Fundo Social projeta expansão de fraldário e quer mais participação





Cristiano Mota

Néia confecciona fraldas em projeto do Fundo Social; entidade aguarda parceria para ampliar a produção

 

Antonio Brogliato Engel é um dos responsáveis pela implantação de projeto piloto que está sendo expandido pelo Fundo Social de Solidariedade. Professor de costura industrial, curso oferecido na sede da entidade no bairro Tanquinho, Engel deu treinamentos e fez adaptações nas máquinas que compõem o fraldário.

Implantado no início deste ano, o espaço está pronto para ser ampliado e, com isso, aumentar a ajuda a famílias e entidades assistenciais. Atualmente, as fraldas produzidas pelo Fundo Social são encaminhadas para a secretaria municipal da Saúde e para o Departamento Municipal do Bem-Estar e Assistência Social.

O fraldário produz, atualmente, 5.000 fraldas com custo 60% menor que as adquiridas pelo Executivo. “A cada peça entregue é uma que a Prefeitura deixou de comprar”, explicou a primeira-dama e presidente do Fundo Social, Ana Paula Cury Fiuza Coelho.

A primeira-dama apresentou o projeto à reportagem de O Progresso na quarta-feira da semana passada, dia 27 de agosto. Ana Paula contou que o fraldário começou a ser implantado a partir de ideia apresentada por Engel, mais conhecido como Toninho. Ele trouxe a sugestão da cidade de Buri, onde criou os mecanismos necessários para a produção de fraldas infantis e geriátricas.

No Fundo Social, Toninho capacita homens e mulheres no curso de costura industrial. “Eles saem daqui aptos a ingressar em qualquer confecção”, contou. O professor integra equipe do Fundo Social desde fevereiro do ano passado.

Além de conhecer os diferentes tipos de máquinas, os frequentadores aprendem o funcionamento delas, a fazer passamento de linha e controlar o equipamento. O passo seguinte é o aprendizado de como pregar bolsos, costurar zíperes e camisetas de malha, este último aprendizado em máquina overloque.

O curso de costura industrial tem duração de quatro meses, com os formandos recebendo certificado de conclusão. Além do comprovante de conclusão, os alunos adquirem conhecimento de todo o funcionamento de uma confecção.

“A única ressalva é que, aqui, os alunos não têm como adquirir prática de produção em série. Eles saem conhecendo tudo sobre costura, mas em função da nossa estrutura, não temos como dar aula na prática”, contou o professor.

O curso funciona de segunda a quinta-feira, sendo oferecido em duas turmas. A primeira frequenta capacitação no horário das 8h30 às 11h30; a segunda, das 13h30 às 17h30. Os formandos podem continuar a se aprimorar no curso de corte e costura, que é mantido pelo Fundo Social na “Escola da Moda”, no CDHU (Conjunto Habitacional “Orlando Lisboa de Almeida”).

Nos dois locais (CDHU e bairro Tanquinho), o Fundo Social fornece todos os suprimentos necessários para a realização dos cursos. “Nós damos tudo. Os alunos só entram com a vontade de aprender a costurar”, afirmou Toninho.

A partir das capacitações, o Fundo Social agregou “novas experiências”. A mais bem-sucedida delas é o fraldário, anunciado no plano de governo da atual administração. Com auxílio de Toninho, a primeira-dama deu início à implantação do projeto piloto. O professor do Fundo Social trabalhou na instalação dos equipamentos e no treinamento da profissional que coordena o fraldário.

Edinéia de Barros, a Néia, responde atualmente pela produção de fraldas entregues ao Executivo. A coordenadora tornou-se multiplicadora da iniciativa. “Nós pretendemos trazer mais pessoas para nos auxiliar”, revelou ela.

O plano do Fundo Social é agregar pessoas encaminhadas pela CPMA (Central de Penas e Medidas Alternativas) e em liberdade assistida, via Cras (Centro de Referência de Assistência Social). A intenção é utilizá-las como mão de obra para a produção de fraldas distribuídas para pessoas carentes.

São produzidas pelo Fundo Social, fraldas infantis (nos tamanhos P, M e G) e geriátricas (em tamanho único). As peças são fabricadas em duas máquinas, fruto de doação. A primeira foi cedida à entidade pela empresa Valecred Soluções Financeiras; a segunda, por um morador do bairro Tanquinho.

A produção teve início em fevereiro deste ano, gerando 5.000 unidades por mês. As fraldas são embaladas em pacotes e armazenadas em caixas, em espaço próprio, juntamente com parte dos materiais usados na fabricação. Outra parte dos insumos fica armazenada no centro de capacitação da vila São Lázaro.

“Nossa ideia não é que a coordenadora fique responsável por toda a produção. Nós queremos que ela coordene outras pessoas, para criarmos uma rede de apoio em torno dessa ação”, enfatizou a presidente do Fundo Social.

Ana Paula adiantou que, para isso, a prefeitura está iniciando entendimentos com diversas instituições. O plano é, também, envolver voluntários e pessoas de famílias que sejam beneficiadas com as doações de fraldas.

O sistema de cooperação já foi testado pelo Fundo Social, como afirmou a assistente social Adriana Rosa. Conforme ela, no início da implantação, pessoas encaminhadas pela Justiça pela CPMA participaram de confecções de fraldas.

“Nós trouxemos para ver se funcionava, e vimos que deu certo, só que precisávamos ter uma coordenadora”, disse Adriana. Segundo a assistente social, naquele momento, Néia foi agregada ao projeto de modo permanente.

A figura dela era importante não só para manter a produção, mas por conta do tempo que os colaboradores irão auxiliar na confecção. Como os encaminhados ficam por períodos distintos (de um dia a meses), é necessário haver uma pessoa coordenando a produção para que ela tenha continuidade.

“Depois de tudo isso, nós chegamos nessa fase. Já passamos pela experimental, com as pessoas encaminhadas pela CPMA, e alguns voluntários do Cras, e agora estamos no processo de expansão”, afirmou Ana Paula.

Redução

No início deste ano, o fraldário representou redução de 60% dos gastos da Prefeitura com compra de unidade de fralda. Os dados foram apresentados pelo Fundo Social.

Conforme a primeira-dama, as fraldas adquiridas pelo Executivo são entregues a pessoas atendidas pela Assistência Social e pela Secretaria Municipal da Saúde.

Ana Paula informou que a Prefeitura contabiliza doação de 7.835 fraldas por mês, que são doadas para famílias carentes – tanto para crianças como para idosos. Cada unidade sai a R$ 0,90 quando comprada. As produzidas pelo fraldário custam R$ 0,30 – R$ 0,60 (ou 60% em porcentagem) mais barato.

“Mais em conta”, as unidades de fraldas são retiradas esporadicamente pela equipes do Departamento de Bem-Estar Social e da Secretaria Municipal da Saúde.

Até o momento, Ana Paula afirmou que essas serão as únicas “responsabilidades do fraldário”. “Eu já sou ousada, mas tenho de ir com menos sede ao pote. Por isso, vamos atender somente esses dois setores”, disse Ana Paula.

Tanto o departamento como a secretaria fazem a retirada das fraldas e se responsabilizam pela distribuição. “Nós vamos cuidar somente do feitio. O fornecimento não está e não ficará sob responsabilidade do fundo”, disse a primeira-dama.

Para que o Fundo Social pudesse chegar ao percentual anunciado de economia, houve necessidade de ajustes. Os maquinários cedidos para a entidade, por exemplo, tiveram de ser adaptados para a produção das fraldas.

Depois de vários acertos, a máquina cedida pela Valecred passou a produzir exclusivamente fraldas geriátricas (por ser maior e por conta dos ajustes dos elásticos). A segunda, cedida por um morador, destina-se à fabricação das infantis, nos tamanhos P, M e G. Todas, vêm com gel e fita adesiva.

No primeiro momento de funcionamento do fraldário, as peças foram fabricadas com ajuda da Justiça. Por meio de parceria com o Fundo Social, o Judiciário enviou pessoas sentenciadas a cumprir serviços comunitários. O encaminhamento ficou a cargo da Central de Penas e Medidas Alternativas.

O fraldário começou a operar no bairro Tanquinho em agosto de 2013, quando contabilizou, em média, 120 peças, entre infantis e geriátricas. No entanto, cada uma das máquinas tem capacidade para produzir 15 mil fraldas.

No momento, a fabricação atinge um terço da capacidade, com dedicação apenas da coordenadora. Como o Fundo Social depende de pessoal para ampliar a produção, o número de unidades frabricadas pelo projeto não deve aumentar.

As famílias assistidas são cadastradas previamente por outros órgãos. Ana Paula ressaltou que o Fundo Social não faz a triagem das pessoas que recebem os materiais. De acordo com ela, a entidade apenas entrega as fraldas.

Os cadastramentos ficam a cargo da Saúde (por meio do PAD – Programa de Atendimento Domiciliar) e da Assistência Social. Junto a essa última, estão pessoas atendidas pelo Cras nos diversos programas desenvolvidos em Tatuí.