11 de Agosto ‘lidera’ í­ndice de acidentes





O Progresso

Ponto da rua 11 de Agosto próximo da igreja Presbiteriana é o que mais concentra acidentes conforme informações do Demutt

 

Considerada o “coração comercial” de Tatuí, a rua 11 de Agosto segue ostentando outro título nada positivo. A via com maior circulação de veículos do município é a que registra maior índice de acidentes.

Os dados são do Cepat (Centro de Estatística e Prevenção de Acidentes), divulgados nesta semana a pedido de O Progresso. As estatísticas apresentadas por Francisco Antônio de Souza Fernandes, Quincas – que, atualmente, é colaborador do Demutt (Departamento Municipal de Trânsito e Transportes) –, trazem ocorrências registradas pelo órgão entre os meses de fevereiro e junho.

O centro entrou em operação no final do segundo mês do ano, sendo inaugurado, oficialmente, no dia 11 de março. Até junho, contabilizou 350 ocorrências, inseridas em sistema de computador a partir de comunicações feitas pelos serviços de atendimento de urgência e emergência.

Na prática, o centro é alimentado com dados repassados pelas unidades de resgate do Corpo de Bombeiros, do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), Polícia Militar e Rodoviária e viaturas de socorro de concessionárias.

Do total de ocorrências, 98 foram colisões não especificadas (que podem ser entre motos, carros, caminhões e contra “barreiras físicas”, como postes, portões e muros, por exemplo). Até junho, as unidades de urgência e emergência atenderam 29 atropelamentos, um deles resultando em óbito.

“Este foi um caso que saiu na internet, de um senhor que teria sido atropelado em ciclovia (na rua Teófilo Andrade Gama). Mas, ocorreu o contrário”, disse Quincas.

Conforme ele, a pessoa que faleceu teria cometido suicídio e não sido vítima de homicídio. “Ele jogou-se na frente de um caminhão e, para liberar o trânsito naquele ponto, algumas pessoas puxaram-no para a ciclovia”, declarou.

No quadro divulgado pelo Cepat, o maior número de ocorrências envolve motos. Foram 76 no período de quatro meses, sendo 43 somente de quedas de motociclistas. Acidentes com carros somaram 57 ocorrências, com dois capotamentos.

Com relação ao índice de registro de acidentes (cuja fórmula de cálculo não foi especificada), a rua 11 de Agosto aparece em primeiro lugar.

Foram 24 ocorrências, quase três vezes mais que o registrado na segunda via mais movimentada da cidade, a Teófilo Andrade Gama. Única ligação entre o centro e a região do Jardim Santa Rita de Cássia, a Teófilo teve nove acidentes.

Em terceiro lugar aparece a rua 15 de Novembro, com sete ocorrências, seguida pela Chiquinha Rodrigues, com três; Vice-prefeito Nelson Fiúza, Prudente de Moraes, avenida Vice-prefeito Pompeo Reali, ruas São Bento e Capitão Lisboa e avenida Coronel Firmo Vieira de Camargo, todas com dois acidentes cada. Os demais registros estão “espalhados” pelo perímetro urbano.

Para Quincas, o relatório estatístico não permite avaliação de aumento ou de retração de acidentes, uma vez que o Cepat não conta com uma “série histórica”. Conforme ele, somente a partir de 2016 o serviço poderá verificar se houve aumento em quais tipos de ocorrência e regiões.

Porém, os indicativos servem de base para que o Demutt adote providências. Até o momento, Quincas informou que o departamento está realizando diagnóstico nos locais em que os serviços de emergência realizaram atendimentos. Contudo, o centro fica limitado ao repasse de informações.

Ele também não contabiliza, por exemplo, situações nas quais as partes envolvidas entram em consenso e não acionam a Polícia Militar para prestar queixa, ou de pessoas que fugiram do acidente para evitar responsabilização.

Quando há o registro, o Demutt faz verificação nos locais. O objetivo é identificar por qual razão o acidente ocorreu e quais fatores contribuíram para ele.

“Nós temos um questionário que aplicamos e no qual inserimos uma série de dados”, disse Quincas, que está colaborando para a fase de transição do comando do departamento. O órgão está a cargo de Adriano Henrique Moreira.

Os agentes que visitam os locais verificam se há falta de sinalização (vertical e horizontal – placas e faixas no solo, respectivamente), ou buracos. “Se o acidente ocorreu à noite, constatamos se há iluminação”, disse Quincas.

Conforme ele, o Cepat realiza, primeiro, uma investigação. Posteriormente, faz o diagnóstico e alteração na via, quando necessário. “Do contrário, não tem sentido existir o centro. Ele serviria só para contabilizar os acidentes. O objetivo é sabermos o que temos que fazer para prevenir”, argumentou.

Embora considere que o número de ocorrências possa ser maior que o verificado no Cepat, Quincas declarou que 90% se devem à imprudência. Segundo ele, dos levantamentos feitos até o momento pelo Demutt, nenhum apontou que os acidentes ocorreram por “problemas de sinalização, buraco na pista, presença de semáforo ou de radar de velocidade”.

Também conforme ele, as causas dos outros 10% dos acidentes estão relacionadas à falta de atenção. “A minoria ocorre, por exemplo, quando um motorista dá seta para esquerda e vira à direta. São erros primários”, afirmou.

Para a rua 11 de Agosto, a explicação é outra. Quincas informou que não há um fator externo que justifique os acidentes registrados na via. Isso porque grande parte dos acidentes não ocorre em cruzamentos ou perto de semáforos.

“Desde o início da rua 11 até o final dela, os casos de colisão em cruzamento, atropelamento ou de batida por alta velocidade são raros”, declarou.

De acordo com o colaborador, batidas, atropelamentos e quedas na rua 11 de Agosto ocorrem em locais que poderiam ser considerados “neutros”. Entre eles, o trecho da Igreja Presbiteriana, perto do Mercado Municipal “Nilzo Vanni”.

Quincas afirmou que os acidentes naquela região não ocorrem no cruzamento da rua com a 7 de Abril, mas em “um ponto acima”. O mesmo aplica-se ao largo da Igreja de São Roque. “O que tem naqueles pontos para implicar em acidente, a não serem imprudência e excesso de velocidade?”, indagou.

No segundo ponto, o colaborador do Demutt ressaltou que ainda há uma lombada, que obriga os motoristas a reduzirem a velocidade. “Mesmo assim, só ali, nós registramos dois acidentes”, complementou.

Por não ser uma questão resolvida com intervenção física, Quincas disse que o Demutt tem dificuldades para solucionar a questão. O motivo é que a redução desse tipo de acidente depende de trabalho de educação sobre o trânsito.

Para ele, além de ações de orientação realizadas com crianças nas escolas da rede municipal e estadual, é preciso haver engajamento por parte dos adultos.

“Sempre falo que o maior e melhor professor de trânsito, para as crianças, são os pais. Por mais que se faça algo com as crianças, os pais são exemplo”.

Ainda sobre os acidentes, Quincas ressaltou que nenhum dos registrados pelo Cepat ocorreu em vias públicas que passaram por intervenções “nos últimos dois anos”.

Conforme ele, o departamento tem feito acompanhamento em locais como a rua Capitão Lisboa (que se tornou mão preferencial por conta do transporte de pacientes para o pronto-socorro) e mudanças de mão de direção e de proibição de estacionamentos em outras vias. “Nós temos zero número de acidentes nesses locais alterados”, enfatizou.

Ele disse, também, que todas as medidas adotadas pelo órgão se basearam na questão da segurança. Quincas afirmou, ainda, que os motoristas devem se “adaptar à realidade do tráfego local” e alegou ser inconcebível alguém querer dirigir no centro da cidade em velocidades acima de 40 quilômetros por hora.

“Hoje, temos que trabalhar a segurança e o fluxo. Você não pode pensar em fazer o trânsito fluir mais rápido, sem pensar em quem o utiliza”, argumentou.

Quincas afirmou que o trabalho de segurança e fluidez está “sendo cada vez mais adotado pelos municípios” como princípio. “A cada dia aumenta o número de carros, mas as ruas continuam com o mesmo tamanho”, sustentou.

“Nessa questão, tenho que ressaltar que o prefeito (José Manoel Correa Coelho, Manu) tem dado todo apoio. É preciso que se fale”, encerrou o ex-diretor.