Casos de dengue recuam no 1º bimestre, mas MS pede alerta





O número de casos de dengue registrou queda de 80% no primeiro bimestre de 2014 em comparação ao mesmo período do ano passado. O Ministério da Saúde (MS) registrou 87 mil notificações entre janeiro e fevereiro deste ano, contra 427 mil em 2013.

As ocorrências graves e os óbitos também registraram diminuição de 84% e 95%, respectivamente.

O “Levantamento Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) – Mapa da Dengue” avaliou 1.459 municípios brasileiros e revelou que 321 cidades estão em situação de risco, 725 em alerta e 413 em situação considerada satisfatória.

Tatuí está entre os municípios em situação satisfatória, com um o Índice de Infestação Predial (IIP) em 0,8, quando o máximo aceitável nesta faixa é 1,0.

Em relação às capitais, o LIRAa apontou situação de risco em Belém, Palmas, Porto Velho e Cuiabá. Alerta em Boa Vista, Manaus, Maceió, Natal, Recife, Salvador, São Luís, Aracaju, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Vitória, Campo Grande e Goiânia.

Segundo dados do MS, o percentual de municípios identificados em situação de risco é, atualmente, de 22%. Em 2013, esse índice chegou a 27%.

Apesar das reduções, o ministro Arthur Chioro ressalta a importância de se manter o alerta e a necessidade de dar continuidade às ações preventivas.

“Nós não podemos ‘baixar a guarda’. Não é porque estamos conseguindo, ainda que parcialmente, um excelente resultado em relação à dengue, que deixaremos de nos preocupar nos próximos meses ou anos”, frisou o ministro da Saúde.

De acordo com o Ministério da Saúde, a região Sudeste obteve a maior redução, passando de 232,5 mil notificações para 36,9 mil. Em segundo lugar, está o Centro-Oeste, que passou de 122,8 mil para 28,2 mil.

O Nordeste teve queda de 29,6 mil para 7,9 mil; o Norte passou de 22,3 mil para 6,9 mil; e o Sul, de 20,3 mil para 6,9 mil.

Dez Estados concentram 86% dos casos registrados em 2014, segundo informações do MS. As cidades com o maior número são: Goiânia, com 6.089; Luziânia (GO), com 2.888; Aparecida de Goiânia (GO), com 1.838; Campinas, com 1.739; e Americana, com 1.692.

Ações

Em 2013, segundo informações do Ministério da Saúde, foram repassados aos municípios mais de R$ 362 milhões em recursos para incrementar medidas de vigilância, prevenção e controle da dengue.

Para o secretário nacional da Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, a baixa letalidade é resultado dessa parceria entre as áreas de vigilância e de assistência à saúde. Em 2001, foi realizado estudo sobre os óbitos por dengue para identificar as chamadas “mortes evitáveis”.

“Isso gerou um protocolo, implantado em conjunto com as secretarias estaduais e municipais de saúde, que fez com que o Brasil apresentasse uma das mais baixas taxas de letalidades da América Latina e Caribe, servindo, inclusive, de modelo para outros países que combatiam a doença só no controle do vetor, sem olhar pelo serviço de saúde”, explicou o secretário.

Outra ação do Ministério da Saúde para combater a doença é o aumento do número de municípios participantes do “Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) – Mapa da Dengue”.

Entre janeiro e fevereiro de 2014, de acordo com o MS, 1.459 municípios fizeram parte da pesquisa, o que significa aumento de 48% em relação ao mesmo período de 2013, quando 983 cidades participaram do levantamento.

A pesquisa é considerada instrumento fundamental para orientar as ações de controle da dengue, o que possibilita aos gestores locais de saúde anteciparem as medidas de prevenção.

Além de mostrar o local com maior incidência de larva do mosquito, o LIRAa revela o depósito de água onde foi encontrado o maior número de focos de mosquito. No Sudeste, os depósitos domiciliares são os maiores criadores, com 55,7%.

No Sul, Centro-Oeste e Norte, o lixo é o principal criadouro, com 52,4%, 50,1% e 43,8%, respectivamente. No Nordeste, por outro lado, o armazenamento de água é o principal criadouro, com 75,3%.

Cuidados

A principal recomendação do Ministério da Saúde é que a pessoa procure o serviço de saúde mais próximo assim que sentir os primeiros sintomas da dengue (febre, dor de cabeça, dores nas articulações e no fundo dos olhos), e não se automedique.

Para diminuir a proliferação do mosquito, é importante que a população verifique o armazenamento de água e o acondicionamento do lixo, e elimine todos os recipientes sem uso que possam acumular água e virar criadouros do mosquito.

Além disso, o MS orienta que a população cobre o mesmo cuidado do gestor local com os ambientes públicos, como o recolhimento regular de lixo nas vias, a limpeza de terrenos baldios, praças, cemitérios e borracharias.

A doença

A dengue é uma doença infecciosa, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti contaminado, que pode causar diminuição na quantidade de plaquetas, induzindo sangramento, e de leucócitos, glóbulos brancos que integram o sistema imunológico.

“Atualmente, há quatro subtipos no Brasil: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. A dengue hemorrágica é a evolução da doença por falta de diagnóstico e acompanhamento médico, ou por automedicação”, esclarece o infectologista José Ribamar Branco.

Segundo o especialista, os primeiros sintomas da doença aparecem cerca de cinco dias depois da picada do mosquito.

“Os mais comuns são febre alta, dor nos ossos e nas articulações, cansaço e moleza, dor de cabeça atrás dos olhos, tonturas, náuseas e vômitos, perda de apetite e de paladar. Após esse período, manchas vermelhas aparecem no corpo do paciente infectado”, detalha.

A dengue, segundo o infectologista, não é considerada doença de risco quando acomete uma pessoa saudável e tem o devido acompanhamento médico, mas exige cuidados em pacientes com doenças crônicas, idosos e crianças.

“Não existe um tratamento específico para a doença. São receitados medicamentos sintomáticos para combater a febre e a dor, e é feito o acompanhamento da quantidade de plaquetas e leucócitos. A automedicação pode levar o paciente ao óbito”, alerta.

De acordo com Branco, a melhor forma de prevenção da doença é o combate ao mosquito transmissor. “É preciso ficar atento e eliminar os depósitos de água parada, para evitar a proliferação do Aedes aegypti”, finaliza.