Iniciada busca de acervo para a criação efetiva de MIS tatuiano





Fotografias, filmagens e livros produzidos por tatuianos são algumas das manifestações artísticas e culturais que Domingos Jacob Filho, o Mingo Jacob, e Pedro Henrique de Campos estão garimpando. Juntos, eles querem montar um acervo para a criação efetiva do MIS (Museu da Imagem e do Som) de Tatuí.

Anunciado pela primeira vez em dezembro do ano passado, o projeto é considerado ambicioso, mas avançou após adaptações. Mingo e Campos iniciaram conversas com intelectuais e pessoas que detêm materiais históricos para catalogar os materiais que poderão ser colocados à exposição do público.

Os dois querem, também, promover encontros para discutir a arte, o desenvolvimento da cultura e preservar a história do município no campo audiovisual. Mingo informou que ainda não há uma data para que a primeira ação concreta possa ser realizada. “Estamos na fase de coleta”, argumentou.

A meta inicial é de obter o maior número possível de material para que o espaço possa nascer. “O nome ainda não está definido, mas vai ser uma espécie de MIS com nossas fotos, filmagens e livros”, comentou o artista plástico.

O primeiro lote de doações deverá vir de Ivan Gonçalves. “Ele tem todos os autores tatuianos que escreveram livros e vai nos ceder”, adiantou Mingo. Conforme ele, Gonçalves também entregará cópias de filmagens de carnavais das décadas de 60 e 70. As imagens estão disponíveis em formato DVD.

Os materiais serão recebidos a partir de termo de doação e passarão por um trabalho de curadoria. A seleção será feita a partir de encontros, como os que já estão sendo realizados pelos envolvidos no ateliê de Mingo, à rua Humaitá, 89.

“Vira e mexe estamos nos reunindo. Vamos agregar um pessoal mais especializado mais adiante”, antecipou Mingo. Entre esses convidados, estarão o artista plástico, cenógrafo e professor Jaime Pinheiro e o jornalista, escritor e editor responsável pelo jornal O Progresso, Ivan Camargo.

A intenção é que esses profissionais possam contribuir com suas respectivas visões para o aprimoramento do projeto. Também a partir deles, Mingo e Campos querem ter acesso a novos materiais para ampliação do acervo.

“O objetivo é focarmos em algo que valorize a produção tatuiana, mas como é imagem e som, vamos tentar agregar filmagens e obras minhas”, disse Mingo.

Ele assina conjunto de obras denominado “Tatuí na Visão do Artista” e que tem como tema paisagens locais. O trabalho incluiu telas com motivos urbanos (praças, prédios públicos, periferia da cidade e feiras) e rurais (cenas de riachos, rebanhos, fazendas e casas de campo) e retrata espaços comuns aos tatuianos. Locais que ainda persistem em existir e outros que “já sumiram do mapa”.

Além dos quadros, dos filmes e dos livros, o acervo do novo museu poderá conter documentos que nortearam produções locais. Exemplo são apostilas de curso de produção cinematográfica realizada por correspondência por tatuianos. “São relíquias que envolvem muitas ideias, mas que sairão do papel”, garantiu.

Mingo e Campos discutem a criação da “versão caipira” do MIS desde o início do ano. Em janeiro, eles passaram a realizar encontros para a concretização de um projeto que prevê exposições e fomento à produção cultural.

Campos é supervisor de ensino aposentado e um dos defensores da criação de um museu voltado para a preservação da memória de conteúdo audiovisual produzido em Tatuí. Em dezembro de 2014, ele entregou uma cópia do projeto de criação de um museu para o Conselho Municipal de Políticas Culturais.

Entretanto, a primeira proposta é considerada mais ambiciosa. Ela sugere a construção de um polo cultural, de um espaço para trabalhos visando ao resgate de tradições culturais da região, a criação de um “arquivo de memória” do município e a promoção de eventos envolvendo todas as artes e artistas.

A ideia é que o espaço possa ser utilizado para realização de oficinas culturais, produção de documentários e divulgação de ações por meio de sinais de rádio e TV pública aberta e de webTV (com acesso gratuito pela internet). Esses recursos seriam utilizados pelas unidades de ensino “como meio de incentivo e de descoberta de novos talentos, unindo educação e cultura”.

Como forma de não gerar custos para o município, Campos projetou que o “polo cultural” fosse implantado na “João Florêncio”. Conforme ele, a unidade restaurada em 2012 atende a alunos de diversos bairros periféricos, como São Conrado, Jardim América, vila Santa Luzia e Jardim Thomáz Guedes.

Como o projeto se enquadra no campo “ação” e não nas diretrizes que serão estabelecidas em lei pelo poder público, o supervisor resolveu adaptá-lo. Pretende começar com uma exposição pequena e que pode ser sediada no ateliê de Mingo.

A mudança de estratégia do supervisor surgiu por conta da “amplitude” da proposta original. Ela previa a implantação de todos os setores do Museu da Imagem e do Som de Tatuí de uma só vez. Para torná-lo mais concreto, Campos decidiu dividi-lo “por partes” e envolver a classe artística na efetivação.

De modo a instigar tanto os artistas como a população no engajamento para a implantação do MIS – ainda que em etapas –, o supervisor pretende organizar uma exposição. A mostra incluirá cartazes e equipamentos de filmagem antigos.

Caso vingue, a exposição deverá ter visitação aberta por “prazo indeterminado”. Além desse trabalho, Campos estuda a possibilidade de estabelecer parcerias com, pelo menos, duas entidades locais: a Amart (Associação dos Artistas Plásticos de Tatuí e Região) e a Associação Cultural Pró-Arte.

Além de equipamentos antigos de projeção de vídeo e de aparelhos radiofônicos, Campos e Mingo pretendem agregar um painel à lista de objetos abertos à visitação. Nele, deverão ser inseridos nomes e as áreas de atuação do “maior número possível” de artistas que desenvolvem trabalhos em Tatuí.

A partir dessas ações, Campos pretende estimular novos encontros, agregar sugestões e chegar ao modelo ideal de um novo museu. “Nossa proposta está lançada. O que nós queremos é chamar atenção para que saia alguma coisa”, concluiu.