Feira promove adoção de 12 filhotes e organizadores cogitam nova edição





AC Prefeitura / Evandro Ananias

Filhotes levados à adoção permaneceram em estande montado em praça central por um período de 2h

 

Na manhã do dia 27 de junho, Tiago Cavalheiro conheceu “o mais novo membro da família”. Ele adotou o último dos 12 filhotes de cães colocados à disposição da população por ocasião da 1ª edição da “Feira de Adoção do Canil Municipal”.

“Infelizmente, uma cachorrinha nossa faleceu. A gente era muito apegado. Era uma burriler. Aí, faz falta ter outro cachorro em casa. Felizmente, com essa iniciativa encontramos um animal que já vem castrado, vacinado e vermifugado”, disse.

O evento aconteceu na Praça da Matriz, das 9h às 12h, foi considerado um sucesso pelos organizadores e chamou a atenção para a posse responsável. De quebra, serviu de vitrine para o trabalho da ONG Ani+, que implantou novo modelo de gestão no Canil Municipal. O trabalho é feito em parceria com a Prefeitura.

Cavalheiro elogiou a iniciativa dos órgãos envolvidos (Executivo e a organização não governamental). Ele disse, ainda, que a feira ajudou muitas famílias a “unirem o útil ao agradável” por ser realizada em local com grande circulação de pessoas.

“Minha família toda está esperando um animalzinho. Esse evento é muito importante porque traz os cachorros do canil ao alcance da população. Muita gente não vai até lá por desconhecimento. Acho que o que falta é educação”, declarou.

Para ele, o número de animais no canil poderia ser menor se a população soubesse do trabalho que é desenvolvido no espaço. “Nosso sistema de ensino está falido. Então, as pessoas são mal informadas. Se fosse levado para elas mais informações, elas, com certeza, seriam mais conscientizadas”, adicionou.

Em partes para reduzir esse “déficit”, o secretário municipal da Saúde, Máximo Machado Lourenço, afirmou que o evento tem como um dos objetivos estimular a posse responsável. O titular da pasta afirmou que o número de animais abandonados seria menor se houvesse conscientização dos proprietários.

“Nós preparamos esses animais para que eles fossem colocados à adoção e que pudessem ter um cuidado mais afetivo”, citou o secretário. Conforme ele, os cães do Canil Municipal recebem tratamentos de saúde (castração, vacinação e vermifugação), mas necessitam, em grande parte, de carinho e proteção.

Máximo disse que os animais passam pelos tratamentos, também, de modo a evitar “problemas de saúde pública”. Entre eles, a transmissão de doenças. “É preciso garantir que os animais tivessem boa saúde para que não venham a transferir problemas para as famílias que os adotaram”, falou o secretário.

Ao todo, 12 filhotes foram levados à feira e adotados em menos de duas horas. “Nem deu muito tempo. O pessoal estava muito ansioso para conhecê-los e, quase que imediatamente, os levou para casa”, relatou Máximo.

De acordo com o secretário, a adoção dá melhores condições de vida aos animais ao mesmo tempo em que resolve um dos problemas do município: o abandono.

O processo de adoção será acompanhado por voluntários da Ani+. Também em parceria com a Prefeitura, eles irão monitorar as famílias e verificar as condições de tratamento dos animais (alimentação e acomodação, entre outros). “Se houver a necessidade de repassar alguma orientação, os voluntários realizarão esse trabalho. Tudo para garantir um bom cuidado”, disse Máximo.

Integrante da Ani+, Luana Soares Muzille considerou o evento um sucesso. A voluntária atuou na coordenação do evento e trabalha em outras atividades da ONG. Luana também sinalizou para a possibilidade de uma segunda edição. “Essa foi a primeira, mas a gente tem bastante animal, ainda, para doar”, disse.

Os membros da organização atuam no Canil Municipal desde janeiro deste ano. De forma voluntária, eles assumiram a missão de cuidar dos animais (na questão da saúde e que envolve qualidade de vida), com consentimento da Prefeitura.

Nos seis meses de trabalho – sete, contando com este mês – os voluntários promoveram “incontáveis resgates” de animais de rua. Também trabalharam, mais incisivamente, no sentido de melhorar as condições de saúde dos animais que já estavam no canil. “Quando chegamos, era um universo de 33 animais. Depois, isso se estendeu e chegamos a até 52”, comentou.

Luana destacou, ainda, que a equipe reduziu “bastante” o número de cães que vão parar no Canil Municipal com um “trabalho intensivo de castração”. A ONG passou a investir “maciçamente” no procedimento ao constatar que 90% dos animais que estavam no espaço não eram esterilizados.

Atualmente, todos os cães atendidos pela Prefeitura são castrados, vacinados e vermifugados. O tratamento segue um protocolo veterinário, a cargo de Camila Aguiar Paes. A profissional também acompanhou a feira de adoção.

“Foi um fenômeno. Nós não imaginávamos que fosse ter tanto sucesso, assim, e que fôssemos encontrar bons adotantes”, declarou Luana sobre a expectativa da ONG com relação à primeira edição do evento municipal de adoção.

Conforme ela, muitas pessoas “voltaram para casa sem animal”. Em determinados casos, porque todos os animais haviam sido adotados; em outros, em razão de a equipe que coordenou a iniciativa declinou o pedido de adoção.

“Alguns potenciais adotantes não tinham muito o perfil. Às vezes, a casa não tem espaço adequado e a pessoa é um pouco resistente a manter o animal livre. Tem gente que pensa que é melhor manter o animal acorrentado. Então, em alguns momentos, acabamos declinando o pedido”, justificou.

Luana citou, ainda, que houve casos em que os potenciais adotantes gostariam de animais adultos. Por conta disso, a ONG realizou visitação na manhã do dia seguinte ao evento. No domingo, 29 de junho, um grupo de pessoas foi convidado a conhecer as instalações do Canil Municipal e os cães adultos.

O cuidado do grupo de voluntários não é considerado um “excesso de zelo”, uma vez que a triagem evita que os animais sejam abandonados. “A gente quer ter a certeza quase inequívoca de que esses animais serão, realmente, amados do início até o fim da vida deles e que, quando estiveram velhinhos, não sejam abandonados, novamente”, frisou a voluntária.

Além de uma entrevista, os adotantes assinaram um termo de adoção responsável. O documento funciona quase que como um contrato e precisa ser preenchido com dados como RG, CPF, nome completo e endereço. Ele inclui várias cláusulas, sendo a mais importante a que cita que se a pessoa que adotou o animal não se adaptar a ele – ou vice-versa – pode ter a posse reivindicada.

Por conta disso, há o trabalho de acompanhamento. O trabalho é realizado nos três primeiros meses. “Depois, nós entendemos que a pessoa tem condições de caminhar pelas próprias pernas”, considerou a coordenadora do evento.

Conforme ela, até o momento, a ONG não precisou interferir em nenhum processo de adoção. Luana afirmou que, em todos os casos anteriores, os proprietários entenderam as orientações dos voluntários sobre os cuidados com os animais.

“Tudo isso é feito de uma forma bem tranquila. Até o momento, a gente não teve de fazer nenhuma intervenção judicial, não tivemos nenhuma briga”, contou.

Gatos

Além de cães, a Ani+ atua no atendimento a gatos. Entretanto, conforme a Luana, as ações não são maiores em função de o município não dispor de gatil. A voluntária explicou que a ONG resgata bichanos abandonados, mas disse que, como não há um espaço público para alocá-los, eles ficam em “lares provisórios”.

Também em parceria com outra entidade, a ONG Cia. do Bicho, a Ani+ promove mutirões de castração. A iniciativa prepara os gatos e gatas para adoção que, neste caso, não é feito por meio de feiras, mas pela internet via redes sociais.