Dono se defende e diz que não havia nada de irregular em local





Ouvido pelo delegado José Alexandre Garcia Andreucci, o proprietário da clínica “Liberdade de Vida”, Victor Custódio Ribeiro, negou irregularidades. Ele conversou com o titular junto com a reportagem de O Progresso, na manhã de quinta-feira, 17, na sela provisória do plantão policial.

O empresário disse que não exercia irregularmente a profissão de terapeuta. Afirmou que não era graduado, mas que havia concluído um curso de capacitação na área. “Fiz um curso particular, por fora, não sou graduado”, afirmou.

Ribeiro também negou que houvesse negligência da clínica com relação à falta de médicos, psiquiatras e enfermeiros. De acordo com ele, o acompanhamento clínico era feito por dois profissionais. Os médicos também prescreveriam os remédios ministrados pelos ex-internos.

Ainda durante a conversa, o dono da clínica negou que a sala de contenção estivesse irregular. Ele afirmou que o cômodo inacabado era utilizado como sala de observação, que ficava ao lado da enfermaria e que todos os pacientes que passavam por ela nunca ficavam sozinhos, mas acompanhados.

O empresário alegou, ainda, que a sala havia sido refeita conforme “recomendações da Vigilância Sanitária” do município. De acordo com ele, o órgão local acompanhou todo o processo, tendo, inclusive, emitido alvará de funcionamento.

Caio Antunes Lacerda, 20, detido em flagrante junto com o dono como responsável pela clínica, disse que atuava como voluntário e não tinha uma função específica. Ele afirmou que, por conta disso, não era remunerado. “Já fui interno, melhorei e estou como estagiário”, comentou.

Elias Inácio de Souza, 24, que também recebeu voz de prisão, atuava como conselheiro. Ele tinha cargo remunerado e era responsável pela realização de reuniões.

“Também monitorava as pessoas e ficava fiscalizando, quase como um segurança, para evitar brigas e um monte de coisas”, contou.

Já André Luis Campos Costa, 30, o quarto preso, exercia a função de coordenador. Ele ficava incumbido de fazer tarefas externas, como pagamentos de contas, compras e serviços administrativos.

Os três, além do proprietário da clínica, teriam outras funções, de acordo com a polícia. Eles praticariam tortura contra os pacientes que não se comportassem bem.

“As irregularidades, ali, eram brutais. Nós vamos verificar, daqui para frente, se ocorre o mesmo nas filias da clínica”, disse Andreucci. A Liberdade de Vida tem unidades nas cidades de Cesário Lange e Bragança Paulista.