Na noite sexta-feira, 14 de dezembro, o Clube de Campo de Tatuí sediou jogo de futebol solidário em prol ao garoto Alan Rodrigues Mendes e à Santa Casa de Misericórdia.
Toda a renda adquirida com os ingressos foi revertida à família de Alan, para a construção de um quarto, um banheiro e para a aquisição de uma cadeira de rodas adaptada.
Os familiares realizaram um balanço do valor arrecadado, porém os 1.242 ingressos vendidos para o evento não alcançaram a meta previamente estipulada.
Foram confeccionadas duas mil entradas para a partida beneficente e a família estimava a comercialização de todos os ingressos para alcançar o montante necessário para o início das obras e a compra da cadeira de rodas adaptada.
A mãe de Alan, Elenir Rodrigues, afirmou que apesar de não ter conseguido vender todos os ingressos disponibilizados, o valor que foi arrecadado “já ajuda”.
“O dinheiro não foi suficiente para fazer tudo o que o Alan precisa, mas estou pesquisando preços e veremos o que conseguiremos fazer para o novo quarto dele”, declarou a mãe.
Para ajudar a arrecadar mais fundos, Elenir conta que está fazendo uma rifa de um uniforme oficial do Flamengo com autógrafos de diversos jogadores do clube. A camiseta do rubro-negro carioca foi um presente de Rodinei para Alan.
Para acompanhar o futebol solidário, o público também precisava doar um litro de leite ou um quilo de açúcar, para a Santa Casa, mas os torcedores ofereceram uma variedade de produtos alimentícios.
Entre os produtos solicitados foram recebidos 224 quilos de açúcar e 1.026 litros de leite. Ainda foram arrecadados 5.051 quilos de alimentos, como: feijão, arroz, fubá, farofa e farinha de trigo e de milho. Também foram entregues 22 pacotes entre macarrões e achocolatados e mais quatro litros de óleo de soja.
Conforme representantes da Santa Casa, toda e qualquer quantia de produtos arrecadados seria de grande auxílio à unidade de saúde.
Ex-jogadores com passagens pela seleção brasileira e clubes como Corinthians, São Paulo e Palmeiras, além de ícones esportivos de Tatuí, participaram do evento beneficente. No gramado, o público acompanhou a vitória por 4 a 2 da equipe Amigos do Alan sobre os Amigos do Clube de Campo.
Esportistas de Tatuí estiveram presentes: Rodinei, atual lateral direito do Flamengo; Danilo Ricardo Simon Manis, árbitro assistente e integrante do quadro da Fifa; e Thyago Vieira, atleta profissional de beisebol que atua no Chicago White Sox, da liga norte-americana da modalidade.
Entre os ex-jogadores, estiveram: Velloso, Marcos Assunção, Eliel, Gino e Guinei. O ex-atleta Neto esteve presente, mas não pôde atuar por conta de recente cirurgia na coluna. Todos receberam forte assédio do público e, por longo período, distribuíram autógrafos e posaram para fotos.
O evento ainda teve a presença de algumas autoridades locais, como o secretário municipal do Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, Cassiano Sinisgalli; o diretor municipal do Esporte, Douglas Dalmatti Alves Lima; e os vereadores Alexandre Grandino Teles e Miguel Lopes Cardoso Júnior.
História de Alan
No dia 27 de setembro de 1996, Alan nasceu prematuramente com seis meses de gestação, pesando apenas um quilo e com 36 centímetros. Ele precisou ficar internado no Hospital Regional de Sorocaba para ganhar peso e tamanho por cerca de três meses.
Após receber alta do hospital, o médico avisou à mãe que seria um “caso especial”, pois, por falta de oxigênio em uma região do cérebro, Alan sofria de encefalopatia crônica não progressiva, a paralisia cerebral.
A doença afetou o braço esquerdo e as duas pernas de Alan. Ele passou por cirurgias e utiliza órteses nesses membros para ajudar a se locomover, mas sempre com a ajuda de alguém.
Dentro de casa, Alan se desloca engatinhando com o quadril em contato com o chão. A família mora em uma residência de “meio lote” e não há espaço suficiente para o jovem utilizar o andador ou a cadeira de rodas.
Por conta disso, Elenir conta que a construção de um quarto e um banheiro adaptados seria para dar mais liberdade e independência ao filho.
O jovem faz acompanhamentos com fisioterapeutas, psicólogos e neurologistas, além do uso contínuo de medicamentos controlados, para evitar convulsões e até paradas cardíacas, como ocorreu por duas vezes quando Alan tinha oito anos de idade.
Por 14 anos, o menino realizou tratamento na AACD (Associação de Apoio a Criança Deficiente), em São Paulo, porém, ao chegar à idade limite de 22 anos, a unidade de saúde não pôde mais atendê-lo.
Elenir acompanhava o filho nas idas a São Paulo. Eles utilizavam o veículo do setor de frotas da Prefeitura, mas a mãe diz que era uma rotina muito cansativa.
“Passávamos o dia todo fora de casa. Saíamos às 3h, ficávamos o dia inteiro no hospital para passar em apenas um médico e chegávamos de volta entre 19h até 22h”, expôs a mãe.
Para se dedicar integralmente aos cuidados com o filho, Elenir não possui emprego. O marido está desempregado há dois meses. Alan é o filho mais velho da família, ao lado de um irmão e uma irmã.