Conservatório apresenta ópera de Mozart





AI Conservatório / Kazuo Watanabe

Alunos do setor de canto lírico apresentam versão divertida de ópera de Mozart; récitas são resultado de criação coletiva  de núcleo

 

O Conservatório de Tatuí apresenta três récitas da ópera “Bastião e Bastiana”, de W. A. Mozart, nos próximos dias 8, 9 e 20 deste mês. As apresentações são resultado de criação coletiva do Núcleo de Ópera e trazem “uma versão moderna e divertida” da ópera composta no ano de 1768.

As récitas estão agendadas para as 20h30 nesta sexta-feira, 8, e sábado, 9, no teatro “Procópio Ferreira”, e às 19h do próximo dia 20, no auditório da unidade 2, localizada na rua São Bento, 808.

A ópera “Bastião e Bastiana” está sendo trabalhada pelo Núcleo de Ópera do Conservatório de Tatuí desde o mês de maio. De acordo com a assessoria de comunicação do CDMCC, Mozart a escreveu quando ele tinha 12 anos de idade.

“A ópera foi, originalmente, baseada no intermezzo de J. J. Rousseau (1712-1778), “Le Devin Du Village” (1752)”, citou a assessoria da escola de música.

De acordo com o setor, a adaptação do Núcleo de Ópera do Conservatório de Tatuí “adota um contexto moderno e com diálogos adaptados para uma linguagem atualizada”. São três personagens principais: Bastiana, Bastião e Dr. Colas.

A história inicia-se com Bastiana indo ao consultório do “famoso psiquiatra Dr. Colas, na intenção de conseguir sanar a dor que sente em seu coração, devido à traição de seu amado Bastião”, cita a sinopse do espetáculo.

No entanto, Dr. Colas, ao ver a moça, apaixona-se subitamente pela sua beleza. “Então o conflito já está formado”, divulgou a assessoria em nota à imprensa.

A seleção do elenco aconteceu em junho e reuniu alunos da área de canto que desejavam participar da experiência. “Todos os alunos, motivados pela oportunidade, mostraram um crescimento considerável em relação à qualidade vocal e postura cênica”, adicionou, em nota, a assessoria do Conservatório.

Em função disso, a organização optou por escolher dois elencos: um destinado à apresentação no teatro “Procópio Ferreira” e outro no auditório da unidade 2. “O elenco ‘off-stage’ atua como coadjuvante nas apresentações em que não interpreta suas respectivas personagens, em um processo que envolve sempre a todos”, consta no texto enviado pela assessoria.

A produção é reflexo da montagem produzida pelo Conservatório de Tatuí da ópera “Orfeo ed Euridice”, em 2012, e, da consequente, “vivência dos participantes”.

“A partir da vivência que todos estiveram envolvidos ganharam, professores e coordenação da área de canto lírico decidiram que estas produções não poderiam parar. Em um esforço conjunto, nos preparamos para uma nova empreitada”, disse a professora Cristine Bello Guse, uma das coordenadoras do projeto.

A ópera “Bastião e Bastiana” traz, no elenco, Thais Azevedo e Merlise Moreira (sopranos); Josué Costa e Paulo Lanine (tenores); Roger Camargo e Luís Bernardo Trindade (baixo-barítonos).

Eles são acompanhados ao piano por Bruna Antunes. A direção geral é de Cristine Bello Guse, que divide a direção cênica com Cadmo Fausto. A direção musical é de Cadmo Fausto, Cristine Bello Guse e Marilane Bousquet.

Marcos Nascimento é assistente de direção e assina a produção, enquanto Marilane Bousquet é responsável pela preparação vocal. Também participam da montagem Jaime Pinheiro (cenografia), Dalila Ribeiro (maquiagem) e Carlos Alberto Agostinho (figurinos). A produção conta ainda com apoio do restaurante Ópera Mix.

Criação

A montagem da ópera a ser encenada neste ano é realizada de forma diferenciada. Conforme a assessoria do Conservatório, ela envolve a administração de todos os elementos que compõem a ópera: música, teatro, canto, dança, orquestra, figurinos, cenário, adereços, luz, ingressos e programas.

Também exige a colaboração de uma série de profissionais de diferentes áreas artísticas “em uma experiência cooperativa que vai desde a preparação do elenco e criação das cenas até a efetiva realização do evento”, ressaltou a assessoria.

Segundo a divulgação do Conservatório de Tatuí, do ponto de vista didático, a participação em uma produção operística traz um amadurecimento geral, “em relação à vida profissional, tanto para os ‘performers’ quanto para os que conduzem o espetáculo”.

“Cada apresentação é única em relação as suas particularidades, exigindo sempre atenção, flexibilidade e disponibilidade de ação”, destaca a assessoria.

Para os artistas que interpretam as personagens, o desafio recai sobre a complexa tarefa de encontrar relações “entre as ações da cena e a música da partitura”.

Segundo a assessoria, existem, ainda, desafios como os de “transformar os discursos cantados e rigorosamente escritos em ritmos e melodias fixadas em diálogos verdadeiramente espontâneos”.

O Conservatório destaca, também, que há a exigência de se desenvolver uma coordenação física com relação ao ato de cantar. Nesse caso, o desafio fica com a emissão do som por meio da “ressonância do próprio corpo que é o amplificador do som”. O artista também tem de “mover-se livremente, agindo e reagindo às situações da cena”.

“Junto a isso, os títulos operísticos em sua maioria são apresentados em seu idioma original, tendo o ‘performer’ que lidar com a fonética e a estrutura semântica diferentes de sua língua materna em mais um desafio para a expressividade”, analisou a assessoria.

Para os diretores, a problemática incide na criação do espetáculo e na condução da realização das cenas por parte do elenco. Eles afirmam a necessidade de entender que na ópera a música é dramática e “desenha a ação e reação das personagens”.

“A cena precisa justificar a música, bem como a música deve valorizar a cena. Mais difícil do que criar cenas que se imbriquem com a música, é tecer uma comunicação clara e objetiva com o elenco de forma a explicar ‘o que fazer’ e ‘como fazer’”, disseram os diretores por meio da assessoria de comunicação.

Segundo a professora Cristine, também é preciso encontrar soluções para as dificuldades imanentes ao ato de cantar e atuar, e motivar os artistas a executarem “sutilezas que a representação da vida humana no palco exige”. Essas sutilezas são apontadas pela professora como “tarefas que demandam concentração e sensibilidade por parte daqueles que lideram o elenco”.

“Poderíamos listar mais uma porção de desafios próprios ao processo de criação e realização de um espetáculo operístico, envolvendo também os outros profissionais de cenário, figurino e iluminação entre outros”, disse Cristine.

Para ela, a produção de uma ópera é um exercício de união de forças, “de contribuição de cada parte envolvida funcionando em constante sinergia”. “O espetáculo de ópera exige uma equipe alinhada e eficiente em direção a um único objetivo”, finalizou.