Em um ano de atividade, o projeto Resgatando Anjos somou a adoção de 215 cachorros. O balanço é das idealizadoras da iniciativa, Beatriz Garajau, de 20 anos, e Laira Machado, 23. As duas comandam, desde novembro de 2017, iniciativa que visa proteger cães e gatos abandonados.
Os bichos recolhidos são enviados para três abrigos. Dois deles são ocupados por cães e um, por gatos. No gatil, Beatriz e Laira cuidam de 13 animais. As amigas trabalham nos espaços desde novembro de 2017, quando resolveram juntar a experiência que tiveram em outro projeto do mesmo tipo.
“Já fazíamos parte de uma ação, pela qual desenvolvíamos o mesmo trabalho. Passado algum tempo, resolvemos deixar o grupo e formar o nosso próprio. Foi assim que começamos o Resgatando Anjos”, contaram as protetoras.
Beatriz e Laira disseram que precisaram “começar do zero”. Elas criaram uma rede que envolve voluntários, veterinários e padrinhos (como são chamadas as pessoas que arcam com o custeio da estadia de parte dos animais abrigados). Atualmente, as duas dividem as responsabilidades do projeto com uma terceira integrante: Jaimile Silva, incorporada recentemente.
Embora mais nova na idade, Beatriz é a que tem mais tempo como protetora animal. A jovem começou comprando rifas e doando rações. “Eu era aquela pessoa que marcava a ONG (organização não governamental) em publicações de rede social para que outras pessoas pudessem ajudar”, descreveu.
Com o passar do tempo, Beatriz percebeu que podia fazer mais. “Vi que também podia resgatar, castrar e doar. E foi assim que comecei a trabalhar”, acrescentou.
No período em que atuaram no projeto anterior, as protetoras se conheceram. “A Beatriz entrou em contato comigo e pediu para eu dar um lar temporário para uma cachorra. Acabei acolhendo-a na minha casa e, daquele momento em diante, não parei mais de trabalhar pelos animais”, contou Laira.
Para mantê-los, provendo água e ração, as amigas promovem eventos. Elas realizam rifas, leilões e vendas de salgados. “Temos o bolinho solidário, por meio do qual arrecadamos dinheiro para o custeio”, contam.
O calendário de eventos inclui festa junina, bazares e vendas de alimentos, como pizzas. A atividade mais recente do projeto aconteceu em outubro de 2018.
Segundo Beatriz, os eventos são importantes para que o projeto possa continuar. A protetora explicou que as atividades têm renda revertida para manter os abrigos. “Temos alguns doadores fixos, mas não são muitos”, argumentam.
Como os custos oscilam, o trio precisa sempre recorrer a ações externas para manter o caixa do projeto no azul e evitar que os bichos sejam prejudicados.
As rendas são empregadas tanto para a compra de ração como para o pagamento de serviços veterinários. Beatriz reforça que, tanto ela como Laira e Jaimile, não tira dinheiro do bolso. “É tudo doação, mas passamos aperto. Todo mês, passamos raspando, principalmente quanto às rações”.
O projeto envolve, ainda, cuidados com os animais. Além de castrar e vacinar os bichos, as protetoras precisam manter os abrigos sempre limpos. Para dar conta do trabalho, o Resgatando Anjos conta com a ajuda de 12 voluntários. São quatro por abrigamento, que se revezam nas tarefas durante a semana.
Ao final do expediente diário, os escalados se comunicam com as responsáveis por meio de um grupo criado em aplicativo de celular. “Elas mandam mensagem, com fotos, mostrando que está tudo certo”, detalhou Beatriz.
De acordo com a protetora, o projeto também promove a adoção de cães e gatos, mas não mais por feiras de adoção. O encaminhamento dos bichos para os novos donos é feito exclusivamente pela página do Resgatando Anjos no Facebook (https://www.facebook.com/resgatedeanjos).
“Se a pessoa tiver interesse, precisa entrar em contato pela nossa página”, ressaltaram. Os candidatos a tutores dos cães e gatos são entrevistados por meio da própria página. A equipe do projeto verifica o perfil dos futuros donos a partir de conversa. “Com isso, decidimos como o processo vai acontecer”, contaram.
No total, as protetoras cuidam de 22 animais, sendo nove cachorros. Para alimentar somente os 13 gatos, elas gastam um total de 15 quilos de ração por semana. “O custo é bem alto, sem contar que os animais abandonados chegam precisando de cuidados, o que gera muita dívida para o projeto”, explica Beatriz.
Para equilibrar as contas, a protetora relata que o grupo mudou a dinâmica de abrigamento. Inicialmente, os animais eram resgatados pelas três amigas a partir de chamados. Atualmente, só são retirados das ruas se forem apadrinhados.
“A pessoa que nos aciona ajuda custeando a vacina e a castração. Isso porque cada animal resgatado custa R$ 220, sem contar os remédios”, informa a protetora.
Depois de alimentados e tratados, os bichos são encaminhados para adoção. Em 2018, o projeto somou 215 cachorros adotados. O balanço não incluiu o número de gatos – que serão contabilizados – mas demonstra que, mesmo com a nova dinâmica, os animais continuam a ser recolhidos por novos tutores.
Além disso, Beatriz enfatiza que o modelo gera menos custos para o projeto. “Antes, tínhamos de pedir um lar temporário ou levar os animais para a nossa própria casa. Agora, isso não é mais preciso”, argumenta.
Conforme as protetoras, os cães são adotados mais rapidamente que os gatos. Em média, permanecem de uma semana a 15 dias no abrigamento. Já os bichanos tendem a ficar mais tempo.
Beatriz explica que muitos gatos chegam ao espaço arredios, reflexo de maus-tratos. Por isso, precisam permanecer no gatil por um tempo superior, até que possam ser adotados.
Os interessados em conhecer mais sobre o projeto ou colaborar com ele podem entrar em contato pela rede social. “Aceitamos qualquer tipo de ajuda, até mesmo na parte de serviços, para que possamos cuidar dos animais”, acentua Beatriz.
Conforme a protetora, profissionais de todas as áreas podem contribuir. “Se a pessoa é fotógrafa, ela pode doar um ensaio fotográfico, que nós leiloamos. A pessoa leva o serviço, nós ficamos com a renda e todo mundo ganha”, conclui.
A protetora ainda avalia que o número de animais abandonados em Tatuí é incalculável. De acordo com Beatriz, o grupo não tem parâmetros para calcular a quantidade de cães e gatos abandonados, por conta da migração deles.
Ela também afirma não ser possível definir em quais regiões da cidade o abandono é maior. Diz, porém, ser visível que o número de bichos sem dono diminuiu.