Pãozinho de queijo

Sexta-feira meio sem tipo. De repente, deu uma vontade de tomar um copão de vinho. Convidei o Luiz  Silvestre e o Jaime Pinheiro para irmos até a capital do estado, onde na avenida Brigadeiro Luiz Antonio, próximo à avenida Paulista, havia uma distribuidora de uma vinícula riograndense. E lá fomos nós Castello Branco afora.

Chegando na capital, entramos na Brigadeiro e encontramos um estacionamento legal, e fomos até o apartamento do Acassilzinho, que nessa ocasião estudava numa faculdade por ali.

Nesse dia, o Acassil estava recebendo a visita do amigo Aryzinho Vila Nova, que acabou sendo convidado também para saborear uma caneca de vinho.

E lá fomos nós, a pé, já que o negócio era pertinho de tudo. Uma caneca de vinho e uma grande tábua de salame.

De repente, tive uma ideia: “Que tal buscar na padaria, logo ali ao lado, uns pãezinhos de queijo para acompanhar o vinho?”.

Virei então para o Luiz Silvestre e pedi esse favor, buscar os tais pãezinhos, já cortados ao meio para facilitar o serviço. E lá foi o Luiz todo faceiro. Minutos depois, volta o tatuiano com um pacotinho nas mãos e um sorriso amarelo.

-Tudo certo? – perguntamos.

E diz o jovem mancebo:

– Acontece que o pão de queijo dessa padaria é do tamanho aperitivo, parece uma tampinha de cerveja. Daí, então, a moça que me atendeu, ao ouvir o meu pedido de cortar o pão em 4 pedaços, sorriu e disse que é bom, de vez em quando, fazer uma gracinha para relaxar. E atendeu o meu pedido: cortou os minúsculos pãezinhos em pedaços quase invisíveis. E aqui estão as migalhas dos tais pãezinhos – arrematou.

Quando passou a crise de gargalhadas, tomamos mais uma caneca de vinho e fomos embora.

História 2

Quando o Luiz Silvestre tinha uns dez anos, ele morava com os irmãos e a mãe lá pelos lados da Dr. Laurindo. Num dia de inverno rigoroso, de manhãzinha, ele pulou da cama, olhou pela janela e lá fora havia um sol que parecia bem quentinho. Passou a mão numa tripecinha de madeira e foi para fora lagartear. Colocou o banquinho num ponto onde o sol batia bonitinho.

Sentou-se, enfiou as mãos nos bolsos do casaquinho que tinha herdado do Carlinho, seu irmão mais velho, e colocou os pés debaixo do banquinho. Como estava meio frio, começou a balançar o corpo pra frente e pra trás, provocando um leve aquecimento. Num determinado momento, deu um embalo um pouco mais forte e o banquinho virou para frente. Sem conseguir tirar as mãos do bolso, só parou quando deu uma tremenda bocada no chão. Engoliu três dentes, levou uns tabefes da mãe – para largar de ser burro – e jogaram o banquinho no fogão de lenha, para evitar que a família ficasse banguela de tudo.

O Luiz fala com ternura de sua mãe, mas do banquinho, não!

História 3

Era uma sexta-feira à tardezinha e o Luiz Silvestre e sua inesperável esposa Vera Lúcia resolveram tomar uma caneca de chope no Bar do Celso, animado ponto de encontro localizado na rua 15 de Novembro, perto do Bradesco.

Estacionaram logo na frente a Yamaha DT 180, recentemente adquirida.

Tomaram acento e, em seguida, foram umas três ou quatro tulipas de chopinho. Satisfeitos, resolveram ir embora. Despediram-se dos amigos e tomaram rumo.

O casal subiu na motoca, o Luiz deu uma bela acelerada e partiu sozinho, pois, ao dar a arrancada, deixou a Vera caída de costas no meio da rua. Nada de grave, e ela ficou sentada na entrada do bar. Passado uns dez minutos, apareceu o Luiz e, assustado, foi logo perguntando:

– “Cês” não viram a Vera? Cheguei sozinho em casa, ela sumiu!

E lá do fundo surge a Vera, brava que só vendo. Senta na moto e lá vão os dois agarradinhos diretos para casa.

História 4

Estava certa vez no Bar do Celso, na rua 15 de Novembro, tomando umas talagadas junto com os amigos Dito Rolim, Sérgio Cigano e Valdemar – este último já falecido -, quando comentei que havia feito uma promessa de ir a pé até a capela do bairro dos Mirandas e tinha que levar comigo esses tais amigos. Eles, animados pelo álcool, toparam a ideia e quiseram ir imediatamente cumprir a promessa. Comprei quatro lanches e uma garrafa de conhaque, enfiei tudo numa sacola e lá fomos nós, fiéis romeiros.

Enquanto tinha iluminação, até que ia bem, mas logo acabaram os postes e a coisa ficou preta. O Sérgio Cigano resolveu caminhar fora do asfalto e caiu num buraco, enchendo a boca de terra. Tiramos o pó do rapaz e continuamos nossa missão.

E toma conhaque. Eram quase três horas da manhã quando chegamos até a capelinha, que estava toda escura. Demos uma volta em torno dela e começamos o retorno. Adiantei um pouco da rapaziada quando, de repente, apareceu um carro na estrada, que foi logo parando. Era um conhecido meu, que ofereceu carona. Topei, e logo estava em casa.

A rapaziada demorou mais duas duas horas andando pela estrada e, quando chegaram, o Sérgio foi direto para minha casa, falando pra todo mundo que eu o havia abandonado para morrer na estrada. O importante é que havíamos cumprido a promessa.