Ministério revela saldo negativo no mercado de trabalho local em maio

O comércio, terceiro maior empregador via CLT, teve resultados negativos no mês de maio, diz Caged

Revertendo as expectativas do primeiro bimestre do ano, quando teve saldo positivo de 120 vagas, a geração de empregos em Tatuí ficou negativa nos cinco primeiros meses do ano, de acordo com levantamento do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Previdência Social.

Entre os meses de janeiro e maio, a cidade perdeu 141 postos de trabalho. Somente no quinto mês do ano, foram 141 baixas. As demissões ocorreram de forma generalizada. Apenas o setor extrativista mineral teve resultado zero no período.

Entre junho do ano passado e maio deste ano, Tatuí teve redução de 883 postos de trabalho. A cada dia, 2,4 vagas foram fechadas.

Até janeiro, Tatuí possuía 25.846 trabalhadores com carteira assinada. No mesmo mês do ano passado, eram 27.124.

O Caged fornece informações sobre trabalhadores regidos pela CLT (Consolidações das Leis do Trabalho) e que possuem carteira assinada. O levantamento não leva em consideração funcionários públicos estatutários e trabalhadores na informalidade.

De acordo com o chefe da agência regional do Ministério do Trabalho, Antonio Carlos de Morais, o resultado negativo surpreendeu a equipe do posto local. Para ele, o município acompanharia a tendência nacional e estadual de geração de emprego.

“Frustrou as expectativas. Nesta época do ano, iniciariam as contratações na agropecuária. Entretanto, não ocorreram. Eu acreditava que a indústria de transformação pararia de demitir e manteria os funcionários, e foi outra previsão não concretizada”, lamentou.

Das oito cidades paulistas que têm população entre 115 mil e 120 mil, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), quatro tiveram resultados positivos e quatro negativos, no acumulado entre janeiro e maio.

Os destaques na geração de vagas foram Birigui (+ 1.852 postos), Barretos (+ 577); e, na perda de empregos, Caraguatatuba (- 1.126) e Votorantim (- 150) foram as mais prejudicadas. Tatuí cortou 141 vagas no período.

Nos resultados individuais dos setores do mês de maio, apenas a extrativista mineral teve resultado neutro. O setor possui 103 funcionários com carteira assinada no município.

A indústria de transformação fechou 71 postos de trabalho em maio e 196 no ano. Entre junho e maio, foram encerradas 522 posições. O setor é o que mais emprega em Tatuí, de acordo com o Ministério do Trabalho. Até janeiro, eram 9.011 trabalhadores.

Entre os subsetores da indústria de transformação, somente três tiveram resultados positivos: o de borracha, fumo, pele e similares (+ 3); indústria química, farmacêutica, veterinária e de perfumes (+ 6); material de transporte (+ 1) e têxtil e vestuários (+ 8).

Lideraram as demissões as fábricas que utilizam minerais não metálicos, com menos 28 vagas em maio; madeira e mobiliário, com menos 22 postos no período; e metalúrgicas, com menos 15.

“Não sabemos quando terá a reversão na geração de postos de trabalho. O Brasil todo teve resultado positivo. É algo a se preocupar. Todos os setores foram atingidos. É algo generalizado”, declarou.

O setor de serviços é tido pelo chefe da agência federal como termômetro da economia local. Ele pode apontar tendências de contratação, uma vez que dá apoio a outros ramos da economia, como o industrial, o comercial e o de construção civil.

O ramo é o segundo maior empregador em Tatuí, com 7.738 carteiras assinadas em janeiro. O setor de serviços amargou menos 23 postos no mês de maio, apesar de ter registrado resultado positivo no ano, com mais 162 vagas.

O ramo imobiliário puxou o resultado para baixo, com menos 21 empregos em maio, assim como o de transporte, com menos 4, serviços de alojamento e alimentação, que tiveram menos 7.

Os estabelecimentos médicos registraram alta de três postos, resultado seguido pelas instituições de ensino, com seis vagas a mais. O subsetor educacional teve um dos melhores resultados no acumulado do ano, com mais 34 vagas.

“Quando a gente analisa o quadro e vê que todos os setores continuaram a demitir, é um negócio que não esperávamos acontecer”, analisou.

O comércio, terceiro maior empregador via CLT, com 7.738 postos em janeiro, também teve resultados negativos em maio. Foram oito postos de trabalho fechados no mês e 96 no ano.

O setor acompanhou a queda da renda das famílias. Com mais desempregados na praça, o dinheiro que circula pelas lojas e supermercados é menor.

A construção civil continuou o ritmo de desligamentos em maio. Com 24 postos fechados, o setor teve menos 10 vagas desde janeiro.

Segundo o Ministério do Trabalho, no primeiro dia do ano, eram 846 trabalhadores no ramo da construção com carteira assinada. O número, todavia, pode não refletir a situação real do setor, pois muitos trabalhadores estão na informalidade ou trabalham por conta própria.

A reativação de canteiros de trabalho pode fazer com que a tendência do setor se reverta nos próximos meses. Segundo Morais, a construção civil é um dos ramos mais afetados pela política econômica, uma vez que depende de acesso ao crédito e demanda investimentos maiores por parte do empresariado.

Com a economia nacional andando em marcha lenta, as construtoras ficam relutantes em investir, temendo não recuperar os gastos.

A agropecuária também teve saldo negativo nos empregos em maio, com fechamento de três postos. No acumulado do ano, entretanto, o resultado é positivo, com abertura de dez vagas.

Na administração pública, o Caged avalia somente os funcionários regidos pela CLT. Em maio, foram mais 14 vagas e, nos cinco primeiros meses de 2017, menos 12.

No setor de serviços industriais de utilidade pública, o resultado foi de menos uma vaga em maio. O setor tem baixa representatividade no resultado global do Caged em Tatuí, com apenas 213 trabalhadores com carteira assinada.

Rodada de demissões

Após as grandes e médias empresas locais demitirem funcionários, chegou a vez dos pequenos negócios dispensarem, na opinião do chefe da agência regional do Ministério do Trabalho.

Conhecidas por “segurarem” mais os funcionários pela maior proximidade, as pequenas empresas “seguraram até onde conseguiram”, mas a situação local não deve permitir a manutenção das vagas.

Somente na segunda quinzena de junho, Morais disse acreditar que cerca de 20 funcionários de postos de combustíveis foram desligados. Ele credita a redução ao menor consumo de derivados de petróleo.

“Agora, chegou a vez das menores demitirem, reduzirem o pessoal. As empresas familiares seguram mais os funcionários, por uma questão humana”, avaliou.