‘Shopping poderia estar quase pronto’





Reunião restrita a representantes da comunidade, vereadores e empresários voltou a trazer à tona o projeto que trata da construção de um shopping na cidade.

O encontro foi realizado na tarde de quinta-feira, 15, no Centro de Arte e Esportes Unificados. Na ocasião, o prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, recebeu a base de situação da Câmara e empresários que idealizam a construção do centro comercial, além de representantes de diferentes segmentos da comunidade.

Cerca de 120 pessoas, entre pastores, sindicalistas, representantes de associações, clubes de serviços e conselhos municipais, participaram do encontro.

O objetivo da reunião, além de apresentar publicamente os empresários responsáveis pelo empreendimento, foi anunciar um novo projeto de revisão de zoneamento da área que, se aprovado pela maioria dos vereadores, poderá viabilizar as construções do centro comercial e de uma nova entrada para o município.

O novo projeto, conforme Manu, revê os pontos que teriam levado ao engavetamento da proposta original, pelos vereadores. No dia 22 de setembro, sem a maioria absoluta de votos, o projeto de lei original foi arquivado pela Câmara.

Sinalizando diálogo com a base de oposição, o prefeito afirmou que o novo projeto “tem embasamento legal e teve alterados os pontos indicados pelos vereadores que votaram contrariamente à proposta original”.

“Após a não aprovação, os empresários estavam prestes a desistir da construção, mas realizamos reuniões com o grupo de investidores e elaboramos um novo projeto sobre a mesma matéria, o zoneamento”, iniciou Manu.

“O principal ponto indicado pelos vereadores contrários era a alteração do zoneamento de áreas alheias ao local de construção de empreendimento. Este ponto, assim como outros, está sendo sanado”, afirmou ele.

No novo projeto, em fase de elaboração, foi criada uma nova área de zoneamento, a 15o do município. A nova área, segundo o secretário da Fazenda, Finanças e Planejamento, Carlos Cesar Pinheiro da Silva, envolve exclusivamente o local da construção do shopping e novas avenida e entrada – das margens da SP-127 até o Jardim Paulista.

A proposta de criação de nova área de zoneamento atende às necessidades dos empreendedores e, conforme o prefeito, da própria cidade.

“Todos foram convidados para esta reunião, para que tenham acesso ao projeto antes de ser protocolado. Quero dividir com todos os vereadores este projeto. Afinal, quem nunca sonhou com uma nova entrada para a cidade, ou com um novo vetor de desenvolvimento, totalmente a partir da iniciativa privada e sem gastar um centavo do orçamento público?”, questionou.

Durante a reunião, ofício expedido pelo presidente de Câmara, Wladmir Saporito, representando outros oito vereadores, foi lido.

Nele, os vereadores cumprimentavam o prefeito “pelas tratativas favoráveis ao investimento”, justificavam a ausência em virtude de terem “compromissos agendados previamente” e pediam uma reunião, na Câmara, para conhecerem o projeto, também com a presença dos investidores e empresários.

Ofício atendendo ao convite e propondo uma reunião pública – com data e horários prévios para a próxima sexta-feira, 23, às 19h – foi protocolado, no final da tarde de sexta, 16 (momentos antes do fechamento desta edição), no Legislativo. A realização dependerá da confirmação da Casa de Leis.

“Havendo a possibilidade de presença dos vereadores que não puderam comparecer ao primeiro encontro, acredito que será um grande debate público. Queremos compartilhar o bônus deste investimento”, declarou Manu.

‘Paredes prontas’

Durante a reunião pública, Nilton Azevedo, diretor de projetos da empresa JDGS Empreendimentos Imobiliários, que assume a construção do empreendimento, afirmou que, “não fosse a demora que ele não compreende”, o shopping “já poderia estar com as paredes prontas e em fase de cobertura”.

“Estamos há muito tempo tratando deste projeto para a cidade de Tatuí, e sentimos grande frustração com a demora. Estamos tratando do assunto há cerca de um ano e meio e já avaliamos a viabilidade econômica-financeira do projeto. Ele é viável, e não entendemos muito bem essa demora”, reafirmou.

Segundo Azevedo, sem a aprovação de lei que permita a alteração do zoneamento no local, não é possível “sequer o protocolo de construção, que dirá a execução”.

“E também precisamos de um novo acesso, pois, quando iniciarmos a terraplanagem, perderemos o acesso que hoje ocorre pela rodovia. É necessário um sistema de acesso adequado ao empreendimento deste porte”.

“O shopping já poderia estar quase pronto e, nós, cuidando de negociações com outros empreendedores, lojistas, lojas-âncora e praça de alimentação e cinema. Temos condições de realizar este projeto em outras cidades, mas acreditamos na resolução dessas pendências”, disse.

Durante a reunião, também foram apresentados publicamente os empresários Giuliano Corradi e Caio Ernani, responsáveis pela construção da nova avenida e entrada da cidade.

“A avenida será viabilizada por nós, que temos áreas naquela região. A única condição é de que a nova lei, que altera a zona residencial para zona mista, mantenha a área residencial com lotes de, no mínimo, 200 metros quadrados. Este é um grande projeto para a cidade, e me orgulha fazer parte desta história”, disse Corradi.

O projeto de construção do shopping, conforme anunciado, envolve investimentos de R$ 200 milhões. A expectativa é de que, concluídas as obras, sejam gerados 4.000 empregos diretos e indiretos.

Abaixo-assinado

No dia 1º, o presidente do Sindmetal (Sindicato dos Metalúrgicos de Tatuí e Região), Ronaldo José da Mota, anunciou um abaixo-assinado com o título “Queremos o Shopping em Tatuí”.

Segundo ele, o sindicato vem mobilizando toda a categoria, assim como entidades classistas e comerciais da cidade, para que façam adesão à iniciativa, “que visa atender o desejo da população”.

Durante a reunião, foi anunciado que o documento contava, na data, com 10 mil assinaturas. A meta do sindicato é reunir cerca de 20 mil assinaturas, o que, segundo Mota, representa cerca de 30% da população tatuiana. O documento será encaminhado à Câmara nas próximas semanas.

Mota afirma que, com a decisão de arquivamento do processo do shopping, “a cidade ainda corra o risco de perder outros investimentos”. Para ele, a implantação do empreendimento irá trazer uma projeção em médio prazo para o município.

“Tatuí poderá se tornar uma referência em centro comercial e entretenimento na região, como já figuram, nesse cenário, as cidades de Sorocaba, Piracicaba e Itu”, disse.

A polêmica

Os projetos para a instalação de um shopping center no município iniciaram há quase um ano, quando representantes do negócio adquiriram uma área à margem da rodovia SP-127, por meio de benefícios da Pró-Tatuí, lei de incentivo à instalação e ampliação de novos negócios.

Em função da condição do zoneamento, que divide o município em áreas residenciais, industriais e comerciais, o início da construção foi protelado até que, legalmente, o empreendimento pudesse ser instalado no local.

A autorização legal dependeria de alteração no zoneamento do município, sobretudo porque a construção do empreendimento está atrelada à abertura de uma nova entrada para a cidade, por meio de avenida que daria acesso ao Jardim Paulista.

Projeto de lei propondo a alteração do zoneamento foi enviado à Câmara. Entretanto, a proposta gerou desentendimento entre o Poder Executivo e a base de oposição do Legislativo, que apresentou um substitutivo ao projeto e questionou vários pontos da proposta – o principal deles, a inclusão de outros bairros na alteração de zoneamento. O substitutivo, no entanto, foi descrito como “inconstitucional e inviável” pelo prefeito.

O projeto original foi arquivado, embora tivesse votos favoráveis de nove vereadores, por necessitar de maioria absoluta, com aprovação de 12 edis.