Reformas e estorvo

Em grande evento no teatro “Procópio Ferreira”, do Conservatório, na noite de quinta-feira da semana passada, 30 de maio, aconteceu o lançamento oficial da marca One7, empresa especializada em recebíveis e fundada em Tatuí pelos empresários Everaldo Moreira e João Paulo Fiuza.

Frente a cerca de 400 convidados, além da apresentação dos serviços e conceitos da marca, a programação da noite teve como destaque a palestra do economista Ricardo Amorim, considerado um dos mais influentes do Brasil.

O palestrante, basicamente, pautou observações sobre dois focos: as mudanças generalizadas com vistas a um futuro próximo, particularmente impulsionadas pela tecnologia, e o próximo futuro da economia nacional, o qual abriria novo período de prosperidade.

Em outras palavras – não literalmente nas dele, afeita ao característico “economês” -, a lógica seria a seguinte: não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe. Assim, já batemos no fundo do poço e, portanto, daqui para a frente, só buraco acima.

No entanto, um (grande) detalhe: o propulsor da melhora econômica no país partiria da reforma da Previdência. Amorim, como tantos outros economistas, empreendedores, administradores, políticos e muita gente país afora, creem que essa reforma seria um marco na história do Brasil, devolvendo-lhe a capacidade de investimentos internos e, ainda, atraindo iniciativas externas – o que quer dizer mais dinheiro.

Mais dinheiro redundaria em mais empregos, e mais empregos resultariam em mais consumo, o qual, por sua vez, imporia mais produção, para a qual mais mão de obra é necessária, e por aí seguir-se-ia a bola de neve da prosperidade.

Em que pese o fato de que milagre não costuma acontecer muito fácil e de forma recorrente, verdade é que, sem dúvida, não há nenhum fenômeno na história a negar que as crises passam – embora, muitas vezes, deixem desastres e desertos atrás de si.

Somente ela, essa reforma, certamente, não fará nenhum milagre, recolocando o país em equilíbrio de um dia para o outro, tal como carrega aspectos contestáveis do ponto de vista “social”, mas pode vir a ser, sim, o estopim para o despertar da necessidade premente de ação!

Ou seja, necessidade de investir, de fazer “as coisas acontecerem” – como diz o clichê. Não obstante, quem pode fazer isto, quem possui condições para tanto são os empreendedores com capital para investimentos.

A verdade é que muitos podem querer, mas – discursos politicamente corretos à parte – não basta ter vontade, é preciso ter recurso para investir. E quem tem dinheiro não o arrisca – seja dentro ou fora do Brasil.

Quem aqui tem seus negócios, diante das incertezas, simplesmente espera; quem não está aqui estabelecido, coloca seus recursos em outros horizontes menos nebulosos.

Daí porque a reforma da Previdência é tida como a alvorada de um horizonte novamente colorido em oportunidades e riquezas. Na prática, recolocaria o país no mapa dos tesouros a serem conquistados.

Sim, nenhum empreendimento existe sem objetivar lucro, assim como conquista é uma coisa – que instiga algo positivo – e exploração é outra – de âmago negativo.

Ocorre que, como argumentou o nem um pouco ingênuo Winston Churchill, a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais…

Por sua vez, democracia implica em (real) livre iniciativa, inclusive, do empreendedorismo que busca lucro. Assim, quando frente a efetivas oportunidades, o empreendedor tira o dinheiro da especulação e investe-o em um negócio com o objetivo de auferir lucro e, neste processo, emprega pessoas para concretizar seu negócio, gerando emprego e renda, portanto.

Por mais que isto possa implicar em aparente indiferença à justiça social – por não ter esta preocupação no escopo -, outra verdade – indigesta ou não -, é que, tal como a democracia, também não inventaram forma melhor de distribuir “prosperidade” senão essa, o chamado capitalismo.

Isto leva à conclusão de que, se para o empreendedorismo – nacional e internacional – é tão fundamental as perspectivas reais de ganho, não há outra alternativa: é preciso, realmente, tornar o Brasil novamente atrativo aos investimentos.

E se isto implica em reformar a Previdência, então, que ela aconteça de uma vez! A população já sofreu muito mais do que poderia suportar, e isto tem de sensibilizar os políticos, independentemente de suas pálidas cores ideológicas.

Aliás, deveria caber ao estado intervir na economia realmente liberal, justa e tão somente, para garantir que as atividades capitalistas sigam conquistando lucro sem se servirem de qualquer tipo de exploração.

No mais, para que a economia e, por derradeiro, toda nação venha a prosperar, basta que o governo, simplesmente, não “estorve”. Por si mesma a sociedade é dinâmica e, no Brasil, empreendedora por natureza. Portanto, caso não seja atrapalhada pelas trapalhadas governamentais, o desenvolvimento econômico tende a acontecer.

Haja vista ao empreendedorismo exemplificado pelo grande investimento dessa nova empresa tatuiana, One7, ainda em momento nacional tão delicado.

Se muitas mais iniciativas assim continuassem a acontecer com sucesso no país, de portes diversos – grandes a pequenos -, certamente, não haveria nem necessidade de tantas reformas estruturais para o Brasil prosperar, tornando-se, finalmente, não apenas uma potência mundial, mas significativamente um país mais justo.