‘Mostra Téspis’ tem oficinas e peças





AI Conservatório / Kazuo Watanabe

Baseada em estudo, peça ‘Goela Abaixo’ será apresentada no dia 15

 

Três oficinas e cinco apresentações de espetáculos integram a “Mostra Téspis de Teatro”. O evento que leva o nome daquele considerado o primeiro ator e dramaturgo do teatro ocidental (Téspis de Ática), é sediado no Conservatório de Tatuí e tem início nesta sexta-feira, 9, indo até o próximo dia 16.

As oficinas serão realizadas em parceria com a SP Escola de Teatro, de São Paulo. Dos cinco espetáculos a serem apresentados, dois são estreias da Cia. de Teatro do Conservatório de Tatuí e três são montagens de grupos especialmente convidados. A mostra tem coordenação de Fernanda Mendes e Rogério Vianna.

O objetivo do evento é oferecer aos ex-alunos e alunos de artes cênicas da instituição a troca de experiência, diversificada da rotina de estudos, focando a vivência com os profissionais atuantes no setor, na Cia. de Teatro, na SP Escola de Teatro e na continuidade de trabalho realizado pelos alunos formados na unidade de ensino.

As oficinas acontecem de 9 a 11 deste mês, enquanto as apresentações serão levadas a público de 12 a 16. Nos dias 12, 13 e 14, as apresentações serão na Sala Preta, espaço do setor de artes cênicas que fica à rua Coronel Aureliano de Camargo, 550, 1º andar, a partir das 20h30.

No feriado do próximo dia 12, segunda-feira, o destaque é o espetáculo “Lembranças de Lugares Distantes” trabalho que começa a partir de uma dificuldade. “Três atores sem um diretor ou seriam três diretores sem nenhum ator? O que fazer? Por que cada um de nós não dirige uma cena onde os outros dois serão conduzidos?”, questionam João Fabbro, Rodrigo Cassiano da Costa e Thiago Leite, que assinam pesquisa, concepção e criação da montagem.

Para os atores e pesquisadores do Nossa Trupe Teatral, a peça ainda se configura como um “material cênico em desenvolvimento”. “Como matriz geradora do processo de criação temos o livro do australiano Shaun Tan, ‘Contos de Lugares Distantes’”, disseram.

Trata-se de escritos curtos mencionados pelo grupo como “fonte de transporte para um universo fantástico no qual galhos tomam vida, um búfalo indica direções, mísseis abandonados tornam-se inofensíveis puleiros de passarinhos”.

“O espetáculo almeja convidar o espectador a refletir sobre a própria existência humana”, citaram em nota à imprensa, os componentes do grupo de teatro.

Na terça-feira, 13, a atração será o ensaio aberto da montagem “Auto da Paixão e da Alegria”, do Grupo de Teatro Sete Chaves. O espetáculo narra os acontecimentos da jornada de uma das histórias mais antigas da humanidade: a história da passagem do filho de Deus na Terra, sob o ângulo da cultura popular.

Conforme o diretor Lucas Gonzaga, na dramaturgia de Luís Alberto de Abreu, Abú, Amós, Benecasta e Wellington Severiano, testemunhas oculares – ou não – dessa passagem, narram os acontecimentos. A montagem traz no elenco Amanda Cardoso, Jonathan Lukas, Leticia Mota e Washington Domingues.

Já na próxima quarta-feira, 14, a mostra segue com apresentação do espetáculo “A História é uma Istória”, da Cia. Exodus Art’s. Trata-se de uma comédia contada por atores que se transformam em diversos personagens históricos, trabalhando com níveis de compreensão e alimentando-se da ironia do humor “milloriano”, que aborda a evolução do homem de forma crítica e reflexiva, questionando e desmitificando grandes feitos e seus ídolos.

O espetáculo é uma espécie de “convite para a reflexão”, por ocasionar o encontro do ator e do espectador. No elenco, estão: Cláudio Teles, Beatriz Prado, Kauan Marques, Mateus Milani, Mateus Kapella, Rodrigo Augusto e Thiesley Nunes.

Outros dois espetáculos a serem apresentados pela mostra são estreias da Cia. de Teatro do Conservatório de Tatuí. Neste ano, o grupo trabalha com pesquisas de textos de Plínio Marcos – que completaria 80 anos de idade em 2015.

Denominado “Plinio§ 80 Marc0”, o projeto de pesquisa da Cia. de Teatro também ilustra e representa a nova fase do grupo. Neste ano, passou a ter nova coordenação e proposta de atuação.

“A Cia. buscou no teatro brasileiro um dramaturgo que pudesse apresentar a realidade de seu povo e Plínio Marcos faz este trabalho, renovando o cenário do teatro brasileiro, avaliando e criticando de forma singular as amarguras sociais”, disse o diretor do grupo, Rogério Vianna, por meio de assessoria.

Os resultados das pesquisas do grupo, que também encerram a Mostra Téspis de Teatro, serão apresentados nos dias 15 e 16 deste mês, respectivamente quinta e sexta-feira, às 20h30, no teatro “Procópio Ferreira”, à rua São Bento, 415, no centro.

Com direção de Rogério Vianna, o espetáculo “Goela Abaixo” será levado ao público no dia 15. A montagem baseou-se no estudo das obras “A Mancha Roxa”, “Balada de um Palhaço”, “Barrela”, “Homens de Papel”, “Navalha na Carne”, “O Assassinato do Anão”, “Quando as Máquinas Param” e “Querô”.

“O foco de ‘Goela Abaixo’ não está em criar uma dramaturgia nova, mas sim, na possibilidade de existência dos mais diversos personagens de Plínio Marcos. Essa possibilidade permite aos atores a busca de relações desses personagens num ambiente opressor, num lugar trancado, sem possibilidade de saída, no qual estão inseridos. A insatisfação e o desconforto causam mal-estar nos oprimidos que não suportam mais a rotina repetitiva”, disse o diretor.

No elenco, estão: Beatriz Lopes, Dalila Ribeiro, Jeferson Rodrigues, Léo Camargo, Lucimara Portela, Mateus Milani, Mira Ribeiro, Nicoli Costa e Rodrigo Cotrim. Além da direção, Vianna assina a concepção do espetáculo, com textos de Mateus Milani e Rodrigo Cotrim, e assistência de direção de Dalila Ribeiro.

O encerramento da mostra será na sexta, 16, com apresentação de “Balada de um Palhaço”, montagem que tem direção de Marcos Caresia. “Balada é um gênero literário de origem francesa. Rimada e versificada, teve seu início no século 13”, explicou o diretor.

Segundo ele, com o passar do tempo, balada tornou-se um poema narrativo de caráter simples e melancólico. O trabalho a ser apresentado guarda de sua procedência a marca da simplicidade e melancolia.

“É a obra na qual o autor maldito visita seu ofício, que além de autor de mais de dezenas de obras primas do teatro brasileiro, era também ator, diretor e palhaço, como gostava de frisar”, acrescentou Caresia.

O espetáculo narra o drama de duas personagens: Menelão e Bobo Plin. A trama discute a ética profissional por meio da disputa desses dois palhaços. Bobo Plin, o palhaço em crise com a sua profissão e cansado de contar as mesmas piadas, traz à tona uma reflexão sobre o papel do artista; Menelão, que está sempre disposto a ganhar dinheiro, tem apenas a visão capitalista da sua profissão, deixando de lado o ideal, a verdadeira vocação da alma do artista.

“Balada de Um Palhaço está cheia de referências políticas, o que já não se constitui nenhuma novidade quando o autor é Plínio Marcos”, destacou Caresia. O elenco é formado pelos atores: Adriana Afonso, Fernanda Mendes e Rodrigo Cotrim. Hugo Muneratto assina a direção musical da montagem.

A mostra contará também com a realização de oficinas. Três serão oferecidas por meio de parceria com a SP Escola de Teatro: interpretação, figurino e cenografia. As atividades acontecem no período de 9 a 11 deste mês. As de interpretação e figurino no horário das 9h às 12h, e a de cenografia no horário das 14h às 17h.

No total, 25 vagas foram abertas para cada oficina, sendo que os inscritos serão selecionados por ordem de inscrição – ou seja, os 25 primeiros terão a vaga confirmada em lista a ser divulgada após o término das inscrições. As inscrições terminaram às 18h de ontem, terça-feira, 6, sendo feitas no site conservatoriodetatui.org.br/tespis.

A oficina de interpretação será ministrada pela atriz, comediante, orientadora teatro e coordenadora de projetos culturais Daniela Biancardi. Ela é formada pelo Teatro-Escola Célia Helena, pela École de Theâtre Jacques Lecoq, Paris, e pela Kiklos Scuola, na Itália.

Já as oficinas de figurino e cenografia ficarão a cargo de Igor Alexandre Martins, artista visual e cenógrafo formado em bacharelado e licenciatura pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) e também com formação técnica em desenho de comunicação e design de interiores, e cenografia pelo Espaço Cenográfico de J.C Serroni.