Melhor no meio

A despeito das incertezas ainda a carregar a eventual candidatura à Presidência da República do ex-presidente Lula – agora também condenado em segunda instância -, ao menos o cenário francamente impertinente da polarização entre direita e esquerda pode estar se desanuviando – pelo menos no momento.

Isto é ótimo, caso se confirme, logo à frente. Entre alguns fatores, porque, curiosamente, há muito em comum entre as figuras mais destacadas nesses extremos: o próprio ex-presidente e o deputado Jair Bolsonaro.

Em que pese os discursos políticos baseados na (suposta) justiça social de um lado, do esquerdo, e da (suposta) liberdade de mercado e dos (supostos) direitos individuais, do direito, a realidade é que essas duas figuras são idênticas quanto à aposta no “populismo” – algo péssimo a qualquer país, mais ainda para os que enfrentam crises, tal o Brasil.

Populismo é uma prática de falar o que as pessoas querem ouvir e prometer atender a tudo que é pedido, mesmo não acreditando no que é dito e sabendo que não dá para cumprir nada.

Neste sentido, tanto faz se a retórica é de esquerda ou direita, tornando os dois pré-candidatos à frente nas pesquisas tão indesejáveis quanto parecidos.

Portanto, caso Lula não possa mesmo ser elegível, a tendência é de se arrefecer o ímpeto dos extremistas de direita, abrindo-se oportunidade ao “equilíbrio”, aquilo que o país realmente precisa.

Esse equilíbrio tanto é fundamental para se promover a gradativa diminuição da cisão (supostamente) ideológica que tanto tem resultado em conflitos desde as eleições gerais anteriores, em 2014.

Também, o equilíbrio é condição absolutamente essencial para se dar continuidade à recuperação da economia brasileira, que ainda enfrenta as dificuldades geradas pela maior crise de sua história.

Neste ponto, vale observação quanto à realidade tatuiana, a título de exemplo acerca da importância do distanciamento dos extremos. No meio desta semana, O Progresso publicou reportagem sobre depósitos em poupanças e financiamentos.

Claro, neste particular, Tatuí reflete a realidade nacional. Em meio a ela, muitos podem detestar o presidente Michel Temer (e isto não se discute), mas a atual política econômica é equilibrada – até porque delegada a quem entende do assunto -, e os resultados são evidentes: desemprego e inflação diminuindo, investimentos e poupança aumentando.

Em Tatuí, o Banco Central registrou crescimento de 9,17% no volume de depósitos em poupanças no período de um ano. A Estban (Estatística Bancária Mensal por Município), divulgada pela instituição financeira, contabiliza dados entre outubro de 2016 e de 2017.

A análise também revela aumento no número desse tipo de transação entre janeiro e outubro do ano passado. Do primeiro ao nono mês de 2017, os depósitos em poupança subiram 5,38%.

Em janeiro do ano passado, as 11 agências bancárias da cidade receberam R$ 382.178.586 em depósitos somente nas poupanças. Já em outubro de 2017, o volume de transação subiu, somando R$ 402.744.194.

A diferença é de pouco mais de R$ 20 milhões, mas ainda assim menor que no comparativo de um ano. A base de dados consultada pela reportagem de O Progresso abrange apenas os nove meses de 2017, em função da política do Banco Central.

De acordo com o órgão, os dados são gerados mensalmente e contemplam os saldos das principais rubricas de balancetes dos bancos com carteira comercial no município.

Entretanto, as informações são disponibilizadas 60 dias após a data-base do documento, com exceção de dezembro, liberado após 90 dias.

Na cidade, as transmissões de dados são feitas por seis instituições financeiras: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco Mercantil do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander.

Juntas, elas somaram R$ 21.602.585 em caixa somente em outubro do ano passado. A cifra representa o montante em dinheiro movimentado.

No comparativo anual, de outubro de 2016 a outubro de 2017, o caixa dos bancos “engordou” 32,51%, já que, no ano retrasado, as instituições financeiras haviam registrado R$ 14.578.551.

Em porcentagem bem menor, mas ainda assim maior, os depósitos bancários subiram de um ano a outro. Em outubro de 2016, as seis instituições totalizaram R$ 365.817.604. Já em outubro de 2017, somaram R$ 402.744.194 em depósitos.

Outro dado revelado pela Estban diz respeito aos financiamentos de imóveis. Em Tatuí, apenas a CEF e o Banco do Brasil abriram crédito para a compra de terreno, casa própria e apartamento com a finalidade de moradia.

A Caixa Econômica é responsável pela maior fatia dos financiamentos imobiliários. As agências da cidade liberaram, em janeiro de 2017, um total de R$ 422.150.608, dos R$ 441.584.566 destinados à compra da casa própria. O Banco do Brasil concedeu outros R$ 19.433.958 em financiamento.

Em outubro do mesmo ano, o BB liberou menos recursos para a compra da casa própria em longo prazo. As agências locais registraram R$ 18.774.961 em financiamentos. Em contrapartida, a Caixa aumentou o crédito imobiliário, repassando R$ 454.945.986.

A diferença entre um ano e outro foi de R$ 32.136.381 a mais, mesmo com a restrição do crédito imobiliário imposto pelo governo federal no ano passado. O montante equivale a aumento de 6,78% no financiamento imobiliário.

Estes dados confirmam a realidade de que o “centro” é muito mais produtivo que os extremos, mesmo sob um governo sem apelo carismático, nada populista – senão deveras impopular.

Quanto à recorrência dos “supostos”, ela serve apenas para ressaltar que, na verdade, a imensa maioria dos seguidores dos populistas sequer tem ideia das ideologias políticas opostas, tal os próprios populistas, que quase nada praticam daquilo que defendem – supostamente…