Bimestre registra 3.400 ligações ao Samu

 

Quase 60 atendimentos telefônicos por dia. Essa foi a média de ligações que a Central de Regulação do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) em Itapetininga recebeu de Tatuí nos dois primeiros meses do ano.

O serviço, em operação na cidade desde 2010, recebeu 3.444 ligações telefônicas no primeiro bimestre. Do total, foram despachadas viaturas em 1.220 ocasiões e repassadas informações pelo telefone em 1.987. Também houve casos de chamada por engano, trote e transferência de internação.

De acordo com a coordenadora da base local do Samu, Cássia Stela Rodrigues Alvares, muitos moradores ligam para ter informações sobre como proceder em casos sem urgência.

É grande o número de mães pedindo orientações sobre como proceder em casos de febre de bebês e são atendidas por médicos que trabalham na Central de Regulação de Itapetininga.

“Os pedidos de informações geram chamados, porém, não há despachos de viaturas. Muitas vezes, as pessoas somente têm dúvidas e acabam procurando a gente para saber como proceder, daí não tem necessidade de colocar a ambulância na rua”, explicou Cássia.

A coordenadora garantiu que todas as ligações são acolhidas pela Central de Regulação. Um médico plantonista analisa caso por caso e despacha viaturas conforme a necessidade.

O contato com a equipe de Tatuí é realizado simultaneamente por meio de rádio e Nextel. No caso do celular, um “link” com a localização GPS (Sistema de Posicionamento Global) é enviado para facilitar a localização do paciente.

Em casos que necessitam de médico “in loco”, a USA (unidade de suporte avançado) é enviada. A ambulância conta com enfermeiro, médico e motorista. Em casos menos complicados, é a USB (unidade de suporte básico) que conta com técnico de enfermagem e motorista.

“Temos uma equipe com 42 pessoas, entre técnicos em enfermagem, enfermeiros, médicos, funcionários da parte administrativa e auxiliares de serviços gerais. O pessoal da Saúde trabalha em escala de 12 horas e os médicos, 24 horas”, informou.

A maior parte dos atendimentos realizados pelo Samu é relacionada à parte clínica, principalmente os problemas do trato respiratório e cardíacos. Esses tipos de ocorrência somaram 361 dos 570 despachos realizados em janeiro.

Conforme relatório disponibilizado pela Secretaria Municipal de Saúde, o segundo maior motivo de despacho de viaturas são traumas, principalmente os relacionados a acidentes automobilísticos, com 90 ocorrências do tipo no primeiro mês do ano.

Em seguida, vêm os chamados para atendimentos sobre psiquiatria (56), obstetrícia (40), pediatria (22) e neonatal (1).

“Percebemos que os acidentes são mais concentrados nos horários de pico, como os da manhã, do almoço e do final de tarde. Nos finais de semana, os períodos com maior demanda do tipo são nas noites de sexta-feira e nos finais de tarde de domingo”, descreveu a coordenadora.

Conforme a coordenadora, os atendimentos relacionados a traumas são feitos, “a priori”, pelo Corpo de Bombeiros. O Samu é acionado em ocorrências mais graves e realiza o socorro em conjunto com a corporação militar.

“A demanda de Tatuí para a parte de traumas é muito grande, principalmente em casos de acidentes envolvendo motos. Então, as duas equipes trabalham em conjunto quando tem acidentes, ferimentos graves com arma branca, arma de fogo e colisões em rodovias, até mesmo por termos médicos e eles não”, apontou.

Cássia informou que a demanda varia conforme os meses do ano. No Carnaval, por exemplo, é comum a ocorrência de intoxicação por álcool. Nas férias escolares, são frequentes acidentes envolvendo crianças e, no meio do ano, casos relacionados à saúde pulmonar. No período de férias, são comuns surtos psicóticos desencadeados por problemas familiares.

De modo geral, a maior demanda do Samu é na segunda-feira, tendo como horários com maior número de chamados entre 18h e 19h. Neste período, foram contabilizadas 134 ligações. A menor demanda de janeiro foi registrada às 5h, quando houve 26 chamados.

O tempo de resposta médio registrado na cidade no mês de janeiro foi de 19 minutos. Os bairros com maior demanda são o centro, o Jardim Rosa Garcia e o Jardim Santa Rita de Cássia.

A coordenadora garantiu que o número está dentro dos parâmetros do Ministério da Saúde e do convênio regional assinado pelo Samu local.

“Tendo em vista que Tatuí está com trânsito complicado, com diversos desvios de rota, o número é baixo. Sempre quando tem alguma alteração, somos informados pelo setor de trânsito, daí fazemos reuniões com a nossa equipe para repassar os dados”, contou.

Além do trânsito complicado por conta da queda de pontes que dificultou o acesso a alguns bairros, a equipe do Samu ainda recebe trotes, principalmente de crianças e adolescentes.

Em janeiro, a quantidade se limitou a 12, número repetido no mês seguinte. Em termos percentuais, as brincadeiras beiraram 0,7% das ligações.

“O problema dos trotes é que eles acabam usando a linha e atrapalham o atendimento de quem realmente precisa, mas os médicos da Central de Regulação sabem distinguir bem esse tipo de brincadeira”, informou.

Nos últimos meses, apenas uma ocorrência de trote gerou despacho de ambulância. Em dezembro, a equipe foi deslocada para um suposto atendimento de ferimento com arma branca. No local, situado nas imediações do Cemitério Cristo Rei, descobriu-se ser “alarme falso”.

“A PM também foi chamada. Ao mesmo tempo, ocorreu um assalto em outra região da cidade e achamos que foi um trote planejado com a intenção de desviar a atenção das equipes”, declarou.

De acordo com a coordenadora, os médicos têm experiência no atendimento de urgência e emergência e são pós-graduados. Os enfermeiros contam com curso PHTLS (em inglês, suporte pré-hospitalar de vida no trauma). Todos passam por capacitação específica para o Samu no Hospital Alemão “Oswaldo Cruz”.

“Quando começam a trabalhar com a gente, eles passam pela capacitação, que dura até dois anos. Lá, eles aprendem sobre atendimentos em casos de parada cardiorrespiratória, intoxicação, traumas, acidentes domésticos, atendimento a crianças e ferimentos com arma branca e de fogo”, explicou.