Chineses que atuam na construção civil cogitam investir no municí­pio





Maior parceiro comercial do Brasil, a China tem buscado novos mercados e Tatuí está na mira dos investidores asiáticos, conforme divulgou a O Progresso o secretário municipal da Indústria, Desenvolvimento Econômico e Social, Marcos Rogério Bueno.

De acordo com ele, o município é visto como potencial sede de uma empresa multinacional do ramo da construção civil. A companhia (que não teve o nome divulgado por conta de cláusula de confidencialidade) tem mantido conversações com a administração municipal há pelo menos um ano.

O anúncio foi feito pelo secretário como forma de resposta a críticas direcionadas ao Executivo. Na semana passada, o secretário falou sobre os números do desemprego na cidade.

Na ocasião, ele afirmou que Tatuí não vivencia uma crise, mas reconheceu haver menos geração de vagas no PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador) em comparação com outras cidades.

Para o secretário, a situação local é decorrente da desaceleração da economia e em função de crise enfrentada por duas empresas do setor metalúrgico. Bueno também disse que o panorama tem freado novos investimentos e negou que Tatuí tenha sido evitada por investidores.

“Tem sido propagado que novas empresas estão procurando cidades vizinhas e não Tatuí. Mas, eu vou explicar porque isso não é verdade e mostrar contraprovas”, declarou.

O secretário informou que, no início do mês, procurou a “Investe São Paulo” para apresentar questionamento. Bueno quis saber do órgão governamental sobre eventuais indicações que o município poderia obter para receber investidores.

“Na semana passada, tive uma reunião lá (em São Paulo). Questionei, e a resposta deles foi categórica: diante da recessão nacional, poucas empresas estão procurando o Estado de São Paulo, quanto menos os municípios”, disse.

A Investe São Paulo é uma agência de fomento mantida pelo governo paulista. Ela mantém uma “carteira de municípios” com o perfil de cada um deles. Esses dados são oferecidos aos investidores, que avaliam o potencial. “Aí, vale fazer uma comparação que diz respeito aos perfis das cidades”, pontuou.

Segundo o secretário, mesmo que um município possua mais atrativos que outro, o perfil “fala mais alto”. Em outras palavras, uma empresa do setor agropecuário, por exemplo, tende a optar por Itapetininga a Tatuí. Isso por conta das “características”.

“Algumas empresas não se estabelecem no município porque foram com a cara do prefeito. Elas foram com a potencialidade do município, preferem a cidade que atenda à necessidade delas, como foi com uma empresa de laticínio que estava se instalando em Itapetininga e não veio para Tatuí”, comentou.

Nesse caso em específico, Bueno argumentou que o empreendimento buscava integração junto à “cadeia produtiva do leite”. Segundo o secretário, por conta disso, Itapetininga é procurada por empresas como Colaso e Batavo.

“A maioria dos fornos é abastecida com lenha. Ali (Itapetininga), tem uma grande região fornecedora de eucalipto, que é matéria-prima para os fornos. Então, qual sentido de se instalar em Tatuí quando toda cadeia está lá?”, questionou.

Em contrapartida, Tatuí pode ser considerada o “centro das atenções” quando o assunto é o setor industrial. Conforme Bueno, o município recebeu visita do presidente da multinacional chinesa por esse motivo. A vinda representou uma nova etapa na fase de negociações entre a administração e os investidores.

Nesse tipo de entendimento, o secretário explicou haver uma série de etapas a serem cumpridas. A primeira delas é feita pela Investe São Paulo, que indica os municípios. Uma vez escolhidas as cidades com potencial, os investidores iniciam a etapa de visitas, para obtenção de detalhes.

O passo seguinte são encontros com representantes da empresa. No caso da China, todas as negociações envolvem, primeiro, a vinda de representantes de órgão governamental da China. Eles ficam responsáveis por analisar o potencial das cidades.

Bueno disse que Tatuí tem negociado com a China e a Coréia do Sul, por meio do Polo Industrial de Tatuí, um loteamento de indústrias montado pela Fredi Desenvolvimento Imobiliário. O empreendimento fica ao lado do aeroclube.

“Recebemos o último escalão da empresa dentro de um processo que vem acontecendo ao longo de um ano. Então, Tatuí é, potencialmente, no Estado de São Paulo e no Brasil, a cidade que os chineses querem se instalar”, citou.

As negociações anunciadas pelo secretário são consideradas prova de que o município tem se relacionado com órgãos governamentais e empresários no sentido de trazer novas indústrias. “Isso vem acontecendo, só que, devido ao sigilo das informações, nós não podemos sair divulgando”, apontou.

Em paralelo, Bueno citou que o município tem “fortalecido” os novos empreendimentos. A título de exemplo, mencionou as obras de construção da Noma do Brasil, empresa paranaense produtora de carretas.

De acordo com ele, oito empresas sistemistas vieram a Tatuí para atendê-la. São firmas que se instalam próximo ao polo onde fica a chamada “empresa mãe”. Elas atuam na fabricação de componentes que serão utilizados na montagem do produto final. No caso da Noma, a produção de carretas.

Outros investimentos também estão sendo realizados no município, conforme o secretário, que destacou a construção do Hotel Ibis e a ampliação da planta da BRF.

“Recentemente, uma empresa do setor moveleiro nos procurou para fazer ampliação da sua planta. Então, é muito improvável que empresas estejam batendo nos vizinhos e isolando Tatuí”, enfatizou.

Segundo o secretário, “empresários não enxergam somente a figura do administrador público”. Bueno ressaltou que os investidores analisam o potencial. Também há casos em que a precificação de áreas pode implicar em investimentos.

“Se, potencialmente, uma área que custe menos fica em outro município de interesse, é lógico que o empresário vai buscar o impacto menor na sua instalação. Mas, isso não significa que Tatuí esteja isolada de todo o mundo”, disse.

No entendimento do secretário, a cidade não só não está sendo preterida como é “elogiada”. Bueno afirmou que o Executivo sempre recebeu elogios por oferecer condições às indústrias (infraestrutura, educação e saúde). “Nós recebemos indicações positivas, que dizem que a cidade tem capacidade”.

Além de dispor de uma unidade do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), voltada à capacitação, Bueno enumerou que Tatuí conta com plena capacidade de abastecimento de água e fornecimento de energia elétrica. É, ainda, atendida por gás e está próxima das principais rodovias.

“A cidade é, atualmente, o sonho de consumo de qualquer empresário, mas o mercado nacional, a economia, não está permitindo que eles façam aporte”, acentuou.

Bueno frisou que os números (do desemprego apresentados na semana passada) trazem “para baixo” o desenvolvimento do setor industrial. Por esse motivo, pediu cautela à população nas conclusões sobre a situação.

Conforme ele, é preciso ponderar que o município enfrenta situação complicada. Entretanto, não está passando por uma “crise sem precedentes”. “Muitas pessoas falam como se houvesse um colapso. Espero que o povo não acredite que isso é uma crise local, é nacional”, enfatizou.

Também por conta do quadro nacional, o secretário disse que a melhoria em Tatuí dependerá de uma reforma política. “Até que isso aconteça, nenhuma empresa se atreve a investir no país, salvo as que exportam”, concluiu.