês, o Estado divulgou que dará início em 2016 a um novo modelo de currículo no ensino médio. O plano é transformar a maior parte do curso em disciplinas optativas. Com isso, os estudantes do 2o e do 3o ano poderão “montar sua própria grade”, escolhendo que matérias gostam mais e querem continuar se aprofundando no conhecimento.

A Apeoesp é contra a alteração e considera que ela “empobrecerá o currículo, rebaixará o nível de qualidade de ensino, provocará demissões dos professores e reduzirá as chances dos estudantes de prosseguirem com os estudos em nível superior, ou de ingressarem com vantagens no mercado de trabalho”.

Para a entidade classista, a reforma não passa de uma “adaptação da promoção automática para o ensino médio”. No entendimento dos sindicalistas, o intuito é “elevar artificialmente as taxas de aprovação nesse nível de ensino”.

Em nota, a Secretaria da Educação do Estado declarou que “permanecerá atuando em parceria com os professores da rede estadual”. Também disse que o movimento ocorreu de forma isolada, citando que ele envolveu apenas um entre os seis sindicatos dos funcionários da Educação (a Apeoesp).

Conforme a secretaria, os demais professores permaneceram em sala de aula “comprometidos com os alunos”. O governo disse que a paralisação teve baixa adesão histórica e que, na última semana, o índice oficial de comparecimento dos professores superou 98%. A pasta divulgou, também, que se houver necessidade, haverá reposição de conteúdo “sem prejuízo aos estudantes”.

O governo ressaltou que, “desde o princípio, garantiu a construção de uma nova política salarial, além da oferta de outros benefícios”. Disse, ainda, que concedeu 45% de aumento em quatro anos e que consolidou mecanismos de promoção por mérito e desempenho. O bônus chegou a R$ 1 bilhão.

Em Tatuí, a greve envolveu educadores das escolas estaduais “Lienette Avalone Ribeiro”, “Semíramis Turelli Azevedo”, “Chico Pereira” e “José Celso de Mello”. Os professores aderiram ao movimento no dia 24 de março e, desde então, viajavam para São Paulo para participar de assembleias.