Amor ao esporte motivou a Corrida Rural





No dia 31 de dezembro, será realizada a 13a Corrida Rural “Diniz Pollo”, no bairro dos Mirandas. O tradicional evento teve início em 2003, quando o esportista que hoje dá nome à prova, ao lado de alguns amigos, resolveu criar uma corrida para a população da localidade onde residia.

Apaixonado pela prática esportiva, Pollo lembra que a ideia surgiu justamente quando estava se exercitando. “A gente jogava futebol aqui, com o pessoal dos Mirandas, aí, um dia me veio na cabeça: ‘Vamos fazer uma corrida aqui’. Aí, eu peguei o pessoal, fiz as inscrições e, a partir daí seguiu”, contou.

E se engana quem pensa que o aposentado, na época com 63 anos, criou a prova para ser um dos competidores. Segundo ele, o grande prazer, sempre, foi organizar eventos para que os habitantes dos Mirandas praticassem esporte. “Nunca participei da corrida, só organizei para o pessoal mesmo”, afirmou.

Para ajudar na organização da corrida, Pollo contou com a ajuda dos quatro filhos e de alguns amigos da região. “Formei uma equipe de umas oito pessoas. Uns seguiam na corrida, outros participavam da entrega das medalhas, outros na parte da inscrição, e assim em diante”, lembrou.

Mas, apenas vontade e dedicação não eram suficientes para que o evento fosse estruturado o bastante. Para ajudar com os custos da organização da prova e as premiações para os atletas, eram necessários patrocinadores. “Desde o primeiro evento, consegui todos os patrocinadores que precisava. Por isso, também nunca precisei cobrar taxa de inscrição”, observou.

Apesar de ela ser uma iniciativa independente, o criador da Corrida Rural conta que sempre se preocupou com detalhes, desde a segurança até o transporte para os corredores que moram longe do bairro. “Tinha ônibus para buscar os atletas, fiscalização, policiamento, ambulância, eu corria atrás de tudo e conseguia tudo”.

Além do patrocínio e apoio da própria Prefeitura de Tatuí, Pollo conta que teve de pensar em como fazer para divulgar a corrida na cidade e na região, para fazer com que as pessoas participassem. ”A gente fazia uns folhetos e deixava em portas de comércio e espalhados por toda a cidade. Lá, tinha a informação de onde eles se inscreviam”.

Apesar de toda a estrutura e organização introduzidas na prova, ele conta que certos detalhes sempre foram artesanais, até por se tratar de uma corrida rural. “A placa de chegada eu mesmo que sempre fiz. A gente fazia uma faixa escrita ‘chegada’ e pendurava entre dois bambus”, recordou.

Pollo ressalta que não criou o evento pensando em nenhum retorno financeiro, e que todo o dinheiro arrecadado dos patrocinadores ia para a organização da prova, ou para a premiação dos atletas. “Teve uma vez, até, que o patrocinador ia me dar R$ 1.000 para a organização, e eu falei: ‘Não, com R$ 800 eu consigo me virar”, brincou.

Já o contrário, ou seja, gastar dinheiro do próprio bolso, ele conta que já aconteceu. “Nunca precisei gastar meu dinheiro na premiação, ou na organização, mas o dinheiro que eu gastava para ir de lugar em lugar para organizar a corrida, sempre foi meu. Mas, mesmo assim, foi sempre muito prazeroso”, garante.

Depois de organizar a corrida por dez anos, em 2012, Pollo entregou a organização para a Prefeitura, segundo ele, uma das grandes apoiadoras de seu trabalho. “Na verdade, eu só entreguei mesmo por causa da idade. Mas, entreguei de bom gosto a eles”, afirma.

Depois disso, a partir da 11a edição, o evento passou a se chamar Corrida Rural “Diniz Pollo”. Desde 2014, a nova organização implementou um chip que mede o desempenho de cada atleta.

Pollo se sente orgulhoso com o uso da tecnologia na prova em que foi pioneiro. “Acho muito bom, muito legal, mas, na época, eu não tinha condição de fazer isso por causa do dinheiro e da tecnologia, que ainda não tinha tanto”, contou.

Ele também lembra que, apesar de não ser mais o responsável pelo evento, está sempre disponível, caso precisem de ajuda. “Não tenho mais nenhum cargo, entreguei totalmente pra eles. Mas, se precisarem de qualquer coisa, podem sempre contar comigo”, afirmou.

Mesmo assim, ele comparece em todas as edições da corrida e sempre é reconhecido por tudo que fez pelo esporte da região. “Todo ano eu vou lá. Aí, eles me elogiam, tiram fotos, me entrevistam e tudo mais”, conta.

Pollo ainda completa dizendo que não perde o evento por nada. ”Este ano mesmo, vou viajar no dia 2 de janeiro, mas até o dia 31 eu não saio daqui, porque sempre acompanho a corrida”.

Apesar de ter se destacado pela criação da Corrida Rural, Pollo lembra que sempre incentivou a prática de esportes no bairro. Ele conta que montava campeonatos de futebol no bairro dos Mirandas e fazia times com os garotos da região para disputar competições na cidade.

“Antigamente, eu montava os times da região aqui, mas, hoje em dia, parece que a garotada não gosta mais tanto de jogar bola”, lamenta.

Apesar da identificação com a cidade e, principalmente, com o bairro dos Mirandas, Pollo não é tatuiano. Ele conta que nasceu em Santo André, onde morou até antes de se aposentar.

“Como me aposentei, em 1983, comprei esse sítio aqui para ficar mais sossegado. Lá, eu era ferramenteiro, trabalhei em quase todas as montadoras de carro”, conta.

Mesmo depois de aposentar-se e de deixar a organização da Corrida Rural, Pollo garante que, apesar da idade, ainda é ativo e tem muito trabalho a fazer diariamente.

“Aqui, trabalho todo dia. Sempre tem grama para cortar, sempre tem coisa para fazer. Também sou coordenador da igreja aqui do bairro. Então, sempre estou trabalhando”, revela.

Pollo pode até não participar mais da organização das corridas ou de outros eventos esportivos, mas garante que o esporte sempre fará parte da vida dele. “Eu amo esporte, acho muito importante para todo mundo. Falou de esporte, falou comigo”, finaliza.