Homem é detido com documentos falsos tentando vender Fiat Doblô

Cristiano Mota

Civil apreendeu documentos falsos e duas CNHs com o suspeito

 

Ação da Polícia Civil na tarde de sexta-feira, 9, evitou a ocorrência de estelionato e resultou na detenção de um morador de São Paulo. Márcio Liberti de Almeida, 33, recebeu voz de prisão por volta das 14h.

Ele é acusado de integrar quadrilha que tentava aplicar golpe em agência de veículos. O esquema revelado pelo próprio suspeito ao delegado titular do município, José Alexandre Garcia Andreucci, foi descoberto após denúncia.

De acordo com o titular, Almeida estava tentando vender um automóvel Fiat Doblò a um estabelecimento que atua com compra e venda de veículos. Ele estaria oferecendo o carro por uma quantia um pouco abaixo da tabela.

Avaliado em aproximadamente R$ 50 mil, o Doblò estava sendo negociado por R$ 10 mil a menos. A proposta do suposto estelionatário teria interessado aos funcionários do estabelecimento local.

Antes de fechar negócio, porém, um dos empregados do local observou que a idade do vendedor não “era compatível com a aparência física dele” (com a foto no RG).

“O documento era de uma pessoa nascida em 1952. Porém, Almeida só tinha 33 anos”, disse o delegado. Andreucci explicou que o funcionário somente desconfiou depois de tentar checar as documentações.

Conforme ele, o empregado havia acessado sites na internet. Por causa da diferença do ano de nascimento e da aparência, resolveu acionar os investigadores.

“Ele apresentou documentos nos quais aparentava ser muito mais novo. Por esse motivo, o lojista entrou em contato conosco”, ressaltou o titular.

Depois de uma rápida conversa, Andreucci e a equipe acompanharam o suspeito até a Delegacia de Polícia Central. Lá, apuraram que Almeida havia apresentado documento em nome do verdadeiro proprietário do veículo. A vítima, Severino Antonio da Silva, tem pouco mais de 50 anos.

Conforme Andreucci, o suspeito disse que havia comprado o Doblò da vítima em São Paulo, usando cheques e documentos falsos em nome de uma terceira pessoa.
A ideia do acusado era vender o veículo antes que Silva notasse que havia caído em um golpe e, com isso, bloqueasse a documentação.

“Usando documentos falsos, ele tentou se passar por Silva e vender o carro”, reafirmou o delegado. De acordo com ele, o suspeito teria confessado que havia comprado documentação falsa (RG, CPF, CNH, entre outros) na cidade de São Paulo.

Em Tatuí, ele havia apresentado até mesmo comprovantes falsos de renda e de endereço (contas de água e luz em nome da vítima).

A PC informou que este tipo de golpe é aplicado em diversas cidades do Estado. As primeiras vítimas são os proprietários de veículos que vendem os automóveis por um valor acima do preço de mercado e recebem, geralmente, com cheques clonados, furtados, ou falsificados.

Antes que os proprietários percebam que caíram em golpes, os criminosos repassam os veículos. Os alvos são, nesta etapa do estelionato, as lojas e concessionárias de automóveis. As vendas são feitas, em geral, nos dias seguintes às compras e por um preço abaixo do valor de mercado.

Segundo Andreucci, os criminosos têm pressa por causa do prazo da compensação dos pagamentos. Os veículos precisam ser vendidos antes que os cheques falsos não sejam compensados e que as vítimas bloqueiem as documentações. Os carros são comprados em grandes centros e vendidos no interior.

“Ele acabou confidenciando, em depoimento, que acreditava que, na cidade do interior, pelas pessoas serem mais ‘caipiras’, ele conseguira dar o golpe mais facilmente”, disse o delegado titular. Conforme ele, Almeida confessou o crime, tendo sido indiciado no mesmo dia por estelionato e uso de documento falso.

O golpista teria comprado o Doblò na quinta-feira, pelo valor de R$ 60 mil. Na manhã do dia seguinte, sexta-feira, 9, já havia conseguido falsificar todos os documentos da vítima – que haviam sido apresentados na negociação.

Preliminarmente, a PC informou que os documentos são feitos a partir de falsificação. A CNH apresentada pelo acusado, por exemplo, não teria sido impressa em espelho oficial. Segundo a PC, o número não segue sequencia oficial.

Entretanto, Andreucci destacou que os documentos falsificados são muito parecidos com os originais. O delegado também chamou a atenção pela rapidez com que o suspeito havia conseguido as cópias falsas. “De um dia para o outro, ele conseguiu todos os documentos”.

De acordo com o titular, o golpe é “quase perfeito”. Andreucci explicou que dificilmente o crime é descoberto pelo vendedor ou pelo comprador.

No momento da compra, os lojistas verificam a documentação do veículo e sinais de adulteração no próprio automóvel, como numeração do chassi, por exemplo.

Almeida será julgado por crimes em Tatuí e São Paulo. Na oitiva, ele teria dito que havia comprado os documentos falsos em São Paulo. O delegado, porém, acredita que a falsificação envolva uma “grande quadrilha”.

Também em depoimento, o homem teria confessado que já havia aplicado um golpe. “Como deu certo, ele resolveu tentar de novo”, disse o responsável pelo caso.

Andreucci afirmou, ainda, que Almeida contou como agia. Ele procurava os donos de automóveis pela internet, aparecia para negociar em um posto de combustíveis e sempre ostentando dinheiro.

A PC recomenda que tanto quem vá vender como quem vá comprar automóvel tome uma série de precauções. A primeira – e principal – é não aceitar pagamentos em cheque.

De acordo com Andreucci, as negociações devem ser feitas sempre que possível em dinheiro e dentro de agências bancárias.

Os vendedores e compradores também devem assinar a transferência depois de o pagamento ter sido compensado. Só então, entregar a documentação.

Pelos crimes cometidos em Tatuí, o suspeito poderá pegar pena de até 11 anos, somadas as de estelionato (que variam de um a cinco anos de detenção) e de uso de documento falso (que vão de três a 11 anos de reclusão).