Cordão dos Bichos programa para esta semana o restauro de bonecos





Arquivo o Progresso

Bichos da fauna brasileira serão avaliados por componentes nos próximos dias e, na sequência, recuperados caso necessário

 

Janeiro é o mês no qual a tradição folclórica de Tatuí começa a ficar em evidência. É nesta época do ano que o Cordão dos Bichos inicia preparativos para as apresentações que serão realizadas ao longo do ano. A primeira delas e a que abre o calendário é o Carnaval, celebrado neste ano em 17 de fevereiro.

Para comparecer aos compromissos – e participar da maior festa popular do país –, o grupo realiza manutenção de seus bonecos. O trabalho de restauro está previsto para ser iniciado nesta semana. A previsão é de conclusão até o fim do mês.

O presidente do Cordão dos Bichos, Pedro da Silva, explicou que o trabalho é dividido em três etapas. A recuperação dos bonecos utilizados pelos componentes também é feita em dias diferenciados. A diretoria, por exemplo, faz a recuperação durante a semana. Os demais membros, aos fins de semana.

“Os diretores vão adiantando o serviço, para que, nos finais de semana, todos possam realizá-lo juntos”, explicou Silva. O presidente do grupo folclórico afirmou que nem todos os bonecos – dos mais de 40 – precisarão de reparos. “Somente serão recuperados aqueles que necessitarem”, comentou.

Por essa razão é que a diretoria inicia os trabalhos primeiro. Parte dos membros faz uma avaliação das condições dos bonecos. O levantamento inclui quais precisam e quais não precisam de restauro e quais tipos de recuperação são necessários.

O trabalho é realizado em três etapas distintas. A primeira consiste em descascar os bonecos (retirar os materiais que os revestem). A segunda, em recolocar um novo material de cobertura (por meio da técnica da papietagem – colagem de jornal). A terceira e última, é a secagem dos materiais.

No total, o grupo leva entre dez e 15 dias para que todo o serviço seja completado. Segundo Silva, o prazo é curto porque todos os membros do Cordão dos Bichos estão preparados para realizar os trabalhos. A maioria deles recebeu treinamento e promove a recuperação há, pelo menos, mais de um ano.

“Nossos componentes são bastante experientes e dominam a técnica. É diferente quando se tem que recrutar novas pessoas e ensinar o trabalho”, comentou.

Além do restauro, o grupo folclórico promoverá oficinas abertas ao público em geral. Elas serão realizadas na sede social do grupo, à rua Roque Giovani Adão Bertin, 341, no Jardim Chácara Junqueira, ao lado do salão social e da sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e perto da Delegacia Central.

As oficinas antecedem o Carnaval e são promovidas para estimular a participação de mais pessoas e como forma de propagar a tradição folclórica. “Elas servem para que o folião que estiver interessado em entrar para o grupo possa ver como ele funciona e quais são os bonecos disponíveis”, disse.

O presidente afirmou que nem todas as figuras podem ser utilizadas pelas pessoas. Silva explicou que é preciso verificar peso, altura e medida dos bonecos. “Não é só chegar, escolher e sair brincando. É preciso verificar se as pessoas terão condições de manipular os bonecos com segurança”, comentou.

Durante a realização das oficinas, o grupo abrirá a sede para que a população possa conhecer um pouco mais sobre o trabalho desenvolvido. “Em geral, nós expomos bichos na frente da sede social e deixamos membros de plantão para que as pessoas possam conhecer nossas figuras”, disse Silva.

Até esta semana, o grupo ainda não tinha data prevista para a realização dos ensaios. Esses também são abertos ao público e acontecem na sede social. O Cordão dos Bichos aguarda a definição de calendário por parte da Prefeitura para a realização de seus ensaios, visando desfiles no município. “Por enquanto, estamos esperando, mas, com certeza, vamos participar”, falou o presidente.

Também conforme ele, além de Tatuí, os bonecos poderão animar celebrações em outros municípios do Estado e país. “Nós temos a preocupação de dar prioridade para a cidade natal, mas se aparecer outra e, havendo disponibilidade de horário e dia, nós participaremos certamente”, citou.

Silva argumentou que o cordão é uma associação particular. Como não dispõe de verba pública (dos governos municipal, estadual e federal), ele precisa cobrar cachê para que possa custear a manutenção e as participações.


História

O Cordão dos Bichos surgiu em meados de 1928, idealizado por Vicente de Almeida e Aladim Ponce. Com a colaboração de funcionários da fábrica São Martinho, eles deram início ao grupo. Inicialmente, o cordão contava com três bichos: um elefante e dois cavalos, construídos por meio da papietagem.

Essa técnica consiste na utilização de materiais recicláveis – e simples – para dar forma a uma escultura, ou objeto. Em geral, a fabricação é feita com papel recortado e cola. Os bichos do cordão tatuiense contam, ainda, com estrutura feita com arame e bambu, que são secados e customizados (pintados).

Com o passar dos anos, o grupo deu início a produção de outros animais, chegando a ter 76 componentes. Atualmente, mais de 40 integram o cordão que tem como presidente de honra Moacir Peixoto e já participou de eventos em várias cidades brasileiras. Entre eles, o Festival Folclórico, de Olímpia.