Pegador de pênaltis

(arquivo Cláudio Aldecir)

Outro dia, alguns comentaristas e analistas de futebol discutiam sobre os goleiros que ficaram famosos como pegadores de pênaltis. Notadamente, pela série de jogos que nos últimos tempos resultaram e se definiram através dos penais.

Falou-se do grande Castilho, de um goleiro mineiro chamado Ita, que defendeu o Vasco. O nome de Heitor Amorim foi citado. Ele que, um dia, teve a “ousadia” de defender um pênalti do rei Pelé; Waldir Peres; Leão; Dida; Rogério Ceni.

O argentino Andrada, que quase pegou um também do rei, quando este fez o milésimo gol, no Maracanã. A grande desenvoltura de Taffarel na Copa. Enfim, muitos outros foram falados. Porém, talvez por total falta de conhecimento e não esquecimento, o nome do fabuloso Tuffy nem sequer foi ventilado.

Esse paulista de Santos era um folclórico goleiro e dos bons pegadores de pênaltis. Talvez sua aparência e o apelido assustassem o cobrador. Tuffy era chamado de “Satanás”, pelo uniforme negro, cabelos revoltos e barba sempre por fazer.

Foi uma figura mitológica, que começou na várzea paulistana, jogando no Cruzeiro do Sul, Vicentino, A. A. das Palmeiras. Foi campeão pernambucano em 1918 pelo América. Na volta a São Paulo, vestiu a camisa do São Bento da Capital. Na Seleção, jogou o sul-americano de 1919 em Buenos Aires. Esteve no Santos.

Todavia, Tuffy ganhou notoriedade defendendo o Corinthians, ganhando o bicampeonato paulista em 1929/1930, formando um trio juntamente com os beques Grané e Del Débio, histórico do alvinegro.

Ele era tão bom goleiro que dificilmente tomava gol de pênalti. Uma empresa, a Companhia Sudan de cigarros, contratou-o para percorrer campos de várzea de São Paulo. E quem conseguisse marcar um gol de pênalti nele ganhava 10 maços de cigarro.

Muitas vezes, para esquentar e não frustrar a promoção, ele deixava passar algumas bolas, diziam.

A foto é da equipe do Corinthians de 1930, perfilada, antes de uma partida pelo campeonato daquele ano em que se consagraria bicampeã paulista. Um goleiro e tanto, e pelo visto esquecido e desconhecido pelas gerações de jornalistas esportivos em se tratando da rica história do futebol, lamentavelmente.

Belas histórias, ótimas recordações.

NOTA: As fotos são do arquivo pessoal do autor, que data de 50 anos. Ele, como colecionador e historiador do futebol, mantém um acervo não somente de fotos, mas de figurinhas, álbuns, revistas, recortes e dados importantes e registros inéditos e curiosos do futebol, sem nenhuma relação como os sites que proliferam sobre o assunto na rede de computadores da atualidade