Semana diversifica público, atrai olhares e acontece em nova forma





Cristiano Mota

Raquel Fayad coordena espaço que tem programa de eventos até junho do ano que vem

 

Festival de curtas-metragens, oficinas literárias e brincadeiras são algumas das atividades que integram a “Semana de Férias” do MHPS (Museu Histórico “Paulo Setúbal”). Com a iniciativa que acontece em novo formato, a casa que leva o nome do escritor tatuiano iniciaria às 19h de sexta-feira, 3 (após o fechamento desta edição, 17h) diversifica o público e atrai novos olhares.

A programação faz parte de estratégia da equipe do museu, coordenado pela artista plástica Raquel Fayad, para manter a média de público. Por mês, o MHPS registra a passagem de 4.500 pessoas. Esse número inclui todas as atividades, como as visitas espontâneas (de tatuianos e turistas), as agendadas (por grupos, entidades e associações) e apresentações teatrais e musicais.

Também estão incluídos na contabilidade da coordenadora, o público que passa pelo museu para conferir os filmes disponibilizados por meio do Ponto MIS (Museu da Imagem e do Som). “Todos esses eventos acabam contabilizando um número de público muito bom”, explicou a coordenadora.

A partir deste mês, no entanto, o museu prepara-se para desacelerar. O motivo é que, em julho, as visitas de grupos escolares (unidades particulares e públicas do município e da região) entraram no período de férias. De modo a manter o “Paulo Setúbal” ainda mais “vivo”, a equipe elaborou uma programação especial, e que, neste ano, acontece em novo formato.

Raquel mencionou que o público já está garantido, com inscrições de crianças de diferentes faixas etárias feitas pelos pais ou responsáveis até a sexta-feira, 3. “Estamos com um grande número de pessoas buscando isso”, disse.

A coordenadora citou como exemplo de que as pessoas querem atrações diversificadas o projeto “Uma Noite no Museu”. Também mencionou as atividades desenvolvidas no Dia das Mães. “Então, surgiu essa ideia de fazer essa semana diferenciada, na qual as crianças virão ter contato com o pessoal do teatro e realizar oficinas de criação com o Educativo do museu”, afirmou.

O trabalho de teatro ficará a cargo da Cia. Teatral “Exodus Art’s”, com participação da Cacau Fest. A atividade inclui jogos e uso de bonecos. Já a equipe do Educativo do “Paulo Setúbal” desenvolverá oficina de criação de pequenos livros. Esses serão produzidos pelas crianças a partir de cada espaço do museu.

“A ideia é que os participantes absorvam o museu. Que elas o tenham como uma extensão da casa delas. Então, pode ser que o público não esteja tão diversificado, porque vem para a semana, mas é mais fidelizado”, avaliou Raquel.

A partir deste sábado, as crianças serão recepcionadas no auditório do museu. As atividades serão desenvolvidas nos mais variados espaços. Entre eles, a praça. “Cada vez que eles visitarem um canto do museu, eles irão para a oficina para desenvolver um livro que traga a visão delas sobre o local”, disse.

As atividades serão desenvolvidas das 14h até às 17h, com acompanhamento de equipe do museu. “É um período longo, mas que, de repente, acaba ficando pequeno diante de toda a proposta”, comentou a coordenadora.

O projeto registrou edições em anos anteriores, mas, em 2015, é trazido de uma maneira unificada. Raquel explicou que o museu desenvolvia atividades no período de férias escolares. Entretanto, elas aconteciam em datas não próximas. Desta vez, a equipe decidiu unificá-las, com a abertura priorizando o público adulto, com a exposição “Corpo Tinta Negra”, de Katia Salvany.

A abertura contará com apresentação musical “Coisa de Mulher” feita por Cibele Sabioni e Natália Ferlin. “Essa é uma atividade direcionada mais para o público adulto. No sábado, nós abrimos a programação infantil”, disse Raquel.

A programação completa pode ser consultada no site do museu (http://museupaulosetubaltatui.blogspot.com.br). Os participantes terão atividades nos dias 4, 5, 7, 8, 9 e 10. Na segunda-feira, 6, o museu permanece fechado para serviços de manutenção, limpeza e de cunho administrativo.

O modelo “unificado” é uma nova experiência para a equipe do museu. Nesse formato, Raquel afirma que o projeto trabalha ações pedagógicas, de literatura e artísticas. Também a partir da opinião dos participantes, a proposta pode mudar, ou agregar mais atividades com a finalidade de atrair mais público.

“Toda ação é uma experiência. Nós pensamos muito para que ela seja perfeita, mas aí, com as respostas das crianças e dos pais, nós vemos o que funciona e o que não funciona. É importante sempre estar atento para trazer novidades”, disse.

Foi este o princípio adotado para o projeto “Uma Noite no Museu”. Na primeira experiência, o museu trouxe crianças para dormir no “Paulo Setúbal”. Entretanto, por conta da observação da equipe e do conteúdo absorvido pelos participantes, Raquel disse que a edição seguinte sofreu alterações.

“Nós retiramos a ideia de dormir e convidamos os pais para acompanhar os filhos, mas percebemos que algumas crianças ficavam divididas entre nós, o que nós estávamos oferecendo de atividade e os pais. Aí resolvemos redirecionar”, falou.

O projeto atual é realizado somente com crianças, modificação que, conforme a coordenadora, gerou resultados positivos. Os participantes permanecem no museu das 18h30 até às 23h, quando os pais ou responsáveis as buscam.

Também considerada uma atração esperada, está a premiação dos concursos que levam o nome de Paulo Setúbal. O evento é aguardado para agosto e encerra trabalho iniciado em março e que consiste em oficinas de artes visuais (ministradas por Raquel e de literatura, pela professora Cimira Cameron).

Deste mês até junho do ano que vem, o museu já tem datas reservadas para eventos. Conforme Raquel, o espaço é muito procurado por conta da abertura e em função do conceito de museu vivo, ampliado na coordenação dela.

“No início, havia uma preocupação com quem assumiria esse local, uma artista plástica, pessoa acostumada com eventos e gestão de espaços culturais, mas era um museu que tinha pensamento de coisas antigas”, argumentou.

Com a ideia de ampliar o conceito de “museu vivo”, a coordenadora afirmou que a equipe começou um trabalho que permitiu “expandir as possibilidades de uso”. “Quando eu entrei, já existia esse conceito. A Cida Medeiros (Maria Aparecida Vieira Medeiros) já havia implantado isso”, contou Raquel.

O conceito é de “prolongar a vida” do espaço, uma vez que o museu tem acervo permanente e que reconta com objetos anos de desenvolvimento do município. “Como pode uma pessoa entrar no museu e, em uma hora e meia, conseguir absorver toda essa história? Nesse tempo, não dá”, argumentou a coordenadora.

Pensando nisso, Raquel disse que adicionou “novos elementos”. Com isso, passou a receber públicos diversificados para eventos musicais, de teatro e de artes plásticas. As experiências começaram com trabalhos convidados na sala de exposições temporárias, iniciadas por Maria Aparecida e ampliadas por Raquel.

Além de obras do MIS, o museu começou a abrigar obras e instalações de artistas contemporâneos. “Tenho muitos amigos queridos que acabam trazendo trabalho para cá e, com isso, os músicos que vinham fazer as aberturas. Então, trouxemos, aos poucos, um público muito variado”, argumentou.

Raquel disse que ao se tornar “mais eclético”, o museu tornou-se espaço privilegiado de vários setores. A partir daí, então, registra-se o aumento de público. “Isso vem acontecendo e as pessoas estão voltando para cá”, afirmou.

O número de pessoas que passam pelo local é apontado como fator preponderante para que o museu abrigue várias atividades. Raquel explicou que a casa de cultura municipalizada passou a ser conhecida e reconhecida por artistas convidados.

“Muitas pessoas de fora nos elogiam e, às vezes, os próprios moradores de Tatuí não conhecem o museu. Por isso, uma de nossas ações para o ano que vem será levar o espaço para os tatuianos, para onde eles estiverem”, antecipou.

A ideia é de inserir nos quatro cantos da cidade “banners” e espalhar folders contendo a história, detalhes sobre o acervo e a programação da instituição. “A meta é informar as pessoas para que elas saibam o que está acontecendo aqui e que, de alguma maneira, possam entrar para ver tudo”, mencionou.

Também para o ano que vem, o MHPS aguarda quatro exposições diferentes de artistas. “Eles estão inscrevendo projetos no ProAC (Programa de Ação Cultural) do governo do Estado de São Paulo. Se forem contemplados, eles trarão o trabalho para cá e a custo zero”, ressaltou a coordenadora.