PM ‘une’ vizinhos para combater crimes

Iniciativa está em vigor há, aproximadamente, seis meses no Vale dos Lagos (foto: Diléa Silva)

Moradores do Vale dos Lagos, primeiro bairro de Tatuí a implantar o “Vizinhança Solidária”, já estão notando os resultados do programa, conforme avalia a comandante da 2ª Companhia da Polícia Militar de Tatuí, capitão Bruna Carolina dos Santos Martins

De acordo com ela, ações preventivas implantadas pela Polícia Militar, com a ajuda da comunidade, têm contribuído para reduzir os índices de furtos e roubos praticados em chácaras e residências do bairro.

A comandante ressalta que o projeto é da polícia, mas só funciona com o apoio da comunidade. A iniciativa está em vigor há, aproximadamente, seis meses no Vale dos Lagos, depois que os moradores manifestaram interesse pela adesão.

Os moradores participam de reuniões e recebem orientações de segurança, mas a proposta consiste em incentivar a vizinhança a adotar medidas capazes de prevenir delitos e colaborar com o policiamento.

Ela conta que, com o programa, os moradores passaram a observar as situações suspeitas – como a de um automóvel estranho estacionado em uma determinada rua ou uma pessoa desconhecida que não costuma frequentar o bairro – e, antes de o crime ser praticado, comunicam a polícia.

A ação preventiva é desenvolvida com auxílio das redes sociais e aplicativos que permitem comunicação rápida. “Os participantes têm um grupo no WhatsApp integrado com a PM, no qual um avisa o outro sempre que há alguma circunstância que eles consideram estranha ou suspeita”, contou.

Atualmente, cerca de 90 casas estão cadastradas. Na entrada do bairro, uma faixa indica que as ruas são vigiadas pela “Vizinhança Solidária”. Além disso, placas são posicionadas na fachada dos imóveis para comunicar que elas estão sendo vigiadas pelos vizinhos e que qualquer ocorrência estranha será comunicada à PM, por meio do telefone 190.

“Com a adesão ao programa, a área é constantemente vigiada. Sempre tem alguém de olho, sejam os moradores passando as informações para os outros vizinhos, ou os policiais que fazem ronda no local. Então, isso é muito bom”, comentou.

A mobilização, segundo Bruna, serve de alerta e intimidação para os ladrões e quadrilhas especializadas em assaltos. Em consequência, ela afirma que as ocorrências de crimes como assaltos e furtos são reduzidas, assim como outros delitos como furtos de veículos e junto a moradores.

A Polícia Militar ainda não tem um balanço de casos de violência depois que o projeto foi implantado, mas a comandante garante que a queda foi “significativa” para a companhia.

“Notamos menos ocorrências porque o infrator da lei se sente vigiado. Ele percebe que aquele lugar não é de fácil acesso para ação e, na maioria das vezes, desiste, porque sabe que os vizinhos estão atentos. Um cuida da casa do outro, um vigia a rua do outro”, afirmou.

Bruna – que está no comando da PM de Tatuí desde o ano passado – conta que, desde que assumiu o batalhão, tem a instalação do programa “Vizinhança Solidária” como meta para a cidade e adianta que a intenção é expandir o projeto e inseri-lo em outros bairros.

“É interessante, porque existe a união entre a Polícia Militar e a comunidade. Já deu resultado em São Paulo e também em Sorocaba, cidades que já têm o programa em diversos bairros e conseguiram reduzir drasticamente os índices de furto e roubo”, argumentou.

O programa da PM existe há nove anos no estado de São Paulo. Tudo começou em 2009, por sugestão da 2ª Cia. do 23º Batalhão da Polícia Militar aos síndicos e zeladores dos edifícios do bairro do Itaim Bibi, zona Sul da cidade.

Os policiais passaram a promover palestras e reuniões periódicas com os funcionários sobre os principais fatores de risco que envolvem a segurança dos condomínios e a distribuir folhetos para os moradores.

A experiência tomou conta de 136 condomínios e, em 2013, passou a ser repetida em residências dos bairros Jardim Paulista, Paulistano, Europa e América. Atualmente, está presente em aproximadamente mil moradias da região, cujos moradores participam de reuniões periódicas com a Polícia Militar.

Em Sorocaba, chegou em 2014 e, atualmente, está presente em muitos bairros. Só na zona leste da cidade são 30 núcleos, com estatísticas que mostram redução de até 90% no índice de criminalidade.

Bruna ainda informa que a adesão é voluntária e salienta ser necessário o engajamento dos lideres comunitários para que outros bairros também façam parte do programa. Os interessados devem procurar a companhia da PM ou o Conseg (Conselho Comunitário de Segurança).

Uma vez manifestado o interesse, a PM oferece orientações para explicar aos demais moradores do bairro como funciona o programa. Havendo interesse da comunidade, uma pessoa do bairro será o tutor do programa – um representante direto do bairro junto ao Conseg.

“O projeto é liderado pelos moradores. Eles é que são responsáveis pela criação e manutenção do grupo no WhatsApp e pela comunicação dos fatos e interação com os policiais. Isso é que forma uma rede de prevenção”, completou.

Além da segurança, a comandante destaca que o programa “Vizinhança Solidária” traz diversos benefícios para a comunidade.

“Não há custos, há uma aproximação da Polícia Militar com a sociedade, e a população acaba criando um vinculo de confiança com o policial, além da diminuição dos índices criminais, já mapeados e comprovados em cidades que contam com o projeto”, concluiu.