Número de roubos aumenta 28% no ano





As ocorrências de roubos e furtos na cidade aumentaram nos oito primeiros meses deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado, conforme a Secretaria Estadual de Segurança Pública.

O número de assaltos em Tatuí passou de 118 casos, registrados entre janeiro e agosto de 2015, para 151 nos mesmos meses de 2016. O acréscimo de 33 ocorrências revela aumento de 28%.

A incidência de furtos também aumentou, porém, em menor medida. O crescimento foi de 8,13%: de 566 ocorrências para 612.

De acordo com o comandante da 2ª Companhia da Polícia Militar, capitão Kleber Vieira Pinto, a corporação estudou o aumento dos crimes contra o patrimônio e, em Tatuí, tem focado o policiamento para inibir as práticas de roubo e furtos.

“Temos um trabalho forte em cima dos roubos e furtos. Há de se considerar que esses números da secretaria têm incluídos, neles, as prisões em flagrante. Em muitos casos de ocorrências de roubos, o infrator foi detido”, explicou.

Segundo o capitão, as estatísticas são “cruéis” se analisadas sem levar em consideração “problemas crônicos da sociedade”. “A precariedade da educação, o uso de drogas por jovens e uma legislação que, por vezes, coloca infratores conhecidos dos policiais em liberdade ajudam a inflar os números”, apontou o capitão.

“Estamos fazendo a prevenção, prendendo, só que a estatística é cruel. Temos prendido muitos infratores, muitos deles são conhecidos das polícias. Temos uma legislação fraca e o sistema carcerário com as ‘saidinhas’, pelas quais muitos ladrões não retornam aos presídios. É como enxugar o chão com a torneira aberta”, apontou.

Apesar do aumento das estatísticas de roubos e furtos, o comandante afirmou que a situação está sob controle. “Temos um índice aceitável”, declarou.

Na cidade, outro índice também aumentou. Os furtos de veículos cresceram entre janeiro e agosto deste ano, comparados com os mesmos meses de 2015. Enquanto que, no ano passado, houve 94 casos, neste ano, foram 89 – aumento de 5,62%.

Em contrapartida, os casos de roubo caíram. No ano passado, houve 21 ocorrências e, neste ano, 19 casos – decréscimo de 9,52%.

Mesmo apresentando alta, os furtos e roubos (que também são considerados crimes ao patrimônio) registrados na cidade não são alarmantes. Isso porque, conforme a PM, eles são classificados como de “menor potencial ofensivo”. Em outras palavras, não representam risco de morte às vítimas.

Em geral, os crimes envolvem furtos e roubos de objetos que podem ser levados rapidamente pelos ladrões. Entre esses pertences, carteiras e celulares são os mais visados pelos bandidos.

As praças Paulo Setúbal, Martinho Guedes, da Matriz e Manoel Guedes (“Museu”) e a rua São Bento são os locais apontados pela PM como “de maior atividade dos criminosos”. Boa parte deles, maior de 18 anos.

“O percentual de menores infratores é de aproximadamente 20%. Eles agem em roubos a transeuntes, levam dinheiro, celulares, cartões bancários e documentos. A maior parte dos roubos é dessa modalidade”, afirmou.

Casos de roubos envolvendo grandes cifras não foram registrados na cidade nos oito primeiros meses do ano. O de “maior vulto” ocorreu na semana passada, quando bandidos levaram um malote contendo R$ 462 mil. O valor estava sendo transportado por funcionários de um posto de combustíveis, no dia 3.

“Tem épocas de pico no número de roubos e furtos. Sempre colocamos o planejamento e a inteligência policial para trabalhar. O resultado não é no dia. Sabemos que o cidadão quer o resultado imediato, mas policiamento não se faz dessa forma”, disse.

Além disso, o tráfico de drogas serve como estímulo para a prática de roubos e furtos, segundo o oficial. Isso porque os ladrões levam bens de pequenos valores.

Esses objetos servem como moeda de troca para a aquisição de entorpecentes, o que faz com que os crimes se “alimentem”, dificultando a eficiência das prisões da PM no sentido de reduzir os casos.

“É um misto de programa social com segurança pública. Enquanto todos os órgãos sociais e de saúde não tiverem uma política de Estado forte na saúde, educação, assistência social e segurança, continuaremos a fazer o trabalho de prender, soltar, prender e soltar”, opinou.

Em Tatuí, as ocorrências de tráfico de entorpecentes caíram nos oito primeiros meses deste ano. Em 2015, foram 365 casos e, neste ano, 190. A queda de 55,6% tem explicação, de acordo com o comandante.

“Diminuiu porque nós focamos mais nos casos de roubo e furto, que são crimes contra o patrimônio, e nos crimes contra a pessoa. Acabamos conduzindo e prendendo menos pessoas por tráfico”, explicou.

Segundo o comandante, o problema do tráfico de drogas precisa ser enfrentado por outras instâncias da segurança pública. O capitão afirmou que ele depende de maior vigilância das fronteiras e das principais rodovias do país, que servem como canais de escoamento de narcóticos, para que seja reduzido.

“O número reflete diretamente as prisões que efetuamos. Não é como um roubo que a vítima vai à delegacia e noticia. O tráfico acontece a todo o momento, sem que a Polícia Militar registre, sem que entre nas estatísticas”, afirmou.

Outra dificuldade para a PM é que as ocorrências de tráfico de drogas, quando apresentadas no plantão policial, ocupam horas de trabalho das equipes, tanto militar como da Guarda Civil Municipal.

No entendimento do comandante, a questão é que as viaturas que poderiam estar em policiamento ostensivo ficam paradas na delegacia para registrar a ocorrência.

“É viável continuarmos batendo firme em cima do pequeno traficante? Não é mais produtivo usarmos a inteligência policial e o governo colocar quem tem competência para vigiar as fronteiras, interceptar ligações de telefone e prender o grande traficante?”, indagou.

A diminuição das apreensões por tráfico de drogas influenciou na queda de 33,4% do índice geral de prisões entre janeiro e agosto. No período, foram presas 486 pessoas, enquanto que, no ano passado, foram 730. Já a apreensão de adolescentes teve alta de 16,5%. No ano passado, foram 115 apreendidos, contra 134 em 2016.

A estatística da SSP aponta, ainda, que o número de vítimas de homicídios caiu para dois em 2016. No ano passado, foram registrados sete casos até agosto.

A explicação para a queda, segundo o comandante, são as apreensões de armas no município. “Tem os homicídios passionais, que acontecem em residência, são confusões familiares. Esses são difíceis de prevenir, mas os outros casos são influenciados pelas apreensões de armas”, argumentou.

Economia e segurança

O comandante da 2ª Cia da PM afirmou que a corporação já trabalha com a hipótese de aumento da violência nas ruas por conta da deterioração da economia nacional.

O maior número de desempregados e a falta de perspectiva de futuro podem fazer com que pessoas possam ir para o “mundo do crime”, seja pela utilização de drogas, seja cometendo delitos contra o patrimônio.

“Tem as pessoas com fraqueza de caráter, que acabam debandando para o lado do crime. Penso que a economia pode implicar no aumento de crimes contra o patrimônio”, disse.

O capitão afirmou que o trabalho em conjunto com a Polícia Civil, a Guarda Civil Municipal, o Ministério Público e o Judiciário continuará. O objetivo é estreitar laços e melhorar a segurança pública.